Em 02 de dezembro de 1804, na Catedral de Notre-Dame, em Paris, Napoleão Bonaparte, na sua cerimônia de coroação como imperador, tomou das mãos do papa a coroa e calçou-a sobre a própria cabeça. Ali Bonaparte demarcava à Igreja um recado: ninguém, nem mesmo os papas, que à época coroavam os reis, estava acima dele. Embora alguns apressados achem que Napoleão foi quem inaugurou tal malcriação à Igreja Romana, na verdade, ele apenas repetiu uma ruptura que a Igreja já havia experimentado com o advento do Sacro Império Romano-Germânico. Mas isso é outra história. Como as cortes de contas do Brasil são chamadas de tribunais, os seus membros começaram a achar que são juízes e se arvoraram em lhes fazer as vezes. Como bonapartes das contas federais, os membros do Tribunal de Contas da União (TCU) começaram a enfiar coroas nas próprias cabeças, usurpando competências do Poder Judiciário. Primeiro começaram a mandar parar, ou prosseguir obras, depois se avocaram na prerrogativa de auto