Pular para o conteúdo principal

Cármem Lúcia e Almirante Barroso

Shot 003

A fala da ministra não é válida apenas para o Poder Judiciário, mas referente à República em toda a abrangência do seu significado, inclusive, no que lhe tange, ‘à nação.

O Brasil carece não somente de reformas, como as dezenas que têm sido fornidas a cada arquejo e esquecidas quando o fôlego retoma trote regular.

Precisamos nos transformar, mas isso não se faz transferindo para outrem responsabilidades ou comportamentos. Cabe a cada  brasileiro ser um sujeito ativo desta história.

Na manhã de 11.06.1865, a canhoneira de vanguarda Mearim içou o sinal de “Inimigo à vista”: era a esquadra de Solano López singrando o arroio Riachuelo, em direção às belonaves brasileiras, iniciando aquela que foi para mim, mero curioso de batalhas, a mais importante escaramuça naval da Guerra do Paraguai, a Batalha Naval do Riachuelo.

Vendo o sinal do Mearim, o comandante da esquadra brasileira,  o Almirante Barroso, a bordo da nau capitânia, Amazonas, ordenou o protocolo de ataque, à época formado por sinas içados em forma de bandeiras:

1. “Preparar para o combate!”, ordem para que a tripulação tomasse posição de sentido;

2. “Safa geral!”, ordem para que cada um assumisse seu posto na belonave;

3. “Despertar os fogos das máquinas!”, ordem para dar ignição em ponto morto.

4. “Suspender amarras!”, ordem para aliviar o navio de qualquer tipo de atracação.

E como a Mearim avisou que a esquadra paraguaia avançava sem retorno, Barroso içou, exatamente às 9h25m, o sinal de ataque que ficou famoso nas narrações românticas da história nacional como sendo seu, mas que era protocolo da Armada Imperial, como toque de atacar:

5. “O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever!”.

Shot 004

Eram 14h, já com cinco horas de combate. Barroso, para contornar o cansaço da sua esquadra, fez jus ao signo do ataque e resolveu, também, cumprir o seu dever: ordenou que a Amazonas, a sua fragata, avançasse rumo ao inimigo: içou a bandeira de “Sustentar o fogo que a vitória é nossa!” e esporou a proa da Amazonas rumo à belonave paraguaia Jejuí, atingido-a ao meio e pondo-a a pique. Em seguida repetiu o mesmo golpe de abalroamento contra mais três naves inimigas. Foi quando a esquadra de Solano López refluiu definitivamente.

Quando a Ministra Lúcia sugere que o Judiciário precisa não somente de reformas, mas de transformação e eu emendo que essa é uma necessidade do Brasil inteiro, surge como meio decisivo de transformação o comando içado por Barroso na Batalha de Riachuelo, o item 5 do protocolo. Sem ele, vamos sobrevivendo de reformas.

Comentários

  1. Tá difícil...

    ResponderExcluir
  2. Parsifal;

    O maior problema do judiciário é maior do que o próprio judiciário: a corrupção elegante.

    Há anos os desembargadores do TJ-PA engavetam ações judiciais contra o governador Simão jatene, de quem recebem certos 'favores' como desapropriações de casa em duplicata na cidade velha, sinecura empregatícia (cabide de emprego) para as filhas aspones do presidente da casa, aluguéis estratosféricos na Tupinambás, financiamento de viagens de tratamento sofisticado, etc.

    Quando são para defender o governador, socorrem em regime de plantão imediato, reprimindo greves com informações falsas.

    Não vejo como a ministra agora presidente do STF possa erradicar essa antiquíssima relação prá lá de promíscua.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Comentários em CAIXA ALTA são convertidos para minúsculas. Há um filtro que glosa termos indevidos, substituindo-os por asteriscos.

Postagens mais visitadas deste blog

Mateus, primeiro os teus

Convalescendo da implantação de um stent , o governador Simão Jatene (PSDB-PA) foi apanhado, ainda no Hospital do Coração (SP), na manhã de ontem (03), por uma desagradável matéria da “Folha de S. Paulo” reportando que “ao menos sete familiares, além da ex-mulher e da ex-cunhada” de Jatene exercem cargos de confiança no Executivo, no Legislativo e no Judiciário do Pará. A reportagem declara que, somados, os salários dos familiares do governador “ultrapassam R$ 100 mil mensais”. > Sem incidência de nepotismo As averiguações já foram matérias em blogs locais. Quando me foi perguntado se feriam a Súmula 13 do STF (nepotismo), opinei que não, o que foi agora ratificado pela reportagem da “Folha” que, ouvindo “especialistas” declarou que os “casos não se enquadram diretamente na súmula vinculante do STF”. Nenhum dos parentes ou afins relacionados pela “Folha” está a cargo de órgãos vinculados ao executivo estadual e a matéria não demonstra a existência de cargos ocupados, no Poder

O HIV em ação

A equipe do cientista russo Ivan Konstantinov arrebatou o primeiro lugar no “International Science and Engineering Visualization Challenge”, um concurso que premia imagens científicas da forma mais verossímeis e didáticas possíveis. Abaixo, a imagem em 3D do mortal vírus da Aids (HIV), em laranja, atacando uma célula do sistema imunológico, em cinza. A tática do HIV é se estabelecer dentro da célula, sem destruí-la. Na imagem abaixo foi feito um corte para mostrar o HIV já estabelecido no núcleo da célula imunológica, usando-a para se reproduzir, expelindo mais vírus que atacarão mais células imunológicas para torna-las hospedeiras, por isto o sistema imunológico do portador do HIV fica reduzido. As imagens foram retiradas do portal russo Visual Science .

Parsifal

Em uma noite de plenilúnio, às margens do Rio Tocantins, o lavrador pegou a lanterna e saiu correndo de casa à busca da parteira. Sua mãe, uma teúda mameluca, ficou vigiando a esposa que se contorcia com as dores do parto. Quando voltou com a parteira, o menino já chorava ao mundo. Não esperou: simplesmente nasceu. A parteira cortou o cordão umbilical e o jogou ao Rio Tocantins. Após os serviços de praxe de pós parto, a mãe de Ismael o chamou ao quarto para ver o filho. O lavrador entrou no quarto. A lamparina o deixou ver a criança ao peito da mãe: nascera Parsifal, pensou ele orgulhoso. O lavrador pegou uma cartucheira calibre vinte, carregou o cartucho ao cano, armou e saiu à porta. O Tocantins espreitava-lhe manteúdo. Apontou a mira da vinte à Lua e disparou: era assim que os caboclos do baixo Tocantins anunciavam a chegada de um homem à família.