Pular para o conteúdo principal

Samba de breque

shot

Eu tenho alertado que estas serão as eleições mais judicializadas da história, devido ao novo marco eleitoral e, principalmente, por conta da vedação de doações advindas de pessoas jurídicas.

Não adianta inventar, a não ser, é claro, que algum gênio consiga consignar um método inusitado para contornar a fiscalização. Fora isso, quem cair na amostragem vai ser pego de calção, pois é possível aferir até o tempo que o candidato passou pedindo o voto do eleitor.

Nas primeiras amostras, o TCU (Tribunal de Contas da União), um dos órgãos que, juntamente com a Receita Federal, auxilia o Tribunal Superior Eleitoral na fiscalização das prestações de contas de campanha, apontou “indícios de irregularidade em 1 de cada 3 doadores que contribuíram para as campanhas municipais desse ano”, ou seja, 33,3% das doações já computadas já estão no pente fino.

Dentre as principais suspeitas de irregularidades, o TCU aponta a doação feita por pessoas que “aparecem registradas como mortas ou são beneficiárias do programa Bolsa Família”.

Antigamente morto votava, agora, além de votar, faz doações para candidatos. Idem, subtende-se que o beneficiário do Bolsa Família precisa receber doações ao invés de fazê-las, portanto, os dois casos vão para a malha fina da Justiça Eleitoral.

Há casos ainda em que a gráfica que fez os impressos, a priori, “não teria a capacidade operacional de entregar os produtos, que não têm os empregados devidamente declarados ou que não aparecem registradas na Receita Federal”.

É que as gráficas imprimem milhões mas grafam apenas milhares nas tiragens e nas notas fiscais, esquecendo que imprimem para centenas de candidatos, e quando a Receita Federal faz a soma, a conta da proporcionalidade não fecha.

Caso o candidato não consiga comprovar que o morto está vivo e que o beneficiário do Bolsa Família tem posses suficientes para fazer a doação referida – hipótese em que deverá perder o benefício –, além de ter a conta rejeitada, terá o processo encaminhado ao Ministério Público para as devidas providências, que vão até a perda do mandato, caso tenha sido eleito, além das cominações penais cabíveis.

Outra singularidade é que o TSE detectou que, até agora, “51% dos 16.349 políticos que disputam as 5.568 prefeituras do País não arrecadaram nem um centavo sequer”, ou seja, ou estão na base do caixa 2 ou fazendo dívidas. Mas aí, não pesem eles que a Justiça Eleitoral não está observando o volume de campanha para apresentar a promissória quando a festa acabar.

Comentários

  1. Duvido que a Justiça Eleitoral em Tucuruí não esteja enxergando o absurdo abuso do poder econômico na campanha de um candidato apoiado pelo prefeito, numa afronta mais que escandalosa à Justiça e ao Ministério Público Eleitoral! É só olhar as filas nos postos de combustível nas vesperas de qualquer evento do tal candidato, a quantidade de bandeiras e camisas padronizadas distribuídas e o pagamento escancarado para pessoas fazerem parte do bloco nas caminhadas e reuniões.

    ResponderExcluir
  2. Francisco Márcio06/09/2016, 09:51

    Falando em política... o Sr. que já foi prefeito 2 vezes, deputado por 2 mandatos ( estou certo? ), coordenador de campanha ( derrotado, é verdade! ) ao Gov. Est. Sabe me explicar o que leva seu chefe a escolher um peso ( inamovível ) morto, como o atual candidato do PMDB à capital?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu já lhe disse que não perdemos a eleição. Houve empate: o Helder ganhou no primeiro e o Jatene no segundo. 1x1, portanto. Essa é a mesma lógica do Maluf que, ao ser perguntado, em depoimento no STF, se ela já havia sido preso, ele respondeu: “Eu não fui preso, eu fui solto, pelo STF”. E não foi?
      Quanto ao nosso candidato, todas as pesquisas de opinião, em todo o Brasil, mostravam que 82% da população queria renovação total na política, com todos “esses que estão aí”, fora e no lugar deles pessoas que nunca tiveram mandato e de “ficha limpa”.
      Como eu sempre digo que o brasileiro é bipolar, pelo andar da carruagem houve considerável mudança de opinião e vão continuar tocando a banda os “profissionais”, então, o jeito é continuarmos “profissionais”.

      Excluir
  3. Francisco Márcio06/09/2016, 14:09

    V.Exa pode ter alguns problemas, mas não de baixa auto-estima... Se V.Exa. não perdeu... quem perdeu?1?

    Fale com seu chefe para lhe dar uma chance da próxima vez. Diga pra ele que V.Exa espraia simpatia e vai ser um espoca urna. rsss

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu já lhe disse, ninguém perdeu: empatou. O fato de quem ganhar no segundo turno, levar a parada, é só um detalhe formal.
      Quanto à chance, eu não tenho a menor chance. Se o meu amigo Maneschy está com 2%,eu estaria dando apenas um hífen.

      Excluir

Postar um comentário

Comentários em CAIXA ALTA são convertidos para minúsculas. Há um filtro que glosa termos indevidos, substituindo-os por asteriscos.

Postagens mais visitadas deste blog

Mateus, primeiro os teus

Convalescendo da implantação de um stent , o governador Simão Jatene (PSDB-PA) foi apanhado, ainda no Hospital do Coração (SP), na manhã de ontem (03), por uma desagradável matéria da “Folha de S. Paulo” reportando que “ao menos sete familiares, além da ex-mulher e da ex-cunhada” de Jatene exercem cargos de confiança no Executivo, no Legislativo e no Judiciário do Pará. A reportagem declara que, somados, os salários dos familiares do governador “ultrapassam R$ 100 mil mensais”. > Sem incidência de nepotismo As averiguações já foram matérias em blogs locais. Quando me foi perguntado se feriam a Súmula 13 do STF (nepotismo), opinei que não, o que foi agora ratificado pela reportagem da “Folha” que, ouvindo “especialistas” declarou que os “casos não se enquadram diretamente na súmula vinculante do STF”. Nenhum dos parentes ou afins relacionados pela “Folha” está a cargo de órgãos vinculados ao executivo estadual e a matéria não demonstra a existência de cargos ocupados, no Poder

O HIV em ação

A equipe do cientista russo Ivan Konstantinov arrebatou o primeiro lugar no “International Science and Engineering Visualization Challenge”, um concurso que premia imagens científicas da forma mais verossímeis e didáticas possíveis. Abaixo, a imagem em 3D do mortal vírus da Aids (HIV), em laranja, atacando uma célula do sistema imunológico, em cinza. A tática do HIV é se estabelecer dentro da célula, sem destruí-la. Na imagem abaixo foi feito um corte para mostrar o HIV já estabelecido no núcleo da célula imunológica, usando-a para se reproduzir, expelindo mais vírus que atacarão mais células imunológicas para torna-las hospedeiras, por isto o sistema imunológico do portador do HIV fica reduzido. As imagens foram retiradas do portal russo Visual Science .

Parsifal

Em uma noite de plenilúnio, às margens do Rio Tocantins, o lavrador pegou a lanterna e saiu correndo de casa à busca da parteira. Sua mãe, uma teúda mameluca, ficou vigiando a esposa que se contorcia com as dores do parto. Quando voltou com a parteira, o menino já chorava ao mundo. Não esperou: simplesmente nasceu. A parteira cortou o cordão umbilical e o jogou ao Rio Tocantins. Após os serviços de praxe de pós parto, a mãe de Ismael o chamou ao quarto para ver o filho. O lavrador entrou no quarto. A lamparina o deixou ver a criança ao peito da mãe: nascera Parsifal, pensou ele orgulhoso. O lavrador pegou uma cartucheira calibre vinte, carregou o cartucho ao cano, armou e saiu à porta. O Tocantins espreitava-lhe manteúdo. Apontou a mira da vinte à Lua e disparou: era assim que os caboclos do baixo Tocantins anunciavam a chegada de um homem à família.