Há uma semana a imprensa repisa os anos em que o Brasil viveu uma ditadura. A alusão se dá na esteira do aniversário dos 50 anos do golpe que institui, em 31 de março de 1964, o regime militar, que alguns entusiastas da exceção insistem em chamar de revolução, porque teve apoio de alguns civis. Todo golpe militar conta com apoio de parte da população civil. Tentar destituir a nomenclatura do golpe de 1964 pelo apoio civil que ele teve é uma falácia tão inútil quanto tentar escrever, ou reescrever, a história daquela época instalando “comissões de verdades”: queremos enganar quem com as verdades dessas comissões? Delas pode até sair alguma novela romântica, mas a história do que foi a ditadura no Brasil jamais será contada na sua plenitude, antes porque os principais protagonistas vivos se impuseram um obsequioso e conveniente silêncio, e os que já foram queimar no inferno para lá conduziram as ocorrências que todo regime de exceção embarca, desde a supressão das liberdades individu...