O mais recente capítulo da Lava Jato, escrito pelos irmãos Batista, não traz nada de novo, mas apenas mais do mesmo: o conluio generalizado das alcovas da política com o empresariado nacional.
A democracia brasileira era, e talvez o verbo ainda deva ser conjugado no presente, loteada pelo capital que se ergueu tendo como meio de alavancagem de negócios a corrupção.
Os irmãos Joesley e Wesley Batista foram alvos de ao menos cinco operações da Polícia Federal em menos de um ano. A mais recente delas, a Operação Bullish, tenta desenfronhar os tentáculos dos Batista dos cofres do BNDES, onde a JBS, teria causado prejuízo de R$ 1,2 bilhão.
Em outras operações, a Sépsis, a Greenfield e a Cui Bono, os irmãos Batista são investigados por terem pagado propina para liberar recursos do FGTS e para que fundos de pensão de estatais investissem em suas empresas.
A JBS é uma das empresas de maior destaque na malfadada operação Carne Fraca, onde seus executivos são acusados de mudarem datas de validade de seus produtos e terem montado uma rede de corrupção entre frigoríficos e fiscais para acelerar a liberação de produtos.
Em se considerando estas estripulias, assim como a Odebrecht e outras empreiteiras do feitio, os irmãos Batista não comandam um grupo empresarial, mas uma organização criminosa, que estoca poder econômico e político corrompendo as estruturas institucionais do Brasil.
O valor em propinas confessadamente pagas pelos irmãos Batista, cerca de R$ 2 bilhões – só nas eleições de 2014 foram 1,4 bilhão - é maior do que aquelas confessadas pela Odebrecht, 1,68 bilhão.
Mas assim como a Odebrecht, os valores auferidos pelos Batista, pelo pagamento das propinas, foram extremamente compensatórios: em 2007 o faturamento do grupo era de R$ 4 bilhões e em 2016 esse faturamento já estava na casa dos R$ 170 bilhões e para essa alavancagem o BNDES concorreu com mais de R$ 5 bilhões, além de, através do seu braço empresarial, o BNDESpar, ter comprado, em 2010, R$ 7,5 bilhões em participação acionária no JBS.
Depois de toda essa gatunagem, para se verem livres das mãos da Justiça, os Batista aceitaram pagar ao erário meros R$ 250 milhões e entregar todos os que, por suposto, corromperam, além de gravar o presidente da República sussurrando inaudibilidades em um porão do Palácio do Jaburu.
A desfaçatez da proposta de delação premiada dos irmãos Batista só não foi maior do que a ousadia do pronto atendimento da Procuradoria-geral da República, que aceitou a proposta e ainda parcelou o pagamento dos R$ 250 milhões em 10 anos!
Independentemente de quem tem culpa no cartório, os irmãos Batista as têm em mesma proporção e não deveriam sair da arapuca em que meteram o país em poltronas de primeira classe para os seus apartamentos na 5ª Avenida, em Nova York, com um mero pedido de desculpas.
Pela parte que me cabe, não aceito o pedido de desculpas, a não ser que ele venha acompanhado de um comprovante de depósito de R$ 17 bilhões à conta do Tesouro Nacional, o que equivale a 10% do faturamento do grupo em 2016.
Parabéns pela lucidez do texto, Parsifal. Quem fez traficâncias de quaisquer espécie, que pague à luz da Lei. Mas tem coisa errada, que não encaixa nesse episódio da JBS. A OAS, com faturamento de 5 bilhões 50 milhões de multa. A JBS, sabe-se lá por quais critérios, teve arbitrada uma multa de 220 milhões aos dois irmãos Batista, isso sob um faturamento de 170 bilhões. Não soa razoável, e chancela a percepção de que o crime compensa. Quanto à rusga, a fixação, talvez a tara do Janot em pedir a prisão do Aécio, o que ele não fez quando Lula e Dilma claramente obstruíram a Justiça no caso do Decreto que nomearia o ex-presidente para um cargo que lhe daria foro privilegiado, no tal e episódio " tchau, querida ", onde estava a verve do doutor Janot? Não acho que ninguém, de Aécio a Zarattini, percorrendo todo o alfabeto da canalhice deva ser poupado da depuração que se faz necessária na política, mas desde o início tem algo que não se encaixa nesse quiproquó todo. Mas que fique claro que quem foi pego com a boca na botija, que arque com as consequências. De A a Z, indistintamente.
ResponderExcluirEsse teatro protagonizado pelos Batista, o Rodrigo Janot, com participação do Ministro Fachin, mostra efetivamente que o poder mais corrupto do país é o judiciário, que além de corrupto é cara de pau.
ResponderExcluiruma vergonha esse acordo, feito com os batista.nao e possivel que esses gatunos metam a mao no dinheiro publico a vontade.e saiam livres. como eles sao ardilosos nao duvido,se essa delaçao nao foi azeitada com o modo operante dos batista.
ResponderExcluirPara mim a desarticulação das quadrilhas do Aécio é do Temer não tem preço, se não houvesse acordo os dois chefões teriam continuado com suas atividades criminosas e os prejuízos seriam maiores. Dos males o menor, para mim valeu a pena.
ResponderExcluirPensei que já tinha visto tudo nesta vida.
ResponderExcluirOs integrantes da Lavs Jato são herois ou bandidos dependendo de quem eles investigam e prendem. Diante disso só temos uma certeza: Ninguém consegue agradar a todos e a hipocrisia e passionalidade são regras na politica no Brasil. No Caldeirão de ódio e interesses em que se tornou o Brasil a razão se tornou excessão e persona non grata.
ResponderExcluirnão se fala quanto o bndes pagou pelas ações que comprou das empresas, não se fala qual seria o diferencial entre os juros pagos nos emprestimos do bndes e os juros de mercado para uma empresa como ela. Em principio, eles deveriam pagar esse diferencial no caso dos emprestimos obtidos com suborno.
ResponderExcluirEu gostaria que a imprensa fosse mais detalhista.