O juiz federal Marcos da Silva mandou soltar ontem (26), os últimos três alvos dos 37 que foram presos por conta da Operação Carne Fraca.
Mas isso não significa que a operação se transformou em churrasco, pois, segundo as paredes, três dos alvos estariam em negociação para assinar um acordo de delação premiada.
Daniel Gonçalves Filho, ex-Superintendente Regional do Ministério da Agricultura no Paraná, o principal alvo do esquema, e seu filho Rafael Nojiris Gonçalves, seriam dois dos três prováveis delatores.
As baixas policiais que a Carne Fraca deflagrou e as repercuções judiciais e políticas que poderão advir são pontuais. O estrago maior continua sendo na área econômica.
Segundo Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o prejuízo do setor uma semana após a operação é de aproximadamente US$ 130 milhões (R$ 442 milhões) por conta do fechamento da maioria dos mercados importadores. Os únicos países que suspenderam as restrições foram, até agora, a China, o Chile e o Egito.
No Brasil, o governo federal determinou que dois ministros fechassem a boca:
1. O ministro da Justiça, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), apanhado em uma das escutas, em gravação de nenhuma implicação criminal, mas de desconforto político, principalmente depois que a ex-ministra da Agricultura, senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), pronunciou-se afirmando que Serraglio pediu à ela que não exonerasse Daniel Gonçalves Filho da Superintendência Regional do Paraná.
2. O ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP-MT), que logo após a operação dedicou-se mais a desancar a Polícia Federal do que a esclarecer o cenário ao consumidor doméstico e tomar as providências consequentes que o episódio requeria.
E, ao notar que estava andando em círculos com as impropriedades de Maggi, o governo federal pronto saiu do estado catatônico e dividiu a reação em duas frentes:
1. Conversas do próprio presidente da República, Michel Temer, com os mandatários dos principais importadores de carnes do Brasil, o que culminou, no final da semana que passou, com a suspensão da restrição de importação pela China.
2. Medidas efetivas a nível doméstico, como o recolhimento, nos supermercados e onde estivessem sendo comercializados, dos produtos dos frigoríficos autuados ou interditados, afim de dar segurança ao consumidor que o produto que ele leva para casa é de boa qualidade.
O ministro da Agricultura, não podendo mais sair esculhambando a PF por aí, resolveu seguir a linha “marquetológica” do prefeito de São Paulo, João Dória, que se fantasia de qualquer coisa para uma foto.
Fantasiado de magarefe de frigorífico (foto abaixo), Blairo Maggi roda esses estabelecimentos pelo Brasil, à guisa de garoto propaganda da Carne Forte.
Esta nossa sociedade performática faz espetáculos cada vez mais deprimentes.
ResponderExcluirA quem interessa uma crise no setor agropecuário brasileiro? Fica o questionamento.
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