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Odebrecht diz ter feito vaquinha de R$ 50 milhões para pagar Aécio Neves

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A grande imprensa, ao que se lê, desistiu do senador Aécio Neves e deve procurar outro tucano para chamar de seu.

As doses reveladas da participação de Aécio em apoquentações ao erário se têm tornado cada vez menos homeopáticas e a última delas, ministrada pela Folha de S. Paulo, coloca o senador tucano no telhado.

Reporta a Folha que o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht “e outros executivos do grupo” delataram que a Odebrecht e a Andrade Gutierrez fizeram uma vaquinha para pagar R$ 50 milhões ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) “após vencerem o leilão para a construção da hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia, em dezembro de 2007”.

Segundo os delatores a Odebrecht “se comprometeu a pagar R$ 30 milhões, enquanto a Andrade Gutierrez se encarregou dos R$ 20 milhões restantes”.

Diante da espécie causada nos procuradores que colheram as delações, do interesse das empresas em pagar Aécio Neves, à época do leilão de Santo Antônio (2007) um dos principais nomes da oposição ao governo petista, que bancava a obra, os delatores explicaram que Aécio Neves, como governador de Minas Gerais, “tinha sob seu comando uma das empresas que integravam o consórcio que ganhou a disputa, a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais)”.

Ainda, segundo os delatores, mesmo em oposição ao governo federal, Aécio Neves “mantinha influência sobre o principal investidor da usina de Santo Antônio, a empresa Furnas”.

As explicações dos delatores da Odebrecht vão ao encontro do que já haviam afirmado o ex-deputado Roberto Jefferson, o ex-senador Delcídio do Amaral, o ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu, o doleiro Alberto Youssef e o lobista do PT, Fernando Moura, preso na Lava Jato.

Todos afirmaram que Aécio Neves negociou com Lula, em troca de apoio do PSDB no Congresso para algumas medidas do executivo, uma diretoria de Furnas.

O lobista Fernando Moura, em sua delação ao MPF de Curitiba, afirmou que o “presidente do PSDB e senador Aécio Neves (MG) era o cabeça de um esquema envolvendo distribuição de propina nos mesmos moldes instalados na Petrobras, mas em Furnas”.

Moura deu o nome do diretor indicado por Aécio Neves para Furnas: Dimas Toledo. E deus os detalhes de como a propina de Furnas era distribuída ao PSDB: “É um terço São Paulo, um terço nacional e um terço Aécio”.

Aécio Neves, ouvido pela Folha, limitou-se a dizer que as acusações são inverídicas.

Se a Folha fosse ouvir FHC, com certeza o ex-presidente iria sugerir que as “contribuições” não foram para enriquecimento pessoal, mas para fazer campanhas.

Comentários

  1. A caminho do brejo
    Cora Ronái
    A sociedade dá de ombros, vencida pela inércia
    Um país não vai para o brejo de um momento para o outro — como se viesse andando na estradinha, qual vaca, cruzasse uma cancela e, de repente, saísse do barro firme e embrenhasse pela lama. Um país vai para o brejo aos poucos, construindo a sua desgraça ponto por ponto, um tanto de corrupção aqui, um tanto de demagogia ali, safadeza e impunidade de mãos dadas. Há sinais constantes de perigo, há abundantes evidências de crime por toda a parte, mas a sociedade dá de ombros, vencida pela inércia e pela audácia dos canalhas.
    Aquelas alegres viagens do então governador Sérgio Cabral, por exemplo, aquele constante ir e vir de helicópteros. Aquela paixão do Lula pelos jatinhos. Aquelas comitivas imensas da Dilma, hospedando-se em hotéis de luxo. Aquele aeroporto do Aécio, tão bem localizado. Aqueles jantares do Cunha. Aqueles planos de saúde, aqueles auxílios moradia, aqueles carros oficiais. Aquelas frotas sempre renovadas, sem que se saiba direito o que acontece com as antigas. Aqueles votos secretos. Aquelas verbas para “exercício do mandato”. Aquelas obras que não acabam nunca. Aqueles estádios da Copa. Aqueles superfaturamentos.
    Aquelas residências oficiais. Aquelas ajudas de custo. Aquelas aposentadorias. Aquelas vigas da perimetral. Aquelas diretorias da Petrobras.
    A lista não acaba.
    Um país vai para o brejo quando políticos lutam por cargos em secretarias e ministérios não porque tenham qualquer relação com a área, mas porque secretarias e ministérios têm verbas — e isso é noticiado como fato corriqueiro da vida pública.
    Um país vai para o brejo quando representantes do povo deixam de ser povo assim que são eleitos, quando se criam castas intocáveis no serviço público, quando esses brâmanes acreditam que não precisam prestar contas a ninguém — e isso é aceito como normal por todo mundo.
    Um país vai para o brejo quando as suas escolas e os seus hospitais públicos são igualmente ruins, e quando os seus cidadãos perdem a segurança para andar nas ruas, seja por medo de bandido, seja por medo de polícia.
    Um país vai para o brejo quando não protege os seus cidadãos, não paga aos seus servidores, esfola quem tem contracheque e dá isenção fiscal a quem não precisa.
    Um país vai para o brejo quando os seus poderosos têm direito a foro privilegiado.
    Um país vai para o brejo quando se divide, e quando os seus habitantes passam a se odiar uns aos outros; um país vai para o brejo quando despenca nos índices de educação, mas a sua população nem repara porque está muito ocupada se ofendendo mutuamente nas redes sociais. Enquanto isso tem gente nas ruas estourando fogos pelos times de futebol!!!

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