Finalmente a imprensa está mostrando os equívocos que são embarcados nas grandes operações da PF, que cumpre o seu papel, mas encapa o caderno com muito estardalhaço, coisa que venho dedilhando aqui desde há muito.
A mudança de tom que a imprensa adotou nas reportagens da Carne Fraca é prova da força do poder econômico, que reagiu com competência na mitigação do estrago no seu ecossistema.
O tom agora adotado é, idem, o mais perfeito índice de que em outras operações da PF as mesmas precipitações podem ter ocorrido, pois se tornou praxe na instituição passar cinzel em diálogos telefônicos para que eles caibam no encaixe que o processo investigatório não preenche.
Isso não significa que a talhadeira não tenha dado a forma que o fato investigado teria, mas quando a ponta do ferro é nos quartos dos políticos a repercussão segue a procissão sem nenhum cuidado com o andor.
Ao contrário, quando a incandescência pousa na venta do poder econômico, e esse faz observar que é anunciante de escol e ainda aumenta a verba, jamais houve dantes na história do Brasil uma releitura tão rápida e tão diversa da imprensa, a ponto de em 24h a Polícia Federal, nas tintas, se tornar de guardiã do estômago nacional em uma atabalhoada vilã da balança comercial.
O governo federal, com o mesmo afã, e obviamente em uma investida de Estado, pois é fato que a reputação internacional da carne brasileira, conseguida a duras penas, está sob ataque devido a generalização que o mal enjambrado anúncio da operação Carne Fraca causou, destacou o Ministro da Agricultura para atacar a Polícia Federal em uma tática de governo de uma só mão, pois, ao mesmo tempo em que o governo faz o legítimo jogo dos exportadores, não dedica a mesma expediência para defender o consumidor doméstico, que paga a maior parte da conta, eis que as exportações não chegam à terça parte do consumo interno.
E aí se nota a diferença entre a mentalidade político-administrativa europeia e a brasileira: todos os pronunciamentos europeus que investem contra a carne brasileira colocam em evidência a defesa do consumidor final, enquanto todos os movimentos que o governo nacional fez até agora colocam em evidência a salvaguarda da exportação tão somente, e o consumidor que se vire para entender o que é ácido ascórbico.
Só apelar por confiança não é o suficiente, antes porque, na atual conjuntura, o cidadão dá menos valor aos políticos, e aos seus agregados, do que a um quilo de carne vencida. O que o governo precisa fazer domesticamente são ações efetivas que demonstrem à população que o que ocorreu nos locais indicados pela PF não é um padrão que, mesmo esparsamente, se pode estar repetindo alhures.
A policia Federal vem prestando um desserviço a nação neste caso sa carne e de tantos outros casos com a pirotecnia midiática. Pela vivencia em negócios no Brasil, posso afirmar que é muito provável que as poucas plantas industriais fragadas na operação carne fraca, na sua grande maioria, a corrupção é imposta pelo esquema de fiscalização, que impõem o erro, criam a dificuldade para vender a facilidade. Como acontece em todas os segmentos da economia, quando o estado é o cliente ou o setor é controlado pelo estado em termos de fiscalização de normas e procedimentos. Quem quer trabalhar certo, está fora do mercado, para permanecer, tem que entrar no sistema corrupto. A policia federal como está precisa ser reformulada, ou extinta.
ResponderExcluirO “espetáculo midiático” e a responsabilidade social da operação “CARNE FRACA”
ResponderExcluirSr. Osório há controvérsias...
Ao se comprovarem as acusações de venda de produtos contaminados, quimicamente manipulados com substâncias nocivas à saúde ou corrupção de agentes públicos e privados, quais devem ser e contra quem devem incidir as sanções legais?
De um lado, há os que julgam imprescindível a penalização das empresas, por degradarem o meio ambiente, explorarem trabalhadores, cometerem crimes contra a população etc. etc.
De outro, há os que entendem que empresas devem ser as penalizadas – com bloqueio de acesso a créditos oficiais, veto a compras governamentais, não emissão de certificados de qualidade, boicote aos produtos e tudo o mais. Porém, neste caso, implicaria não apenas a quebra destas, mas de toda a cadeia do agronegócio, que vai do pequeno produtor, rede de fornecedores de insumos, equipamentos e tecnologia, indústria de grãos, milhares de empregos e, principalmente, tecnologia acumulada ao longo de décadas
Seja como for, o estrago está feito, seja nas exportações brasileiras ou no agronegócio, ou seja,na barriga do consumidor brasileiro, porque a carne estragada quem come é o brasileiro mesmo, e de há muito tempo, não é de agora não, e só veio à tona porque foi uma operação de uma PF e MPF... Daí porque ação da Polícia Federal e Ministério Público é sim, da maior importância para o bem da exportação brasileira e consumidor brasileiro... A Polícia Federal e Ministério Público cumpriram seu papel de investigar esse caso danoso em todos os sentidos, inclusive à imagem do Brasil...
O que o governo deve ter, é mãos fortes para punir os verdadeiros culpados, sejam donos, acionistas, técnicos e responsáveis por essa sequência produtiva e má produção. Punidos com afastamento da direção dos negócios, multas, arresto de bens e prisão, de acordo com a legislação vigente. E, se possível, intervenção oficial ou estatização dos negócios...
O que não se pode é deixar-nos refém de bandidos e canalhas que infestam este país, ou, ficarmos à mercê de empresários nem sempre honestos, que se fecham em seus cartéis e deixam a população com as migalhas e com as carniças, literalmente...
Com base no texto disponível emhttp://www.revistaforum.com.br/blogdomaringoni/2017/03/20/vinte-reflexoes-sobre-a-carne-fraca/