Eis que vaza à imprensa o primeiro anexo da delação premiada de um dos 77 executivos da Odebrecht. São 82 páginas, com a marca d’água “Documentação Sigilosa entregue ao MPF”: trata-se da delação do ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho.
Já é praxe esses “documentos sigilosos” vazarem e o MPF não tomar providência alguma para apurar o crime.
Embora a imprensa tenha usado as tintas para colocar nas manchetes os delatados do PMDB, como Renan Calheiros, Moreira Franco, Eduardo Cunha, Eunício Oliveira, Romero Jucá, Geddel Vieira Lima e o próprio presidente da República, Michel Temer, o anexo lavra delações em desfavor de mais de 20 políticos dos mais diversos partidos, dentre eles o atual presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o atual prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), ex-senador tucano que arrostava aos quatro cantos do Senado contra a corrupção do PT.
Embora Melo Filho distribua excremento nas principais salas do Congresso Nacional, a parte mais vultuosa da moeda, segundo ele, depois do PT, tinha destino na cúpula do PMDB do Senado e da Câmara Federal, o que guarda lógica estratégica, já que os dois partidos, além de então deterem a primeira e segunda maior bancada do Parlamento, eram os principais consorciados do governo.
No Senado, delata Melo Filho, o comando das negociações com a empreiteira era formado pelo triunvirato Romero Jucá (PMDB-RR), a quem foi entregue, “ao longo dos anos”, R$ 22 milhões, Renan Calheiros (PMDB-AL) e Eunício de Oliveira (PMDB-CE).
Na Câmara Federal, segundo o delator, outro triunvirato tinha o comando do PMDB: o então deputado federal Michel Temer (PMDB-SP), Eliseu Padilha (PMDB-RS), atual Ministro-chefe da Casa Civil e Moreira Franco (PMDB-RJ), atual ministro de Estado da secretaria de Parcerias de Investimentos.
Como eu já postei aqui, como as principais lideranças do PT, e o próprio partido, já estão transformados em cinzas pela Lava Jato, em não havendo maiores repercussões midiáticas ou populares sobre lideranças de outras siglas, e em sendo o PSDB intocável na sua forma, a bola da vez seria o PMDB.
Eis, portanto, o portal se abrindo rumo àquele que é o maior partido do Brasil. Vejamos como, e em que rumo, a jurupoca pia.
Para ler o inteiro teor da delação de Melo Filho clique aqui.
ResponderExcluirParsifal;
Nas palavras da presidente do STF, "ou democracia (confiável) ou a guerra"... e eu já estou me preparando para a segunda opção. Acho que o Rio de Janeiro deveria sair na frente e se insurgir contra o governo. Não se pode esperar nada deste mar de corruptos governando o Brasil. Me diga como dialogar com políticos tão sujos e tão cínicos quanto o Jucá, o Renan e o Padilha? Para esses só existem duas alternativas: a primeira seria 15 anos numa prisão de segurança máxima, a segunda seria a deportação para o planeta marte.
Tudo isso pode ser conseguido na democracia. A Dilma foi eleita na democracia e sofreu impeachment na democracia; os parlamentares aos quais você se refere foram eleitos na democracia foram eleitos na democracia e poderão sofrer as penas da lei na democracia. Podem não mais serem eleitos, também, na democracia. A democracia pode até deportá-los para Marte, pois é na democracia que o mundo tem sossego para os mais significativos avanços tecnológicos.
ExcluirÉ a democracia, também, a única opção para termos cidadãos educados politicamente, para saberem votar com lucidez, pois esta é uma das vantagens da democracia sobre a guerra: liberdade de expressão, exatamente o que estamos exercendo neste momento aqui.
Seu Parsifal. Não de hoje, coloco aqui com a ousadia de um homem de poucas letras, o que penso sobre a zorra que tem se tornado a política e os políticos no Brasil. E isso, verdade seja dita, só possível pela democracia, que se não é um sistema perfeito, não se tem notícia de algo melhor. Pois bem. Desde o Mensalão, Partidos queriam a todo custo esconder e inocentar seus bandidos de estimação. Não rolou. Cabeças coroadas foram condenadas, ironicamente juntas com o Capitão do Time, Zé Dirceu, como o Lula o distinguia. Como desmantelo pouca é bobagem, e a presunção da impunidade é algo que não se deve desprezar, aumentou-se o arco de todo tipo de fraude, burla de Licitações, ou mesmo a encenação delas deram origem ao Petrolão e seus desdobramentos, posto que as empreiteiras, verdadeiras eminências pardas, são onipresentes em maracutaias de arrepiar até o Marquês de Sade, que seria apenas um transgressor menor. Agora que nó está apertando, surge a delação da Odebrecht com uma fauna, digamos assim, vasta, rica - com a deliberada intenção do trocadilho infame - e nem tanto santa. Que o pau que tem dado em Chico dê sonoramente também em Francisco. Ou se faz assim, ou vamos voltar às tentativas de proteger os bandidos de estimação. O PT fez isso e se ferrou. Não custa lembrar que também estão na bica revelações sobre Belo Monte e mesmo, Calicute, Zelotes, BNDES, Fundos de Pensão e afins. Ou se faz algo correto, de se ter coragem de expurgar os nacos podres do sistema, ou não demora, surge outro escândalo. Na verdade, parece mesmo que os escândalos têm um certo calendário cíclico. Com os políticos que temos, nem é bom duvidar. Não é possível tolerar, não é razoável aceitar que processos contra políticos e pessoas ricas hibernem na mais alta Corte da Justiça por anos a fio. Justiça assim não se faz respeitar e isso é análogo a todas instâncias. Não se pode respeitar um sistema que tem uma geringonça chamada Foro Privilegiado, voto obrigatório e prisão especial para quem tem curso superior. Quem tem curso superior, por ter frequentado uma faculdade e ter uma formação acima da média da população do país, deve saber muito bem discernir entre o certo e o errado. Sem radicalismos, a prisão nesses casos deveria até ser mais dura. Somos um país onde advogados estrelados ao defenderem seus clientes do às vezes indefensável, recorrem a uma retórica rebuscada e já repetitiva - advogado é bicho tinhoso - não vão ao cerne do problema e partem para desqualificar os Juízes, Promotores e Procuradores, mesmo sabendo os distintos causídicos que a esmagadora maioria da população endossas as ações de punição a esses bandidos até então inatingíveis. A população sabe que ninguém está acima da Lei e está indo às ruas cobrar isso e isso vale para TODOS. Ou se faz justiça, ou se permite a barbárie. A primeira opção é bem melhor.
ResponderExcluirE Vossa Excelencia ainda era contra novas delacoes na lava jato. O show nao pode parar.
ResponderExcluirNunca fui contra novas, e nem velhas delações da Lava Jato. Sou, e continuo sendo, contra a forma como elas têm sido conseguidas, através de prisões que se tornam ilegais pelo tempo, sem condenação prévia.
ExcluirPrisão para conseguir delação é uma ilegalidade. Se a única maneira de fazer justiça contra quem feriu a lei é ferir a lei, então o problema do país está muito além da Lava Jato.