Na quarta-feira (23), a 8ª turma do TRF-4 absolveu, por unanimidade, dois ex-executivos da OAS que haviam sido condenados pelo juiz Sergio Moro na Operação Lava Jato: o ex-diretor financeiro Mateus Coutinho de Sá e o engenheiro civil Fernando Augusto Stremel Andrade.
O TRF-4 absolveu os dois por absoluta falta de provas do que lhes foi imputado na 7ª etapa da Lava Jato. Na operação, Fernando Andrade foi conduzido coercitivamente à Curitiba e liberado após depoimento, mas Mateus de Sá foi mantido preso por 9 meses.
A Polícia Federal chegou, ao seu estilo, na residência de Mateus de Sá, 36 anos, e o arrebatou na presença da esposa e da sua filha de 6 anos de idade, não sem antes revirar todo o local em busca e apreensão.
Juntamente com outros executivos da OAS Coutinho foi levado para Curitiba, mas antes apelou à esposa que não fosse visitá-lo e resguardasse a criança, pois era totalmente inocente e logo voltaria para casa.
Coutinho foi colocado em uma cela na qual estavam outros presos de outras etapas da Lava Jato, e muitos, devido à convivência nas articulações dos arcabouços da República, já se conheciam entre si, mas nenhum deles conhecia Coutinho, e vice-versa, a ponto de um dos empreiteiros presos ter dito que Coutinho “não era daquele mercado”.
Segundo matéria do jornalista Wálter Nunes, na carceragem havia apenas um beliche, e como Coutinho era o mais novo da turma, dormia num colchonete no chão. Os companheiros de cela o descreviam como sociável, equilibrado e simpático.
Mas o logo que Coutinho sugeriu à esposa que voltaria, durou bem mais que o imaginado, e no quarto mês de prisão ele começou a sofrer de depressão, com saudades, principalmente da filha, no que foi ajudado, por um agente da PF, Carlos Henrique, formado em psicologia, que sempre tentava animá-lo.
Esse agente merece uma medalha, pois, pelas próprias circunstâncias da profissão, policiais costumam ter no lugar do coração uma pedra.
No sexto mês sem ver a filha, Coutinho cedeu a si mesmo e pediu à esposa que a trouxesse. E, conta mais uma vez o jornalista Wálter Nunes, não teve quem não se emocionasse ao ouvir o grito de alegria da criança ao ver o pai.
Ao cabo de 9 meses preso, Coutinho teve, em apelação ao STF, o seu decreto de prisão relaxado e foi enviado para prisão domiciliar, com uso de tornozeleira, de onde soube da sentença de condenação a 11 anos de prisão, mesmo sem ter sido produzida nenhuma prova sobre a sua participação na Lava Jato.
Coutinho passou nove meses preso, perdeu o emprego, perdeu a esposa, perdeu a autoestima, desenvolveu um processo depressivo na cadeia, teve uma tornozeleiras atada à perna, ficou depressivo de novo quando foi publicada a sua condenação a 11 anos de prisão, gastou todas as economias com os custos do processo e depois disso tudo foi declarado inocente.
A absolvição, no entanto, não tem o poder de rebobinar a fita da sua vida, devolvendo-o àquela manhã da sexta-feira 14 de novembro de 2014, quando ele entrou no turbilhão da Lava Jato, sem nunca ter contribuído para o esguicho.
Seria de bom alvitre se ele resolvesse acionar a União, cobrando reparação pelas perdas e danos materiais e morais que sofreu. Pelo menos pecuniariamente ele poderia ter algo para recomeçar.
AIDS, MITO OU UMA CRUELDADE CAPITALISTA?? https://www.youtube.com/watch?v=njWNPyK0g00
ResponderExcluirLi essa matéria na Folha. Fiquei consternado com tudo que foi relatado, tomara que isso sirva para que os persecutores da lei tirem da gaveta as aulas de presunção de inocência. Esse açodamento traz muitos malefícios. Qual valor pecuniário vai reparar as perdas sofridas?
ResponderExcluirConsternação, é o sentimento quando tomamos conhecimento de tamanha idiotice. Deveria acionar a união e que alguma forma, o aprendiz de Robin Wood, o tal de MORO, arcasse pessoalmente com os prejuízos materiais e morais sofrido pelo profissional.
ResponderExcluirO medo da lei para enquadrar juiz ser aprovada.os caras destroem diariamente a vida de muitas pessoas.
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