Embora eu não me rejubile com a prisão de ninguém – nos tempos da ditadura passei um dia preso e a sensação é péssima –, na atual conjuntura, em que a prisão de quem passou pelo atalho da Lava Jato é imperativa, a liberdade de Cunha era um ponto fora da curva, portanto, eis que o ponto volta à curva.
O braço do Estado caiu sobre Cunha quando ele, em Brasília, praticava um hábito que eu pratico, via de regra, todos os dias: tomava um café com pão e manteiga na padaria.
Destarte o fundamento lavrado por Moro para determinar a prisão preventiva de Cunha tenha sido o “perigo” que ele representa ao processo em ficando livre, inclusive com “possibilidade de fuga do Brasil”, a razão essencial do decreto é a mesma de todas as outras prisões efetuadas até agora: ou delata ou apodrece na masmorra.
Por isso, e sabendo que Cunha não é do tipo que morre calado, faltou fôlego a muitas pernas em Brasília, com receio do que lhe poderá sair à boca se ele começar a perder a linha do horizonte de vista.
É certo que Cunha sabe, com riqueza de detalhes, das mais obscuras histórias da República contemporânea, portanto, até quem não deve se coloca a temer, pois a esteira da Lava Jato se tornou em um folhetim das alcovas nacionais, que ainda precisa ser contado com liberdade literária. E se alguém tem letras para encher vários capítulos é Cunha.
Não mais há muita coisa a ser delatada sobre os entremeios da Lava Jato. A turma atrás das grades só está ali para confirmar o que os investigadores já sabem, mas o sabido precisa da chancela da delação, e essa chancela não pode vir do bedel da Petrobras.
Por isso, segundo o pessoal que ouve as paredes, hoje pela manhã, um procurador da República, ao ser indagado se seria aceita uma delação de Cunha, respondeu que “só se ele cuspir sangue”.
Bem, se o soco no estômago for bem aplicado, ele cospe.
Será que a crise bateu à porta da Globo que não está dando para abastecer seu globocop. Talvez isso justifique a ausência de filmagem do momento em que o japonês da federal pôs as mão em Eduardo Cunha. Não se pode alegar que esse fato seja irrelevante, visto que as prisões de autoridades de menor escalão tiveram transmissão ao vivo e a cores. O horário da prisão, por volta das 13 horas, coincidia com o telejornal da tarde, mas não mostraram nada. Ou será que isso foi o ensaio para a prisão de outro ex.
ResponderExcluirV.Exa só teve experiência 1 dia de prisão? Sabendo que V. Exa é um dos manda chuvas aqui no Para, do PMDB. Sabendo que, às alcovas relatam sobre Belo Monte... creio que V.Exa pode aumentar essa experiência ( ainda que indevidamente)... Vamos arrumar a mala?
ResponderExcluirSe o seu fetiche é me ver preso, torça por outro motivo.
ExcluirRelaxe, não tenho fetiche. E, se os tivesse, certamente V.Exa não seria o modelito para tal. São só e tão somente só, conjecturas...
ExcluirEntão procure outras conjecturas.
ExcluirSim senhor, General.
ExcluirEntão mude a patente.
ExcluirSim senhor (...?).
ExcluirComo vai estar na prisao, vai ter mais tempo para escrever, entao o livro do Cunha pode ser publicado antes de dezembro.
ResponderExcluirMeu malvado favorito
ResponderExcluirLogo depois da prisão de Eduardo Cunha, na quarta-feira (19), a página pessoal do ex-presidente da Câmara no Facebook recebeu uma enxurrada de comentários.
As mensagens se dividiram entre comemorações e lamentações com a ação da Polícia Federal.
Parte dos admiradores do ex-deputado recorreu a palavras religiosas para enviar “forças” a Cunha. Outros foram mais pragmáticos:
— Meu malvado favorito, muito obrigado. Sem sua figura o impeachment seria apenas um sonho. Espero que o senhor faça uma delação premiada e leve mais um grupo de políticos para apodrecer na cadeia!