Contrariando os prognósticos que previram uma apertada vitória do “Não” no plebiscito ocorrido ontem (23), para a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), os britânicos, por 51,9% a 48,1% disseram “Sim”.
Não se pode afirmar que as pesquisas estavam erradas, pois em um país onde não há a obrigatoriedade do voto, as margens de erros sempre ficam na casa dos 4%.
A UE congrega 28 países europeus em um quê de confederação econômica e auferiu, em 2015, o 2º maior PIB do mundo, praticamente colado nos EUA e bem na frente da China. A saída do Reino Unido lança pesada preocupação no bloco, não somente pelo efeito econômico, mas também pelo efeito cascata que isso poderá causar em outros países membros.
O plebiscito não retira automaticamente o Reino Unido da UE. É uma orientação da vontade popular e o Parlamento deverá marcar, ainda em 2016, a data para votar a proposta.
Mas a decisão direta à saída e o histórico índice de comparecimento nas urnas (72,2% do eleitorado) deixa o Parlamento absolutamente desconfortável para rejeitar a proposta, pois no Reino Unido o voto é distrital e o eleitor cobra cada centímetro da régua comprometida ao representante do distrito, e se o deputado, sem justificativas plausíveis, sair da reta, sequer consegue ser candidato pelo distrito, pois a comissão distrital do partido ao qual ele pertence não registra a sua candidatura e procura outro para chamar de seu.
O aceno de adeus foi uma rebordosa: a libra amanheceu com o seu menor valor em relação ao dólar em 31 anos, as bolsas de Tóquio, Hong Kong e Seul amanheceram com queda média de - 5,3% e o premier David Cameron, que fez ferrenha campanha pelo “Não” e disse que renunciaria se o “Sim” vencesse, anunciou, na madrugada de hoje, que renunciará (eles cumprem a palavra por lá).
Pela manhã, após comunicação de Cameron, o Partido Conservador reuniu e marcou a escolha do novo premiê britânico para setembro. Até lá, Cameron deverá permanecer no cargo de primeiro-ministro, para que a sua decisão não abale ainda mais o banzeiro que o resultado do plebiscito derramou sobre o Reino.
O grande vencedor da disputa foi o ex-prefeito de Londres, o também conservador Boris Johnson, popular por ir ao trabalho de bicicleta, por jamais pentear o cabelo e pelas jocosas caras e bocas que faz em público, que liderou a campanha pró-saída e rachou ao meio o Partido Conservador.
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