Calamidade olímpica

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Os governadores deveriam seguir o passo do governador em exercício do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles, e decretar calamidade pública como analgésico às câimbras estomacais causadas pela desordem fiscal a qual a maioria está submetida.

Se o Rio de Janeiro pode receber um gole, por que não os demais? Se uma das condicionantes for que a capital receba uma olimpíada internacional, o governador Jatene poderia promover os jogos olímpicos do cone norte da América do Sul e despachar a despesa para Temer, afinal, tucanos e peemedebistas são agora aliados, pelo menos a nível federal.

Mas a dose enjambrada entre Dornelles e Temer, de R$ R$ 2,9 bilhões ao governo do Rio, só dá para um mês de cólica. Então, ou Dornelles espera um milagre financeiro depois da calamidade, ou assinou um decreto apenas para haver algum da União, pro modo pintar os meios fios dos calçadões da Maravilhosa.

De qualquer forma, o aperreio é um perfeito exemplo da irresponsabilidade fiscal com que o erário é tratado no Brasil, começando com a permissão legal de um estado poder contrair dívidas que somem até 200% da sua receita corrente líquida, o que faz com que os governadores olhem, na hora de assinar a promissória, apenas na capacidade de endividamento da coroa, pouco se dando à capacidade de pagamento.

A pior das frustrações, todavia, é constatar que, no caso do Rio de Janeiro, enquanto o governador decreta calamidade pública e pede R$ 2,9 bilhões para irrigar o desatino, a Secretaria de Planejamento e Gestão do mesmo estado anuncia que, em 2016, concedeu isenções fiscais que alcançam R$ 8,7 bilhões.

O estado do Rio de Janeiro já despendeu de R$ 4 bilhões a R$ 8 bilhões (cada contador tem uma conta) com os tais jogos olímpicos, que não sairá para o Brasil por menos de R$ 30 bilhões, e grande parte das referidas isenções fiscais foram concedidas às empresas que fazem as tais obras do legado. Legado, esse, aliás, que muito se disse na época da Copa e a não ser o tal sete a zero um, ninguém sabe onde está.

Não há país resistente do que o Brasil, pois não conheço algum que aguente a lambança fiscal que viça aqui.

Portanto, e contudo, viva o Brasil!

Comentários

  1. o legado foi um 7 x 1 e nao 7 x 0... ehehe! abs

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  2. Antônio Rosa Júnior20/06/2016, 12:52

    Disse tudo que eu queria ouvir. O blog mais uma vez está de parabéns.

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