Pular para o conteúdo principal

Calamidade olímpica

Shot 003

Os governadores deveriam seguir o passo do governador em exercício do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles, e decretar calamidade pública como analgésico às câimbras estomacais causadas pela desordem fiscal a qual a maioria está submetida.

Se o Rio de Janeiro pode receber um gole, por que não os demais? Se uma das condicionantes for que a capital receba uma olimpíada internacional, o governador Jatene poderia promover os jogos olímpicos do cone norte da América do Sul e despachar a despesa para Temer, afinal, tucanos e peemedebistas são agora aliados, pelo menos a nível federal.

Mas a dose enjambrada entre Dornelles e Temer, de R$ R$ 2,9 bilhões ao governo do Rio, só dá para um mês de cólica. Então, ou Dornelles espera um milagre financeiro depois da calamidade, ou assinou um decreto apenas para haver algum da União, pro modo pintar os meios fios dos calçadões da Maravilhosa.

De qualquer forma, o aperreio é um perfeito exemplo da irresponsabilidade fiscal com que o erário é tratado no Brasil, começando com a permissão legal de um estado poder contrair dívidas que somem até 200% da sua receita corrente líquida, o que faz com que os governadores olhem, na hora de assinar a promissória, apenas na capacidade de endividamento da coroa, pouco se dando à capacidade de pagamento.

A pior das frustrações, todavia, é constatar que, no caso do Rio de Janeiro, enquanto o governador decreta calamidade pública e pede R$ 2,9 bilhões para irrigar o desatino, a Secretaria de Planejamento e Gestão do mesmo estado anuncia que, em 2016, concedeu isenções fiscais que alcançam R$ 8,7 bilhões.

O estado do Rio de Janeiro já despendeu de R$ 4 bilhões a R$ 8 bilhões (cada contador tem uma conta) com os tais jogos olímpicos, que não sairá para o Brasil por menos de R$ 30 bilhões, e grande parte das referidas isenções fiscais foram concedidas às empresas que fazem as tais obras do legado. Legado, esse, aliás, que muito se disse na época da Copa e a não ser o tal sete a zero um, ninguém sabe onde está.

Não há país resistente do que o Brasil, pois não conheço algum que aguente a lambança fiscal que viça aqui.

Portanto, e contudo, viva o Brasil!

Comentários

  1. o legado foi um 7 x 1 e nao 7 x 0... ehehe! abs

    ResponderExcluir
  2. Antônio Rosa Júnior20/06/2016, 12:52

    Disse tudo que eu queria ouvir. O blog mais uma vez está de parabéns.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Comentários em CAIXA ALTA são convertidos para minúsculas. Há um filtro que glosa termos indevidos, substituindo-os por asteriscos.

Postagens mais visitadas deste blog

Mateus, primeiro os teus

Convalescendo da implantação de um stent , o governador Simão Jatene (PSDB-PA) foi apanhado, ainda no Hospital do Coração (SP), na manhã de ontem (03), por uma desagradável matéria da “Folha de S. Paulo” reportando que “ao menos sete familiares, além da ex-mulher e da ex-cunhada” de Jatene exercem cargos de confiança no Executivo, no Legislativo e no Judiciário do Pará. A reportagem declara que, somados, os salários dos familiares do governador “ultrapassam R$ 100 mil mensais”. > Sem incidência de nepotismo As averiguações já foram matérias em blogs locais. Quando me foi perguntado se feriam a Súmula 13 do STF (nepotismo), opinei que não, o que foi agora ratificado pela reportagem da “Folha” que, ouvindo “especialistas” declarou que os “casos não se enquadram diretamente na súmula vinculante do STF”. Nenhum dos parentes ou afins relacionados pela “Folha” está a cargo de órgãos vinculados ao executivo estadual e a matéria não demonstra a existência de cargos ocupados, no Poder...

O HIV em ação

A equipe do cientista russo Ivan Konstantinov arrebatou o primeiro lugar no “International Science and Engineering Visualization Challenge”, um concurso que premia imagens científicas da forma mais verossímeis e didáticas possíveis. Abaixo, a imagem em 3D do mortal vírus da Aids (HIV), em laranja, atacando uma célula do sistema imunológico, em cinza. A tática do HIV é se estabelecer dentro da célula, sem destruí-la. Na imagem abaixo foi feito um corte para mostrar o HIV já estabelecido no núcleo da célula imunológica, usando-a para se reproduzir, expelindo mais vírus que atacarão mais células imunológicas para torna-las hospedeiras, por isto o sistema imunológico do portador do HIV fica reduzido. As imagens foram retiradas do portal russo Visual Science .

Parsifal

Em uma noite de plenilúnio, às margens do Rio Tocantins, o lavrador pegou a lanterna e saiu correndo de casa à busca da parteira. Sua mãe, uma teúda mameluca, ficou vigiando a esposa que se contorcia com as dores do parto. Quando voltou com a parteira, o menino já chorava ao mundo. Não esperou: simplesmente nasceu. A parteira cortou o cordão umbilical e o jogou ao Rio Tocantins. Após os serviços de praxe de pós parto, a mãe de Ismael o chamou ao quarto para ver o filho. O lavrador entrou no quarto. A lamparina o deixou ver a criança ao peito da mãe: nascera Parsifal, pensou ele orgulhoso. O lavrador pegou uma cartucheira calibre vinte, carregou o cartucho ao cano, armou e saiu à porta. O Tocantins espreitava-lhe manteúdo. Apontou a mira da vinte à Lua e disparou: era assim que os caboclos do baixo Tocantins anunciavam a chegada de um homem à família.