A situação material do naufrágio do Haidar está tecnicamente sob controle. As inconformidades tendem a diminuir, mas a rotina é, nas circunstâncias, delicada e demorada: ainda teremos, segundo a empresa de salvatagem, cerca de 100 dias para deixar o ponto zero desimpedido dos destroços.
O maior problema agora é o gerenciamento da crise social, política e jurídica que o acidente embarca, cuja administração, por envolver, parafraseando Roberto Carlos, “tantas emoções”, é muito mais difícil e trabalhosa de controlar, do que a operação de salvatagem.
Na ansiedade de propor imediatas prestações jurisdicionais, ações judiciais são movidas nas esferas municipal, estadual e federal, contra a CDP e demais empresas que cada órgão entende serem responsáveis diretas ou indiretas pelo sinistro e suas consequências, o que abre uma nova frente de salvatagem no naufrágio, a jurídica, que faz a alegria dos advogados dos demandados.
A partir de conotações pessoais, as versões tomam rumos cada vez mais distantes dos fatos e as evidências passam a ser construídas não a partir destes, mas segundo as percepções dos mais diversos atores interessados: o naufrágio do Haidar chegou àquela fase na qual o continente passa a valer mais que o conteúdo.
Não é lícito, todavia, afirmar que conteúdo ou continente sejam inverdades, pois, a verdade é, sempre, a percepção de cada um.
Nós somos o que percebemos e, para o bem ou para o mal, a imprensa é hoje o império da percepção, por isso, eis a guerra que a CDP acaba por ter que travar, mais delicada e trabalhosa do que içar 650 mil toneladas de óleo do ventre do Haidar e dele içar 4,5 mil carcaças que ainda lá se sepultam: a guerra da informação.
E enquanto as luzes se voltam para onde o foco doméstico alcança, pelo menos por enquanto, o senhor Hussein Sleiman, dono da Tamara Shipping, a cuja frota pertence o Haidar, continua intangível no seu confortável escritório, no 3º Andar do Saroulla Building, na Rua Hamra, em Beirute, no Líbano.
Meu amigo Kamal, avise o primo que eu tenho uma conta para cobrar no Líbano...
Parece com Belém na inauguração do Palácio do Rádio. Mas... em relação a tragédias, quando o prédio desabou na 3 de maio, o Simão demonstrou interesse em acompanhar de perto a tragédia. Pergunto: e no caso de Barcarena?
ResponderExcluirÉ muita gente querendo aparecer nessas horas. Os advogados vão acabar ganhando mais do que os atingidos.
ResponderExcluirEsse promotor que pediu o bloqueio dos bens da CDP já deu uma olhadinha na prefeitura de Barcarena? Ou só acordou agora?
ResponderExcluirVER-O-PORTO 20/102015
ResponderExcluirGUARDA PORTUÁRIA PARTICIPA DE AÇÃO DA CRUZ VERMELHA NO PARÁ
Empregados da CDP – Cia. Docas do Pará – incluindo vários integrantes da Guarda Portuária, participaram ontem, 19 de outubro, de uma ação conjunta com a CRUZ VERMELHA (CV) para a distribuição de centenas de cestas básicas, doadas pela CDP, aos moradores de Barcarena, em especial, às famílias atingidas pelos danos ambientais, sociais e econômicos, em virtude do naufrágio do navio boiadeiro ocorrido no porto de Vila do Conde, no último dia 06.
A ação começou antes das 06:00h, tendo em vista a necessidade de deslocamento de uma equipe de empregados voluntários que atuam nos portos da região metropolitana de Belém para o município de Barcarena, só vindo a terminar por volta das 20:30h, quando do retorno dessa equipe a Belém.
São cerca de 10.000 cestas básicas que serão distribuídas pela CDP, sendo que houve a necessidade da diretoria da Cia. se fazer representar nessa ação, já que as primeiras 5.000 cestas básicas distribuídas pela CV aos moradores e doadas pela CDP foram objeto de propaganda eleitoreira da prefeitura local que em comercial na televisão se intitulou a compradora e doadora dos alimentos distribuídos.
A ação, que também contou com a distribuição aos ribeirinhos por meio da lancha da GUAPOR, já que é difícil o acesso terrestre até esses moradores, teve a participação também efetiva do diretor administrativo financeiro, gerente de segurança da guarda portuária e supervisores de segurança portuária e de operações do porto de Vila do Conde, que permaneceu fechado por todo dia de ontem por moradores manifestantes que exigem uma indenização da CDP por causa da tragédia ambiental no município.
E, respondendo ele, disse-lhes: Digo-vos que, se estes se calarem, as próprias pedras clamarão. Lucas 19:40)
Cileno Borges
penso que poderá ser dificil cobrar algo da empresa libanesa que causou a tragedia. O dono deve ter outras empresas, e vai mandar navios de outras de suas empresas vir ao brasil. Em breve, não mandará ao Brasil nenhum navio da empresa que causou o acidente.
ResponderExcluirA responsabilidade regride até a pessoa do armador. Ele tem seguros e não vai querer se desfazer de todos os seus bens e desaparecer de todas as suas empresas, por conta de se furtar ao pagamento.
Excluirele pode colocar as empresas no nome de parentes, laranjas, de outras empresas situadas em paraisos fiscais onde há sigilo sobre o nome dos socios.
ExcluirEle pode qualquer coisa, inclusive não fazer nada disso, pois não é razoável a um armador, cuja frota são 8 navios que custam cerca de R$ 320 milhões e várias outras empresas que demandariam uma arquitetura legal mais cara para transformá-las em off-shores apátridas de titularidades diversas, do que pagar uma conta de R$ 10 milhões.
ExcluirEle é primo e primos são ótimos em fazerem contas e optar pelo que lhes sair mais barato.
são realmente 650 mil toneladas de oleo no navio? me parece que 650 mil seria mais razoavel.
ResponderExcluirA produção de petroleo do brasil em um dia é de 2 milhões de barris, o que deve dar cerca de 300 mil toneladas.
Você está certo. 650 toneladas é o correto. Obrigado pela observação. Já está corrigido.
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