O jornalista dinamarquês Mikkel Jensen, duramente criticado, e até acusado de não existir, pela declaração de que crianças de rua estariam sendo exterminadas em Fortaleza-CE, cumpriu a promessa e publicou na quinta-feira (29) o documentário para o qual colheu material no Brasil.
No documentário de 30 minutos, intitulado "O Preço da Copa do Mundo", Jensen entrevista crianças de rua, pessoas desalojadas por conta das obras da Copa e políticos, mostrando, independentemente de ser contra ou a favor da Copa, o lado B não do evento, mas do Brasil.
> Denúncia com nome e sobrenome
Sobre a acusação de extermínio de menores, o líder comunitário Manoel Torquato, diz textualmente que “começou a haver na cidade grupos de extermínio atirando em meninos na rua”. Prossegue que meninos “estavam dormindo na fachada de uma farmácia de uma rua conhecida em Fortaleza, Avenida João Pessoa, e um carro preto baixou o vidro e atirou em todos. Quatro meninos foram baleados. Dois morreram. Dois eram irmãos. Os outros ainda estão no hospital”.
"Espero que o filme possa dar mais foco aos problemas do Brasil e criar um debate. Espero que para os que duvidaram da minha existência vejam que sou real e que minhas fontes existem", disse Jensen, ao UOL Esporte, um dos canais onde o documentário está publicado no Brasil.
Abaixo, o ótimo documentário, narrado em inglês com legendas em português:
A lenda do carro preto... Deputado, inacreditável o Sr. Voltar com essa temática novamente, sem ser como piada. O mico do ano, para o seu blog.
ResponderExcluirEu nada tenho contra lendas e micos.
ExcluirE pasme: há pessoas que acreditam em lendas e eu sou uma delas, até porque já presenciei vários casos de extermínio. A copa e o carro preto, azul ou branco, é só pano de palco: estamos tratando aqui de extermínio sumário, cuja prática está disseminada no Brasil, mas tem gente que acha que é lenda.
Vai ver o anônimo também acha que foi lenda o extermínio de moradores de rua em Goiânia ano passado....
ExcluirClarináticas
O documentário é de fato bem produzido e dirigido. Quanto as vinculações das violações de direitos humanos, incluindo assassinatos de moradores de rua, a organização da Copa do Mundo, não há nada crível no documentário. Na realidade, ao se assistir o filme, fica claro que a Copa do Mundo apenas foi um mote para garantir maior audiência ao DInamarquês. Duas passagens me chamaram atenção no que diz respeito a Copa do Mundo. O teleférico, que liga a favela ao centro, pela visão de uma moradora: "e claro que foi por causa dos grandes eventos, pra turista ver". Não é claro. Não há um "outro lado" nessa questão. E não digo um "outro lado" governamental, mas outros moradores. 100% da comunidade é contra o telefcérico. Não foi isso que mostraram pesquisas de opinião já realizadas. Por que o teleférico não será útil para levar moradores locais ao trabalho no centro, ou pelo menos encurtar, com mais conforto, essa distância? O autor não deixa claro. Nem aventa essa possibilidade. Certamente, propositadamente. E o depoimento de um membro de uma ONG vinculando a organização local da Copa do Mundo ao "descrito" fuzilamento de menores de rua. Absolutamente abstrata a relação. No estilo, "só pode ser por causa da Copa". Marcelo Freixo, em seu depoimento, muito mais consistente, nada fala sobre Copa do Mundo e violência policial. Em síntese, "o assassinato de crianças para a realização da Copa do Mundo", alardeado pela mídia nacional e internacional, e por este blog, não passou de um artifício para colocar em evidência internacional esse neo jornalista-cineasta dinamarquês. Conseguiu!
ResponderExcluirAinda bem que conseguiu. Claro que os grupos de extermínio não são contratados pela FIFA e nem pelo governo, mas eles estão em atividade e acabaram virando lenda urbana, o que é ótimo para continuarem executando sem serem importunados.
ExcluirE seja lá quem vier e for, denunciando tais lendas, terá repercussão aqui.
Parsifal, o pessoal que lê e comenta o seu blog não vive nesse Brasil que mostram esses documentários que são feitos, sim, de forma parcial, pois para mostrar as "grandes realizações" existe a propaganda do Governo. Esse lado B só a imprensa alternativa mostra.
ResponderExcluirE como esses leitores moram no lado A, acham que as injustiças sociais não existem e é só coisa de quem é contra a Copa. Eu sou a favor, já comprei os meus ingressos, moro no lado A do Brasil, mas não sou um alienado.
nota-se ainda o sorriso do do representante da ONG quando fala do "carro preto". Em tempo: "claro que os grupos de extermínio não são contratados pela FIFA e nem pelo governo"; mas era justamente essa a denúncia-bomba do dinamarquês - extermínio relacionado a organização da Copa. Mas quem organiza a Copa? Onde a Copa entra nos fatos narrados (ou advogados) pelo dinamarquês?
ResponderExcluirA copa é a pauta. Quem quiser carenar os sucessos ou as mazelas do país vai usar o estandarte dela para abrir as alas. Extermínio virou lenda urbana, ou seja, virou parte da paisagem, os documentários acharam uma ótima moldura para fazer o quadro ser novamente notado.
ExcluirDeputado, o anônimo tem razão, quando o sr postou sobre esse assunto passou a impressão que o extermínio era sim por causa da copa. Grupos de extermínio existem e alguns, como no Guamá, são até implicitamente louvados pela sociedade pela atuação de liquidar vagabundo; devem ser combatidos pois são criminosos.
Excluiro que é "lenda urbana" é o carro preto sorridentemente descrito pelo denunciante da chacina. A Copa sim, o sr. admite, é que virou estandarte, e nada tem a ver com o extermínio "revelado" pelo dinamarquês.
ExcluirO que seria do quadro sem a moldura...
Excluir4b
ExcluirQuem passou a impressão foi o Mikael. Eu só repercuti, como o fez a imprensa.
Se aconteceu de verdade, onde é que estão outros jornais informando a chacina? Onde estão as investigações da polícia? Afinal, uma chacina do tipo não tem como passar despercebida hoje em dia. Se aconteceu, alguém encontrou os corpos e avisou a polícia, no mínimo. E isso chegaria facilmente na imprensa, haveria uma investigação, como aconteceu naquela chacina de Ananindeua ano passado. Onde estão os desdobramentos disso? Isso tá com uma cara de lenda urbana. Aconteceu porque "ouvi por aí", sem mais nenhum elemento que ampare isso.
ResponderExcluirEis o problema: a maioria dos grupos de extermínio são formados dentro da polícia, e a maioria das execuções são sumárias e os cadáveres ocultados. A tática de ocultação usual é dissolução em ácido (tática usada pelo crime organizado) ou incinerado em pneus, o famoso microondas, usado para ocultar o cadáver de Tim Lopes, no Rio.
ExcluirQuem tem que apurar se a denúncia do senhor Manoel Torquato é verdadeira ou falsa é a polícia do Ceará. A melhor coisa que pode ocorrer para exterminadores é eles se transformarem em lenda, pois aí eles usam carros pretos, executam, dissolvem e ninguém acredita, nem a polícia vai mais atrás. Isso é igual fantasma: eu não acredito, mas que eles assustam, assustam.