O general venezuelano e o homem da capa preta

> O general em seu labirinto

O general da reserva venezuelana, Ángel Vivas, armou-se de um fuzil e do alpendre da sua residência resistiu à um mandado de prisão expedido pelo presidente Nicolas Maduro, que o acusa de treinar manifestantes que erguem barricadas na cidade.

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Ángel, que disse só se entregar com um mandado judicial, é o mais novo herói dos rebeldes venezuelanos que atormentam o sucessor de Chávez, em uma Venezuela aos frangalhos.

> O homem da capa preta

O episódio lembrou-me um político brasileiro da primeira metade do século XX: o alagoano Tenório Cavalcante, conhecido pela alcunha de “O Homem da Capa Preta”.

Vereador, deputado estadual e federal, usava uma capa preta sobre a qual ocultava uma submetralhadora MP-40, a qual ele carinhosamente chamava de “Lurdinha”.

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Truculento e de muitos desafetos, Tenório jamais abandonava a Lurdinha, antes porque o seu reduto eleitoral, a Baixada Fluminense (Duque de Caxias), não era pasto para covardes. Ali ele, mais de uma vez, escapou de atendados contra a sua vida.

> O caso do delegado Imparato

Vendo que não davam conta de Tenório, os seus adversários pediram ao presidente Getúlio Vargas que mandasse para Duque de Caxias um delegado capaz de conter-lhe os ímpetos, ou seja, passar-lhe fogo.

O escalado foi o delegado paulista Albino Imparato, que chegou ao reduto de Tenório derramando testosterona pelos cantos da boca e, em uma das escaramuças para prender aliados (capangas) de Tenório, metralhou-lhe a residência.

Tenório considerou isso a gota d´água e, em 28 de agosto de 1953, cuspiu fogo: o delegado Imparato foi metralhado em pleno centro da cidade.

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A Polícia Federal cercou a casamata de Tenório Cavalcante, para prendê-lo. Ele escalou a MP-40 e gritou pela janela que só saia de lá para o inferno, mas com ele levaria todos os que a sua Lurdinha pudesse ceifar.

Foi um alvoroço nacional. O presidente da Câmara Federal, Nereu Ramos, o ex-ministro da Fazenda Osvaldo Aranha, e até o condestável deputado federal Afonso Arinos, aliados de Tenório, intercederam junto ao presidente Vargas para desfazer o cerco. Vargas atendeu. No fundo ele se deliciou com o destemor de Tenório.

> Tenório Cavalcanti X Antônio Carlos Magalhães

Mas o mais pitoresco episódio protagonizado por Tenório deu-se no Plenário da Câmara Federal: salvo engano, em 1960, ele discursava acusando o presidente do Banco do Brasil de desvio de verbas. Antônio Carlos Magalhães, também deputado federal, para defender o correligionário, disparou:

- "Vossa Excelência pode dizer isso e mais coisas, mas na verdade o que vossa excelência é mesmo, é um protetor do jogo e do lenocínio, porque é um ladrão."

Incontinenti, Tenório Cavalcante, sacou um reluzente revólver, calibre 38, do coldre e apontou para ACM, armando o cão:

- "Vai morrer agora mesmo, patife!"

O Plenário se dividiu entre os que correram para longe (a maioria) e os que correram para segurar Tenório.

Outro grupo correu para acudir ACM, que molhou as calças enquanto crispava a bancada. Mas mesmo ensopado em ureia, ACM, vendo que os deputados cercavam Tenório, bradava em falsete:

- "Atira, ladrão!"

Diante dos apelos, Tenório desarmou o cão, teatralmente levantou o revolver e com a arma em descanso marcial abriu um largo sorriso e aquietou a turma do deixa-disso:

- “Podem sossegar, eu só mato homem!”

ACM anotou a humilhação e em 1964, implantada a ditadura militar, da qual era um dos apoiadores, articulou para que Tenório fosse cassado e todas as suas armas confiscadas.

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Em 05 de maio de 1987, Tenório morreu, de morte morrida (pneumonia), em sua residência.

PS.: recebi um comentário declarando que as frases acima, creditadas a Tenório Cavalcanti, são de outro Tenório Cavalcanti, “publicitário pernambucano de 28 que mora em São Paulo”. Sem menosprezar o comentário, não retirei o crédito porque não foi possível checar a informação, pois não consegui dados sobre o publicitário e nem os créditos da frase a ele. Se alguém puder checar a informação, por favor avise-me.

Comentários

  1. Parsifal;

    Contam os cariocas mais antiguinhos, que uma das noites inesquecíveis da antiga TV ao vivo, foi quando o apresentador Flávio Cavalcanti promoveu um leilão da barba deste senhor, o qual ao final surpreendeu o apresentador com um banho forçado de roupa e tudo na piscina da mansão, também leiloado ao vivo, com renda revertida para as obras assistenciais do Pe. Pedro. Dizem que o imprevisto tornou o segundo leilão ainda mais animado que o primeiro. Não sei se isso de fato ocorreu, ou se trata de uma lenda carioca.

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  3. Olá. Essas frases não são de Tenório Cavalcanti conhecido como Homem da Capa Preta, são de Tenório Cavalcanti, publicitário pernambucano de 28 que mora em São Paulo. Abraço.

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    Respostas
    1. Desculpe, não consegui checar a informação. Na página de onde colhi as frases, há o crédito para Tenório Cavalcanti, mas, de fato, não faz referência alguma a qual dos dois se deve a lavra.
      Tentei informações para o Tenório Cavalcanti a qual você se refere e não consegui.
      Por favor, se tiver alguma informação mais acurada, envie-me para que eu possa retirar, ou retificar, o crédito.
      Obrigado.

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