Pular para o conteúdo principal

Operação La Paz

A operação de fuga do senador boliviano Roger Molina, levada a cabo por diplomatas brasileiros, sem o conhecimento do ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, é lamentável sob o ponto de vista institucional.

Shot007

Recepcionar refugiados políticos (o senador boliviano é um refugiado político que se homiziou na embaixada brasileira em La Paz para escapar da perseguição de Evo Morales) em embaixadas é praxe garantida no direito internacional.

Inobstante, plenipotenciários maquinarem planos de fuga daqueles que recepcionaram, sem prévia deliberação de asilo político permanente do país acreditado, é uma inobservância normativa grave e um mal-estar diplomático enorme.

O ministro Patriota não tinha outra atitude a tomar senão o “pedido de demissão”, pois, ao cabo, embora sem repercussões penais, ele carrega a culpa in vigilando pelos atos dos diplomatas brasileiros nas embaixadas.

Shot008

A Presidência da República, no mesmo sentido, por ser sujeito da culpa in eligendo dos atos praticados pelos seus plenipotenciários, deve um pedido de desculpas formal à Bolívia.

Quanto ao senador Molina, parabéns por ter conseguido torcer as regras de direito internacional, escapando dos chavismos de Evo Morales. Mas que trate de seguir viagem alhures, pois é possível que o Brasil, para corrigir a operação, aceite o pedido de extradição à Bolívia, que certamente virá.

Comentários

  1. A Convenção de Caracas(Convenção sobre Asilo Diplomático) estabelece em seu artigo XII: "Concedido o asilo, o Estado asilante pode pedir a saída do asilado para território estrangeiro,sendo o Estado territorial obrigado a conceder imediatamente, salvo caso de força maior, as garantias necessárias a que se refere o Artigo V e o correspondente salvo-conduto". No caso a Bolívia não respeitou o referido tratado,precisando aparecer o "super-Saboia" para salvar o senador.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A Bolívia recusou o salvo conduto ao senador alegando que ele responde a três processos por desvio de recursos públicos e que já tem uma condenação com pena privativa de liberdade. O art. III da convenção citada tipifica como ilícita a concessão de asilo nesse caso.
      Mas o próprio art. III ressalva que, mesmo que haja aquele cenários (processos e condenação), se os fatos apresentarem, claramente, caráter político, elide-se a ilicitude do asilo.
      E quem deve dizer que os processos e condenações são de caráter político? O diplomata? Não, o diplomata não pode emitir esse juízo e sim a justiça do território do provisório asilado. E para isso, inclusive, já tramita no STF (agora com causa vazia) um Habeas Corpus Extraterritorial impetrado pelo advogado do senador boliviano.
      O correto seria apressar a expedição do HC e o governo brasileiro, então, poderia conceder o asilo definitivo, o que autorizaria à embaixada em La Paz tomar as providencias para retirar o asilado, pois aí já haveria um asilo definitivo, o que ele, agora, terá que tentar conseguir no Brasil.

      Excluir
  2. Engraçado... Quando um ASSASSINO TERRORISTA se refugiou n brasil, o Molusco concedeu o asilo!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Comentários em CAIXA ALTA são convertidos para minúsculas. Há um filtro que glosa termos indevidos, substituindo-os por asteriscos.

Postagens mais visitadas deste blog

Mateus, primeiro os teus

Convalescendo da implantação de um stent , o governador Simão Jatene (PSDB-PA) foi apanhado, ainda no Hospital do Coração (SP), na manhã de ontem (03), por uma desagradável matéria da “Folha de S. Paulo” reportando que “ao menos sete familiares, além da ex-mulher e da ex-cunhada” de Jatene exercem cargos de confiança no Executivo, no Legislativo e no Judiciário do Pará. A reportagem declara que, somados, os salários dos familiares do governador “ultrapassam R$ 100 mil mensais”. > Sem incidência de nepotismo As averiguações já foram matérias em blogs locais. Quando me foi perguntado se feriam a Súmula 13 do STF (nepotismo), opinei que não, o que foi agora ratificado pela reportagem da “Folha” que, ouvindo “especialistas” declarou que os “casos não se enquadram diretamente na súmula vinculante do STF”. Nenhum dos parentes ou afins relacionados pela “Folha” está a cargo de órgãos vinculados ao executivo estadual e a matéria não demonstra a existência de cargos ocupados, no Poder...

O HIV em ação

A equipe do cientista russo Ivan Konstantinov arrebatou o primeiro lugar no “International Science and Engineering Visualization Challenge”, um concurso que premia imagens científicas da forma mais verossímeis e didáticas possíveis. Abaixo, a imagem em 3D do mortal vírus da Aids (HIV), em laranja, atacando uma célula do sistema imunológico, em cinza. A tática do HIV é se estabelecer dentro da célula, sem destruí-la. Na imagem abaixo foi feito um corte para mostrar o HIV já estabelecido no núcleo da célula imunológica, usando-a para se reproduzir, expelindo mais vírus que atacarão mais células imunológicas para torna-las hospedeiras, por isto o sistema imunológico do portador do HIV fica reduzido. As imagens foram retiradas do portal russo Visual Science .

Parsifal

Em uma noite de plenilúnio, às margens do Rio Tocantins, o lavrador pegou a lanterna e saiu correndo de casa à busca da parteira. Sua mãe, uma teúda mameluca, ficou vigiando a esposa que se contorcia com as dores do parto. Quando voltou com a parteira, o menino já chorava ao mundo. Não esperou: simplesmente nasceu. A parteira cortou o cordão umbilical e o jogou ao Rio Tocantins. Após os serviços de praxe de pós parto, a mãe de Ismael o chamou ao quarto para ver o filho. O lavrador entrou no quarto. A lamparina o deixou ver a criança ao peito da mãe: nascera Parsifal, pensou ele orgulhoso. O lavrador pegou uma cartucheira calibre vinte, carregou o cartucho ao cano, armou e saiu à porta. O Tocantins espreitava-lhe manteúdo. Apontou a mira da vinte à Lua e disparou: era assim que os caboclos do baixo Tocantins anunciavam a chegada de um homem à família.