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As alcovas da Sancta Sedes Apostolica

Em postagem anterior especulei que desavenças políticas seriam uma das causas da renúncia de Bento XVI. Ontem (13), os principais jornais do mundo visitaram as alcovas do Vaticano.

O “The Huffington Post” acusa o carmelengo Tarcisio Bertone de comandar conspirações que solaparam decisões de Sua Santidade.

Reporta a “Folha”, “a partir de relatos de fontes próximas ao Vaticano”, que a renúncia foi “uma reação extrema ao que, nos bastidores, é classificado como governo paralelo formado à sombra do pontífice e comandado pelo cardeal Tarcisio Bertone.”.

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> A ascensão de Bertone

Quando Bento XVI vestiu o Anel do Pescador, Bertone transformou-se na eminência parda do pontificado e passou a criar situações que colocavam Bento XVI contra alguns cardeais da Santa Sé.

A imprensa europeia, quando em vez, relatava editos que, se não eram tomados à revelia do papa, revelavam o seu estado de refém da prelazia comandada por Bertone, acusado, inclusive, de alcovitar casos de corrupção em contratos com imobiliárias que cuidam das centenas de imóveis do Vaticano e malversação no Istituto per Opere di Religione, mais conhecido como Banco do Vaticano.

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> Recomendações não cumpridas

Além das questões de Estado, às quais Bento XVI nunca teve vocação, o que mais lhe desiludiu foi a resistência para efetivar a “limpeza ética”: as suas recomendações para punir clérigos envolvidos em denúncias foram ignoradas e ele pagou o preço da negligência, por exemplo, com os inúmeros casos de pedofilia pululados na imprensa mundial.

> O mais preparado doutor da Igreja contemporânea

Bento XVI é o mais preparados teólogo que a Igreja Romana tem atualmente. Suas lavras se dotam de elevado teor dialético e ele mesmo escreveu as três encíclicas do seu pontificado: “Deus Caritas est” (para mim a melhor), “Spe salvi” e “Caritas in Veritate.”.

> Sem vocação para chefe de Estado

Mas Joseph Ratzinger, se era esculpido para ser um doutor da Igreja e até poderia se esforçar por ser uma evangelista (eu nunca o vi cumprir esse papel com a desenvoltura de JP II), não se apetecia a ser um chefe de Estado.

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Não detinha vocação para gerenciar os conflitos do organograma da Santa Sé e o choque de opiniões pertinentes a qualquer organização de porte. Por isso delegou a política do Vaticano a quem a ela se apetecia, mas quando se deu conta, os delegados já lhe tinham sequestrado o poder original.

> Pelo bem da Igreja

Avaliou que fugir do cativeiro seria demasiado caro para a Igreja, que já atravessa graves problemas doutrinários, e decidiu pagar o próprio resgate: a sua renúncia, e a eleição de um novo papa, poderá por fim à comandita que se instalou na Cúria.

Por isso tem insistido que renuncia “pelo bem da Igreja”.

Comentários

  1. Parsifal;

    Agora sim, aos poucos, a verdade está aparecendo. As criaturas voltaram-se contra o criador. E bem lembrado quando você diz que João Paulo II foi um grande líder espiritual - os comunistas que o digam; naquela época até o Jordy chegou a gravar propaganda eleitoral em frente ao santuário de Nazaré.

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