Há uma semana, Miranda Xafa, da direção executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI), respondendo sobre a crise grega, opinou que “a única alternativa (para a Grécia) seria um default caótico e a saída da zona do euro.”.
Advogo isto desde o início da bancarrota grega, não somente para a Grécia, mas para todos os países da União Europeia (EU), que é uma elaboração de custosa viabilidade: a UE desce bem como bloco econômico, mas engasga como paridade monetária entre países sem similaridade financeira.
Pois bem, a Grécia fez o seu default na semana passada ao decretar um desconto de 50% na sua dívida, mas o premiê grego, Lucas Papademos, não seguiu o conselho de Miranda: o default não foi caótico. Para sê-lo, o desconto teria que ir a 70%, afinal, quem se arrisca a pagar um euro em um título grego com face de mil?
Um desconto de 50% sequer traz a dívida aos costumes: seus serviços já foram pagos nas sucessivas remessas e ágios de redescontos que fazem a alegria dos especuladores.
Quando a ciranda dos títulos públicos perde o centro de gravidade não faltam interessados em traze-lo de volta ao eixo para que os governos, que só pensam na próxima eleição, prossigam com as incontinências até que a vaca tussa de novo, apresentando a conta.
É possível discordar do tatcherismo pelo modo, mas não é racional desdizer-lhe a máxima de que austeridade fiscal e lastro monetário correspondente são a mais sólida base da prosperidade. A Inglaterra, desde então, tem aguentado o tranco quando a criançada faz malcriações e segue, impávida, com as suas esterlinas.
Não falta razão a outra mulher, a premiê Angela Merkel, que não quer despejar os euros da disciplinadíssima economia alemã em tulha furada, vendo que embaixo do orifício está a mesma turma que pagou festas com cheques sem fundos.
A zona do Euro tem que parar para acertar, ou não haverá saída a não ser o default caótico de quem fez administrações caóticas. A outra opção é achar quem arrume, a fundo perdido, 1 trilhão de euros. Talvez alguma próspera civilização ao largo da Via-Láctea.
Que o Brasil não aporte um vintém ao FMI para evitar defaults de além mar. Nós já temos contas a serem resgatadas, fruto de irresponsabilidades fiscais.
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