Celulares mudos por decreto

O Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte (PTCN), que detém o poder absoluto no país, lavrou um decreto que soaria surreal caso não fosse possível qualquer coisa em ditaduras tanto a Leste quanto a Oeste.

O decreto, assinado por Kim Jong-un, o herdeiro político do falecido Kim Jong-il (aquele que deve ser adorado para sempre), determina que todos os norte-coreanos desliguem os seus aparelhos celulares por um prazo de 100 dias a partir da publicação, em sinal de luto pela morte do eternamente adorado líder.

Lavra a doidice que os cidadãos norte-coreanos que desobedecerem ao decreto “serão considerados criminosos de guerra”, e receberão punições como tais.

As “punições como tais” vão de trabalhos forçados em campos de concentração até execução.

Outro artigo do decreto assinala que o norte-coreano que for pego evadindo-se para a China será enviado aos campos de concentração (lá eles chamam de campos de reeducação). Os reincidentes, em qualquer dos “crimes contra a Coréia do Norte”, serão sumariamente executados.

Na verdade, as medidas são uma tentativa do regime de evitar o uso das redes sociais para organizar manifestações até que o PTCN tenha o total controle da situação, que sofreu ligeiras fissuras com o espaço entre a morte de Kim Jong-Il e a difícil consolidação no poder do seu filho Kim Jong-un.

Os gregos deviam estar desesperadamente apaixonados por tudo que viam em sua volta quando inventaram a democracia. Montesquieu devia estar em lua de mel com Afrodite quando inventou a divisão dos poderes.