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Ex-líder soviético pede a Putin que deixe o poder

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O ex-líder russo, Mikhail Gorbachev, responsável pela transição da União Soviética para a República russa, com a consequente independência das demais repúblicas do bloco comunista, no processo que se chamou “Perestroika”, estava recolhido a certo ostracismo desde o final do seu mandato em 1991, quando foi sucedido por Boris Iéltsin.

Com a temperatura à beira da ebulição na Rússia, devido aos protestos da oposição alegando que as eleições foram fraudadas pelo “Rússia Unida”, leia-se Vladimir Putin, Gorbachev, do alto dos seus 80 anos, resolveu mandar um recado aos locatários do Kremlin.

Depois que os cerca de 120 mil manifestantes saíram às ruas de Moscou, ontem, pedindo a saída de Putin, no maior protesto que a Rússia já assistiu, Gorbachev aceitou conceder uma entrevista à Rádio Eco e declarou que “Vladimir Vladimirovitch (Putin) deveria partir agora".

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Putin é duro na queda, mas, a cada protesto a turba cresce, e se Gorbachev decidiu aparecer dirigindo-se diretamente a Putin, que sabe ser um homem extremamente vingativo, é índice de que está muito bem calçado e a serviço de algo, ou alguém.

Fotos: Reuters

Comentários

  1. Parsifal;

    Mas afinal... quem é quem nesta disputa? Creio que o melhor para o resto do mundo é a estabilidade política desta nação com mais de 30 mil mísseis intercontinentais, alguns destes transportando 3, 5 e até 10 bombas atômicas. Não dá para arriscar.

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  2. Creio que Putin pesou na mão para manter maioria no Parlamento.
    Não consegui, ainda, intuir quem, ou quais, fomentam o movimento por trás da oposição. Pode ser o clube dos bilionários russos, que cansaram de pagar pedágio a Putin para manter os negócios.

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  3. Desculpe-me divergir, nobre deputado, mas Gorbachev não está "a serviço de algo ou de alguém", pois ele é, goste-se ou não, um ator político relevante, ainda que se encontre fora da disputa política.

    Certamente, Gorbachev não é uma unanimidade nacional - como, por exemplo, Mandela é para os sul-africanos -, mas é admirado e, portanto, ouvido no Ocidente. E é daí que vem sua relevância política; afinal, ele teve condições de usar a força para bloquear o fim do comunismo quando esteve à frente do governo soviético, mas se recusou a fazê-lo (aliás, como bem lembrou Tocqueville ainda no século XIX, socialismo e democracia são inconciliáveis).

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  4. 11:48:00,

    A sua análise sobre a condição pessoal de Gorbachev está correta: ele ainda é um personagem respeitado. Todavia, como ele viveu o regime soviético por dentro, e sabe o que, e como Putin pode fazer com os seus desafetos, não creio que ele tenha declarado o que declarou sem estar devidamente calçado em algo fora do regime, pois política de oposição na Rússia não se faz sozinho: Gorbachev se alinhou a algo ou alguém, que dependendo do desenrolar dos fatos, saberemos em breve.

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  5. Caro Parsifal,

    Sempre a oposição está a serviço de algo ou alguém.Você, no entanto, acertou em supor q na Rússia isso atingiu o paroxismo devido à repressão (quase uma ditadura)que Vladimir Putin vem impondo.

    Eu discordo quando dizes, porém, que Gorbachev vive um "certo ostracismo" desde q deixou a presidência da então União Soviética.

    Ele é atuante e sempre se opôs ao regime de Putin, quando percebeu que o mesmo quis impor suas opiniões e vontades à força, se juntando inclusive ao enxadrista russo campeão mundial (várias vezes consecutivas) Gary Kasparov.

    É bom lembrar que Gorbachev ganhou o prêmio Nobel da paz, e se dedica às causas ambientais, e sempre foi figura frequente nas grandes questões e debates que envolvem a comunidade internacional, devido ao prestígio q tem junto ao ocidente.

    Na Rússia não é unanimidade, como bem disse o amigo anônimo das 11:48:00, mas isso se deve aos nostálgicos velhos socialistas que o culpam pela divisão e consequente fim da União Soviética, e não pela sua reputação ilibada e de democrata que sempre teve, mesmos nos períodos mais difíceis enfrentados na presidência de um país que acabou extinto, em processo complexo e que envolveu muitos atores externos e internos.

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  6. 18:44:00,

    O algo, ou alguém, a que me refiro não é substancialmente ligado à política partidária como ocorre no Brasil.
    A Rússia vive uma guerra tribal, não nos moldes arcaicos como nos países do Médio Oriente, mas, ligadas à máfia da exploração dos recursos naturais, o que a fazem um dos países mais corruptos do mundo.
    Gorbachev goza de prestígio internacional, mas, até mesmo este tem sido relegado no momento em que ele, por opção, resolveu militar em outras frentes. Dentro da Rússia, o prestígio de Gorbachev decaiu a um ponto bem abaixo daquilo que ele merece ter: praticamente sumiu, relegado ao seu escritório pessoal. A ECO, que o entrevistou, não está entre as agências mais massificadas da Rússia.
    Quando desconfio que há algo por trás do ressurgimento de Gorbachev, creio que exatamente o fato de ele estar fora do espectro político, e ter reputação externa, pode ser usado para direcionar a lança no rumo de Putin.
    O "usado" não está empregado em termos pejorativos. Mas, estou certo, ele não está na empreitada sozinho.

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  7. Vamos deixar os russos de lado e vamos cuidar de nosso terreiro e nossas galinhas.

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