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A Palestina, a estrela de David e a Águia

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O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, formalizou o pedido de uma cadeira permanente na ONU, o que significaria o reconhecimento da ANP como um estado pleno.

A fala de Abbas, carregada de romantismo político, tocou o coração da Assembleia, que ficou de pé, várias vezes, para aplaudir a saga palestina, há muito empurrada ao largo da faixa de Gaza pelos safanões da ocupação israelense.

Abbas deveria prevenir que impérios não têm corações na condução da política externa: é preciso mais que poesia para demonstrar à intelligentsia estadunidense que a plenitude do Estado palestino, da forma como está posta, não causará enfrentamentos com a estrela de David, desde sempre ferrenha aliada da Águia.

Em certos momentos da fala, Abbas usou termos desaconselhados: na diplomacia delicada que permeia o relacionamento entre árabes e israelenses, a sinceridade nua pode ser interpretada como grosseria, o que coloca em guarda o lado que se desejaria desarmar.

Abbas falou para quem simpatiza com a sua causa: não foi capaz de esgrimir os argumentos necessários para convencer os desconfiados.

Aliás, os desconfiados não lhe ouviram: naquele momento, reuniam-se em copas para elaborar mais um plano de paz para a região, baseado nos “mesmos tristes velhos fatos que num álbum de retrato teimam em colecionar.”.

Na contra fala, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, puxou as linhas do tecido cerzido por Abbas, tecendo as razões de Israel de forma asséptica: irreparável do ponto de vista estrutural, mas, sem o tempero emocional que poderia emprestar inteligência ao conteúdo desfilado.

Dura, mas absolutamente verdadeira, a fatoração da fala de Netanyahu, que ele mesmo resumiu: "a paz não virá por resoluções da ONU".

Tanto quanto eu possa intuir, por tudo que já vi deste conflito, julgo-me compelido a resumir ainda mais a sentença: “a paz não virá”.

Na região, a busca da paz é apenas um meio para evitar maiores tragédias.

Comentários

  1. Em famílias complicadas, muitas das vezes se discute a quem pertence o velho pano de chão oriundo do vestido de noiva.
    Imagine este litígio familiar entre povos e a briga pela posse dos territórios que cada um julga ser seu. Enquanto os de fora meterem a colher nesta discussão,a discussão azederá.

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  2. Enquanto Abbas não conseguir pôr ordem na própria casa (eliminando os terorristas do Hamas que controlam Gaza), não há como estabelecer um Estado palestino.

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  3. Dep Parsifal Pontes,
    post no seu blog uma materia sobre o afastamento do ex-prefeito de Santa Luzia do Para, ``Louro do PT``.

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  4. Parsifal;

    O seu partido - o PMDB - é parceiro das conquistas sociais deste governo e também da guinada ideológica desastrada que Lula e Dilma estão levando ao exterior.

    Ao se manifestar sempre de forma anti-hebraica e anti-americana; ao se alinhar com os incendiários presidentes do Irã e da Venezuela; ao embarcar nas articulações mais audaciosas do império chinês por trás de todos estes conflitos, o nosso país não gozará mais da neutralidade que nos faz entrar em qualquer lugar do mundo - e sermos bem recebidos, apenas mostrando uma camisa 10 da seleção.

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