Desde os tempos do Senado romano discute-se que o excesso de leis prejudica a justiça, e esta, para se efetivar, ignora 90% delas.
Nas discussões dos tribunos romanos sobre o assunto, credita-se ao mais sábio deles, Cícero, a frase até hoje usada para demonstrar que já há lei para tudo. Cícero desafiou os senadores: "da mihi factum, dabo tibi jus" (dá-me o fato, dar-te-ei o direito a se aplicar).
De 2000 a 2010 os estados e a Federação criaram 75.517 leis. Foram 6.865 por ano; 18 por dia. Atente-se: este número foi nos últimos dez anos. Ao todo, avalia-se que o Brasil possua mais de 500 mil leis. Só as leis federais somavam, em 2009, 181 mil.
A média absurda dos últimos dez anos se deu por um motivo lúdico: criou-se o mito de que parlamentar operoso é aquele que faz mais leis, não importando a qualidade, conveniência, constitucionalidade, ou oportunidade das proposições.
Há assessor parlamentar cujo trabalho é procurar na internet leis elaboradas nos mais diversos estados da Federação para que se proponha a mesma no seu estado. O plágio chega a ser confessado quando se interpõe algum óbice constitucional ao projeto: “mas, esta mesma lei já foi aprovada no estado tal...”
Um alto percentual desta avalanche não é aplicado, por inconstitucionalidade: 80% da produção legislativa do Rio de Janeiro, por exemplo, é ignorada no cotidiano judiciário e vira letra morta.
Esta realidade, com variações diferenciais, repete-se nos outros estados, o que cunhou a descrença com o arcabouço legal, dita na forma de que “lei no Brasil é potoca”, e atrasa a aplicação da justiça, pois pode postergar o processo até o Supremo Tribunal Federal, que, de 2000 a 2010, julgou 2.752 leis inconstitucionais, e mais de 5 mil estão na fila de espera.
O Poder Legislativo, juntamente com a sociedade, precisa repensar o seu papel: produção em série de projetos que, se em leis transformados, serão esquecidos logo depois da discussão é muito pouco, quase uma desnecessidade, diante do que a sociedade demanda, principalmente porque, é mais do que atual o jogo proposto por Cícero: da mihi factum, dabo tibi jus.
Realmente, deputado, o senhor tem toda a razão: se com 27 unidades federativas já temos todo esse emaranhado de leis mortas, criar mais 2 estados só iria deixar a situação ainda mais estapafúrdia.
ResponderExcluir22:26:00,
ResponderExcluirPermita-me discordar: o que deveria mudar seria a forma como exercermos a legislatura. A contrário senso, resolveríamos o problema acabando com os estados, o que é uma lógica absurda, pois seriamos levados ao nexo final de algo assim como para comer o omelete, além de quebrarmos os ovos termos que matar as galinhas.
Mas sei que você está apenas brincando.
és um gênio Deputado Parsifal.por isso leio diariamente seu blog.abraços.
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