O Memorial de Dilma Rousseff

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A presidente afastada Dilma Rousseff assinou ontem (17) uma espécie de memorial aos senadores, que também fez as vezes de fala à nação, já que resolveu ler a missiva lavrada.

Destarte as controvérsias internas, Dilma insistiu na lógica do golpe, discurso adotado pelo PT desde o vestíbulo da esteira do impeachment, que o rolar das águas provou estéril para o que se designava, portanto, a tese chove em um assoalho molhado, sob cuja cumeeira não se providenciou eficaz entelhamento.

Um outro ponto no qual a presidente afastada entalhou as suas letras, idem, não surte efeito, qual seja, a promessa de, em retornando ao cargo, patrocinar a realização de um plebiscito sobre a antecipação das eleições e uma reforma política e eleitoral.

A primeira parte da asserção é contradição justificável pelo arroxo e a segunda, somada à primeira, uma bravata com ares de blefe: Dilma refutou, quando a água da chaleira apenas fazia borbulhas finas em fogo brando, a tese de eleição antecipada, pois achava que apagaria o fogo antes de ocorrer a ebulição. De qualquer forma, as duas proposições apontadas não dependem exclusivamente do Congresso Nacional, onde Dilma, desde antes, perdeu absoluta capacidade de diálogo.

De resto, o memorial de Dilma passa a fazer uma mixagem de reconhecimento de erros com uma mal calibrada e personalizada defesa do estado de direito, sugerindo nas razões subliminares, que o ethos democrático nacional só será respeitado se o Senado a absolver e, em não o fazendo, a Casa terá cometido um crime de lesa pátria.

Tal sugestão, obviamente, no juízo dos senadores, tem um efeito contrário àquele o qual quem elaborou as mal traçadas linhas imaginou surtir, pois isso soa assim como se eu, ao ser julgado por um juiz, opinar, nas minhas alegações finais, que o meritíssimo só fará justiça se me absolver e se me condenar terá incinerado o sistema penal.

O excesso de confiança e loas, inclusive minhas, à Lula, o fez perder certo senso de realidade e não perceber as mudanças dos ventos que se aproximavam, crendo ele que nem mesmo sismos de grande monta lhe abalariam a popularidade e a capacidade de segurar as rochas morro abaixo.

O excesso de casmurrice de Dilma e a sua inapetência para o manejo político, também a afastaram da percepção de que ambos caminhavam para um abismo que fora cavado com os seus próprios pés, além daqueles que fizeram parte da coalizão que sustentou, a ferro, fogo e petróleo, a era do lulo-petismo que, com tristeza constato, tem um epílogo totalmente diverso da importância que merecia ter obtido.

Para ler “O Memorial de Dilma, clique aqui.

Comentários

  1. Color que dizia ter aquilo roxo não aguentou a pressão e renuciou. Dilma vai lá olhar na cara dos moralistas sem moral.

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