Já está em fase de testes o projeto que será a maior mina em exploração de ferro da Vale e a maior do mundo: o S11D, em Canaã dos Carajás, no Sul do Pará que, orçado em US$ 14 bilhões, deverá entrar em operação no final de 2016 e elevar a produção de ferro da Vale em 30% até 2020.
O S11D é mais uma epopeia empresarial da Vale, erigido sob uma logística muito mais moderna e otimizada que aquela usada na Serra dos Carajás: levou 5 anos apenas para obter o licenciamento ambiental.
Mas esse licenciamento ambiental, na verdade, não passa de um protocolo inútil, pois, ao final do empreendimento, tudo o que restará no lugar das montanhas que serão removidas e transportadas, principalmente para China, será um enorme campo estéril, e “estéril” é exatamente como são chamados os locais onde se entulham, ordenadamente, as terras e minerais não aproveitados na exploração.
A mineração, apesar das divisas que geram enquanto lhes dura o manejo, ao cabo faz da terra onde ela chafurda tal qual aquela onde goleiro pisa: nem grama nasce.
A Vale está ansiosa para iniciar o S11D, pois este lote faz um upgrade na qualidade das suas exportações, já que o teor médio do ferro ali sepultado é de 66,7%, considerado alto, o que o diferencia no mercado e isso, aliado a uma planta moderna, faz do produto explorado no S11D, o de menor custo de produção de toda a indústria de mineração do mundo e a empresa poderá negociar um preço melhor com os chineses que, desde 2011, têm pressionado a tonelada do ferro de tal maneira que hoje é menos do que a terça parte do que era no ano referido.
Para completar a dádiva, o esforço de cava do S11D é raso, tanto que, apenas a preparação dos lotes, sem atividade de mineração propriamente dita, já proporcionou à Vale um estoque de cerca de 10 milhões de toneladas de minério, o que significa mais de R$ 1 bilhão, que a empresa apenas espera a licença de operação, que deverá sair nos próximos 60 dias, para colocar nos vagões, ou seja, o S11D já começa a dar retorno antes de iniciar.
Ótimo para a Vale, seus acionistas e os periféricos que conseguem lucrar nos estritos e curtos limites da atividade local. A balança comercial brasileira também fica com uma rebarba. O Pará, como sempre, apenas verá os vagões fumegando, e o Maranhão, os navios zarpando.
Mas dizem os experts que a atividade mineral, no mundo inteiro, é assim mesmo: se nos colocarmos a querer algum retorno social mais sustentável a partir dela, tornamo-la inviável economicamente.
Se assim for, que seja ela, então, o enriquecimento de poucos, a expectativa de alguns e a miséria de muitos.
Mas que resumo enxuto, sem uma palavra a mais do que as necessárias a dizer tudo! Com maestria literária digna de Machado de Assis!
ResponderExcluirE que demonstração de incompetência desse Governo e da Administração da SEMAS: poder-se-iam opor tantas condicionantes quantas fossem necessárias a um mínimo de contrapartidas sociais e ambientais. Mas inexiste essa capacidade. Mais rasa que a mina é o conhecimento de quem está onde não deveria!!!
é necessário mudar a legislação...a partir da seguinte pergunta: a quem pertencem os recursos naturais?, pois se são naturais a mão do homem não os construiu e portanto não pertencem a nenhuma mão em especial.
ResponderExcluirConcordo com a opinião do Ismael Moraes, em um país desenvolvido com pessoal qualificado ocupando cargos por competência técnica, no mínimo que se exige das mineradoras são muitas condicionantes para minimizar os terríveis impactos ambientais e sociais. Razão pela qual as mineradoras preferem explorar essas minas em terras longe do continente europeu.
ResponderExcluirA continuar nessa exigência irrisória,por parte dos Órgãos ambientais, continuaremos sofrendo e empobrecendo ainda mais com esse tipo de exploração em nosso solo.