Quando o Canal do Panamá, ligando o Atlântico ao Pacífico, foi inaugurado em 1914, constituiu-se em um marco da engenharia mundial e em uma revolução na logística marítima do início do século XX, pois antes dele os navios da rota Leste-Oeste, ou vice-versa, desciam até o Cabo Horn, onde atravessavam pela passagem de Drake ou pelo estreito de Magalhães.
E assim o canal serviu absolutamente à dita rota por três quartos do século XX, pois no quarto seguinte, começaram a surgir navios de porte superior ao que o canal poderia suportar.
Mas eis que os panamenhos foram previdentes ao verem que o futuro do canal, substancial à economia panamenha, passava pelo seu redimensionamento, já que no início desse século, cerca de 50% dos porta-contêineres em operação não mais cabiam nele e isso resultou em considerável perda de receita.
Em 2006, os panamenhos foram convocados a um plebiscito, para dizer se queriam investir cerca de US$ 6 bilhões no aumento do canal. O PIB à época era de US$ 17 bilhões, ou seja, os investimentos seriam de 35% do PIB (!).
Os panamenhos disseram sim, as obras começaram e ontem (25), a ampliação foi inaugurada com a passagem do porta-contêineres chinês Cosco Shipping Panama, uma monstruosa nave de 50 metros de largura por 300 metros de comprimento. Grosso modo, imagine três campos oficiais de futebol emendados um ao outro pelo comprimento e terá o tamanho do Cosco.
O canal, que até ontem dava vazão a 333 milhões de toneladas (2015), aumentou a sua capacidade operacional para 1 bilhão de toneladas, colocando o Panamá, novamente, no topo da logística de transporte de carga marítima mundial.
A moral da história é o capote excepcional que um pequeno país da América Central deu nos grandes do continente: enquanto o Canal do Panamá se reinventou, a infraestrutura continental referente ficou para trás, pois a maioria dos portos do continente americano são incapazes de acomodar leviatãs como o Cosco Shiping Panama, não escalando, portanto, a derrocada dos preços que eles proporcionam na unidade de carga.
O continente americano, com poucas exceções, estacionou a sua infraestrutura portuária no século passado, enquanto a Europa e a Ásia, nesse ramo, vivem o futuro.
A Maersk Line, operadora da maior frota mundial de contêineres, já encomendou 20 novos navios que, de tão grandes, quando, e se, forem fazer a rota Leste-Oeste, terão que descer ao Cabo Horn, pois não caberão no Canal do Pananá, mesmo ampliado.
É o que seu sempre digo: quem não prepara o seu próprio destino é atropelado por ele. Nesse rumo, outro país da América Central apura-se para aproveitar o seu potencial de corredor logístico, preparando-se para investir US$ 40 bilhões em um canal maior que o do Panamá ampliado, tendo como único desfavor o percurso três vezes mais longo, mas isso é muito mais curto do que singrar até o Estreito de Magalhães.
A grana desviada da Lava Jato fazia a ampliação do Canal do Panamá e ainda sobrava dinheiro.
ResponderExcluirDeputado, o custo da obra foi, realmente, os seis bilhões de dólares orçado? Ou aconteceu como no Brasil, que no final a obra custa três vezes mais do que o projeto inicial? Vide a refinaria Abreu e Lima, Belo Monte, etc.
ResponderExcluirO custo projetado da obra foi de US$ 5,45 bilhões. O custo final foi de US$ 6 bilhões. Esse custo foi da obra de engenharia. Houveram mais custos, principalmente com realocação de animais e mitigações ambientais.
ExcluirNotícias incompletas:
ResponderExcluirAssisto com frequência o Jornal da Band, e depois mudo para o Jornal Nacional, e dependendo do foco do jornal, as notícias são servidas com temperos diferentes; porém ontem ambos deixaram no ar o sentido da palavra 'riscos' no corte da cana-de-açúcar sem a prévia queima da palha pelos 'boias frias'(pobres migrantes em busca de serviço).
Jornalistas urbanos, criados em apartamentos e que nunca pisaram num canavial, não têm a menor ideia do que seriam esses riscos:picada de insetos e animais peçonhentos que caçam pequenos roedores que abundam estas roças.
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Notícias maquiadas:
Só existe uma coisinha errada com o 'escândalo das receitas' da Petrobras. A própria franquia. Tudo o que é dado pelo governo é incontrolável depois; não adianta achar culpados e querer chancelar isso como 'agregado do escândalo da Petrobras'. Até de cheque moradia se abusa, principalmente para virar resultado de eleição para governador de estado.
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Notícias persistentes:
Passados alguns meses e os morcegos continuam frequentando as escolas da SEDUC em Marabá. Talvez tenham descoberto que o governo Jatene prefere construir uma escola nova a reformar 30 antigas.
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Notícias ausentes:
É grande, muito grande a taxa de mortalidade infantil entre os pequenos pacientes do H. Dr. Octávio Lobo (H. do Câncer Infantil), principalmente entre os casos (diagnosticados tardiamente) no interior. Alguém já teve a curiosidade de verificar isso e comparar com outros centros do país? Não?
Estou cada vez mais convencido de que o projeto político da saúde pública do Pará é direcionar agravos para as OSs, e o que poderia ser prevenido, ou tratado no início com grandes chances de cura, que espere para agravar.