Pular para o conteúdo principal

Caiu a ligação…

Shot 001

A bancarrota da OI, anunciada ontem (20), é um exemplo de como não é possível sustentar por muito tempo, na economia real, a esquizofrenia que o Brasil exerce no mercado, misturando modelos econômicos antagônicos.

Alguns já debitaram a conta da quebra ao modelo de privatização da era FHC. Isso não tem procedência, pois o problema da OI, guardadas as deficiências operacionais de todas as teles, não é operacional e sim financeiro.

É certo, para não deixar de estocar os tucanos, que as privatizações daquela era, se comparadas, fariam o Mensalão e a Lava Jato, juntos, serem troco, mas isso seria um problema de polícia e não de modelo de concessão.

O problema da OI começou quando o Estado decidiu transformá-la na maior operadora de telefonia fixa do Brasil e uma das maiores do mundo, para que nós tivéssemos “alguém” à altura de concorrer com as estrangeiras do ramo.

Para cumprir o figurino, a Oi estocou uma dívida, à época, de R$ 19,4 bilhões, pulverizada em diversos tomadas, que vão desde o caridoso BNDES até bancos internacionais.

Quando saiu o tucanato e entrou o lulopetismo, formalizou-se a mudança de Telemar para OI. Sob a orientação de Lula, os sócios miúdos foram escorraçados e mais empréstimos foram contraídos para arrematar a Brasil Telecom, que tinha uma dívida de R$ 2,5 bilhões.

Tudo para cumprir a sandice de ser uma “SuperTele”, alcançando o posto de segunda maior empresa privada do país.

Querem mais? Para ser maior ainda, o então chefe do gabinete civil de Lula, José Dirceu, ordenou que a OI comprasse a Portugal Telecom, aventura lusitana narrada na CPI do Mensalão, pelo então deputado Roberto Jefferson, que além de contar a comissão, revelou que o troco ao PT foi ressuscitar o jornal Brasil Econômico, do grupo português Ongoing que, pelo sim ou pelo talvez, também fechou as portas em 2015.

Ou seja, além de a Telemar ter nascido siamesa, com um lado do corpo no Estado e o outro no mercado, fazendo uma bolha que estouraria se um dos lados fosse retirado, a empresa foi vítima de megalomania estatal e aparelho financeiro tanto dos tucanos quanto do lulopetismo. Ainda, o seu gigantismo foi alicerçado em um ativo em desuso: a telefonia fixa.

O engenho rolou até que os credores enxergaram que um lado do corpo foi extirpado: o Estado, com as vacas magras e a PF cada vez mais enjoada, mandou a OI se virar com a dívida, cada vez mais curta, de R$ 65,4 bilhões.

Creio que a capacidade de pagamento da OI não cobre a promessa da recuperação judicial, pois se assim o fez é porque, idem, o outro lado do corpo, o mercado, na forma de credor, também lhe puxou o tapete.

Ou seja, a OI ruma à liquidação. E caso não houvesse ainda algum outro valor se alevantando, o pedido de recuperação judicial já seria um relevante motivo para lhe cassar a concessão.

Comentários

  1. Francisco Márcio21/06/2016, 10:29

    Toda vez que político se envolve em empresas dá nisso: falência. Veja o caso da CDP, foi só entrar um político profissional, a empresa esta à beira da bancarrota ( Ao menos, é o que diz o Jornal Imparcial/Liberal ).

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não acredite no Imparcial (já houve um jornal no Pará chamado de "O Imparcial"). A CDP, mesmo com o naufrágio da proporção do Haidar, que já sangrou a empresa em cerca de R$ 25 milhões, não está falida e sequer proporá recuperação judicial. As medidas de eficiência e cortes de despesas tomadas deverão retira-la do prejuízo de 2015 para ajuste em 2016 e lucro em 2017.
      Mas você tem razão. Isto ocorrerá porque tento o máximo possível manter a política fora dela.

      Excluir
    2. Francisco Márcio, com todo o respeito, digo que alguém acreditar na 'imparcialidade' do grupo Liberal é a mesma coisa que acreditar nos sussurros de uma profissional do sexo.

      Excluir
    3. Francisco Márcio22/06/2016, 18:21

      Será?!?

      Excluir
  2. Ismael Moraes21/06/2016, 17:00

    A ficha caiu?

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Comentários em CAIXA ALTA são convertidos para minúsculas. Há um filtro que glosa termos indevidos, substituindo-os por asteriscos.

Postagens mais visitadas deste blog

Mateus, primeiro os teus

Convalescendo da implantação de um stent , o governador Simão Jatene (PSDB-PA) foi apanhado, ainda no Hospital do Coração (SP), na manhã de ontem (03), por uma desagradável matéria da “Folha de S. Paulo” reportando que “ao menos sete familiares, além da ex-mulher e da ex-cunhada” de Jatene exercem cargos de confiança no Executivo, no Legislativo e no Judiciário do Pará. A reportagem declara que, somados, os salários dos familiares do governador “ultrapassam R$ 100 mil mensais”. > Sem incidência de nepotismo As averiguações já foram matérias em blogs locais. Quando me foi perguntado se feriam a Súmula 13 do STF (nepotismo), opinei que não, o que foi agora ratificado pela reportagem da “Folha” que, ouvindo “especialistas” declarou que os “casos não se enquadram diretamente na súmula vinculante do STF”. Nenhum dos parentes ou afins relacionados pela “Folha” está a cargo de órgãos vinculados ao executivo estadual e a matéria não demonstra a existência de cargos ocupados, no Poder...

O HIV em ação

A equipe do cientista russo Ivan Konstantinov arrebatou o primeiro lugar no “International Science and Engineering Visualization Challenge”, um concurso que premia imagens científicas da forma mais verossímeis e didáticas possíveis. Abaixo, a imagem em 3D do mortal vírus da Aids (HIV), em laranja, atacando uma célula do sistema imunológico, em cinza. A tática do HIV é se estabelecer dentro da célula, sem destruí-la. Na imagem abaixo foi feito um corte para mostrar o HIV já estabelecido no núcleo da célula imunológica, usando-a para se reproduzir, expelindo mais vírus que atacarão mais células imunológicas para torna-las hospedeiras, por isto o sistema imunológico do portador do HIV fica reduzido. As imagens foram retiradas do portal russo Visual Science .

Parsifal

Em uma noite de plenilúnio, às margens do Rio Tocantins, o lavrador pegou a lanterna e saiu correndo de casa à busca da parteira. Sua mãe, uma teúda mameluca, ficou vigiando a esposa que se contorcia com as dores do parto. Quando voltou com a parteira, o menino já chorava ao mundo. Não esperou: simplesmente nasceu. A parteira cortou o cordão umbilical e o jogou ao Rio Tocantins. Após os serviços de praxe de pós parto, a mãe de Ismael o chamou ao quarto para ver o filho. O lavrador entrou no quarto. A lamparina o deixou ver a criança ao peito da mãe: nascera Parsifal, pensou ele orgulhoso. O lavrador pegou uma cartucheira calibre vinte, carregou o cartucho ao cano, armou e saiu à porta. O Tocantins espreitava-lhe manteúdo. Apontou a mira da vinte à Lua e disparou: era assim que os caboclos do baixo Tocantins anunciavam a chegada de um homem à família.