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Os Lusíadas

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Ontem (12) foi o dia mais tenso, até o momento, da “Tragédia do Haidar”. Com o rompimento de uma barreira de contenção, as cerca de 100 cabeças que escaparam foram levadas à praia de Vila do Conde.

Quando os moradores abriram as portas uma fila de cadáveres putrefatos estendia-se pela praia: a maré distribuíra a encomenda com um capricho linear.

Um surto de insatisfação contaminou os atingidos e estabeleceu uma descoordenação nos movimentos, que se foram formando sem uma liderança verificável, o que dificultou a negociação e alimentou o caos.

Os que bloqueavam os portões do porto, exigiam indenizações ou não permitiriam o tráfego. Os que permaneceram na praia exigiam a retirada imediata das carcaças. Os que residem no vilarejo bloquearam a saída das caçambas com as carcaças já colhidas, o que impedia o atendimento da reivindicação dos da beira. Quando ambos acordavam, os que estavam em frente aos portões do porto não deixavam as demais máquinas e caminhões saírem para dar apoio à operação da praia, pois a pá carregadeira que lá estava atolara na areia.

As caçambas que estavam com carcaças colhidas da área de contenção do naufrágio não podiam chegar à área de despejo porque outro grupo de manifestantes bloqueava o acesso.

Os que estavam bloqueando os portões exigiam a presença de pessoas da CDP, mas outro grupo bloqueou a estrada de acesso ao porto e os funcionários da CDP não podiam prosseguir.

De helicóptero, chegaram ao porto o secretário de Meio Ambiente do Estado e o procurador da República. Por vias alternativas aos bloqueios chegaram o prefeito de Barcarena e sua equipe, a defensora pública de Barcarena e vários oficiais da Polícia Militar, que tem tido um comportamento exemplar na administração da crise.

Em Belém, eu negociava com o proprietário da empresa contratada para a limpeza que queria desmobilizar os equipamentos e funcionários do front, porque a população ameaçava tocar fogo no maquinário. Convenci o diretor da empresa a não recuar da linha.

A Semas, com o adensamento da crise, foi cooperativa: enxergou que não havia outro paliativo a não ser a solução tomada pela CDP de abrir valas e depositar os dejetos retirados, mas exigiu que os mesmos não fossem incinerados e sim enterrados em valas forradas com material impermeabilizante.

A exigência da Semas de enterrar abriu crise com o Ibama, cuja determinação fora incinerar. Ordenei aos operadores que a solução seria forrar as covas, conforme a Semas queria, e depositar os bois. Com as carcaças dentro das covas decidiríamos se jogaríamos gasolina para queimar ou terra para cobrir.

Cheguei no porto juntamente com o advogado Ismael Moraes, que advoga há algum tempo para associações locais, a quem eu apelei para arrefecer os ânimos. No meio da tarde a Semas confeccionou um documento de compromissos das autoridades com os manifestantes, que permitiu o início da limpeza das praias e o depósito dos dejetos nas valas impermeabilizadas.

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A operação vara pela noite para tentar amanhecer com as praias limpas.

O crucial da salvatagem é o estabelecimento de uma rotina de resgate, pois essa embarca celeridade ao procedimento. Por isso determinei que a equipe da Mammoet Salvage, contratada para sugar as 600 toneladas de óleo do navio e retirá-lo do porto, fosse confinada em uma sala para planejar cenários sem os incômodos cá de fora e ir à campo ainda no dia de hoje (13).

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Estou convencido de que a claudicância nas operações de resgates em catástrofes no Brasil, tem causa nas excessivas esferas de competências, que dificultam o estabelecimento de engrenagens e tornam impraticável cadeias de comando.

Não é possível dar celeridade a situações desse tipo, sem um protocolo no qual cessem todas as competências concorrentes e uma intervenção militar, seja do estado ou da República, seja estabelecida, até que a situação volte à normalidade.

Momentos de exceção devem ser tratados com medidas de exceção. O lema deveria ser como o Canto I dos “Lusíadas”:

“Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandre e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram:
Que eu canto o peito ilustre lusitano,
A quem Netuno e Marte obedeceram!
Cesse tudo o que a musa antiga canta, que outro valor mais alto se alevanta!”

Comentários

  1. Não queria estar em vossa pele amigo!

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    1. É, meu amigo, como dizia a minha avó Ciló, quem procura acha...

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  2. Parsifal, desculpe minha desatualização, mas qual cargo você assumiu com a nomeação do Helder?

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    1. Nenhum. Quando ele foi nomeado eu já estava presidente da CDP.

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  3. Ah os anônimos que se fazem de inteligentes!

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  4. Como está o processo civel e penal contra o ex-presidente da CDP Ademir Andrade? Vai prescrever também?

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    1. Não tenho ideia. Isso é com o MPF.

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    2. Mas não tem dinheiro da CDP que precisa ser devolvido?

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    3. Quem dirá isso é a Justiça Federal.

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  5. presidente: o porto de Belém vai acabar ? pois tenho ouvido de alguns func, da área operacional que se fossem presidente já teriam desativado o mesmo , pois só gera custos é mais nada. esta afirmação procede diante disto: https://www.cdp.com.br/documents/10180/44826604/KPMG+BM_35_Cia+Docas+do+Para.pdf/1ffba2e9-b066-46d3-bda8-807f6f6a6e70 JORGE ERNESTO SANCHEZ RUIZ DIZ NA ENTREVISTA: o art. 6º da nova Lei dos Portos,, por
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    decorrido entre a discussão da nova Lei
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    TCU a respeito dos estudos e editais dos
    novos arrendamentos. A recuperação
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    pessoal, podem viabilizar as contratações...Quais são as medidas mais
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    pelos portos do Pará?
    Recuperação da sua infraestrutura
    física – berços de atracação, vias
    internas, etc. –, melhorias em sistemas
    de gestão e renovação e capacitação do
    seu quadro de pessoal.( ISSO E PIADA,POIS TEM GENTE COM MAIS DE 41 ANOS E AINDA ESTÃO LÁ E NÃO SAIRAO TÃO CEDO )ana maria ,otilio.Poderia exemplificar?
    A CDP tem oito unidades portuárias
    sob sua responsabilidade, mas as
    realmente importantes, pela ordem, são
    Vila do Conde, Belém e Santarém. Em
    Belém, levando-se em conta também
    dois terminais: o de Miramar e de Outeiro. (MAS NÃO CHAMA NIGUÉM DA AREA OPERACIONAL DO ULTIMO CONCUSO PARA LÁ.,EX:OUTEIRO E MIRAMAR.)Há outras ações em andamento?
    Acabamos de passar por uma fase
    de validação dos processos internos na
    companhia, desde a área de compras
    até o processo de pessoal,( QUE TIPO DE PESSOAL ??????)

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    1. Há várias visões sobre a destinação dos portos no Brasil e em como dar-lhes competitividade.
      Entendo que quem fez concurso público e passou tem uma expectativa frustrada ao não ser chamado e isso é uma odiosa recorrência na administração pública, mas não é o que deve pautar a discussão estratégica portuária no Brasil, que tem um gargalo gigantesco tanto nos equipamentos portuários quanto na estrutura administrativa da autoridade portuária, como também na estrutura de toda a cadeia dos serviços, como a estiva, a arrumação, a atração etc, pois essas coisas ainda estão sendo discutidas do ponto de vista puramente sindical, mascarado de busca de eficácia ou competência.
      Eu, praticamente, sempre tive em mente, e estou aberto a discussões, desde que não amarradas a interesses pessoais ou classista, que só conseguiremos eficiência global nos portos brasileiros, se colocarmos placa de venda em todos eles, e isso não significa que a estrutura de pessoal não vai ser absorvida, mas aí com outros critérios.
      O Estado, enquanto República, tem que dizer as regras do jogo e não sentar na mesa para jogar, pois aí ele começa a estragar o jogo.

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    2. presidente: o porto de Belém vai acabar ? pois tenho ouvido de alguns func, da área operacional que se fossem presidente já teriam desativado o mesmo , pois só gera custos é mais nada. esta afirmação procede ?

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  6. Parabéns presidente pela condução da crise. Eu tenho 10 anos de CDP e já vi 8 acidentes de Vila do Conde. Se juntar os 18 que já tiveram lá não chega na metade dessa confusão que caiu no seu colo. Quem fica fazendo críticas e dizendo que está demorando e isso e aquilo é porque não sabe o que está sendo feito e nem está na sua pele que eu não queria estar nunca. Agora na minha pouca experiencia disso tudo, pois sou um mero guarda portuário, acho que o senhor tem que falar o que já foi feito pois já foi feito muita coisa porque eu estou vendo o senhor conseguir carregar agua em paneiro e chegar com a metade do paneiro cheio do outro lado porque tem um monte de gente lhe atrapalhando inclusive a comunidade.
    Sou um gaurda portuário e não vou me identifcaer porque senão vão dizer que estou puxando o seu saco para coneguir alguma coisa.
    Deus lhe ajude.

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  7. Diante da incompetencia das nossas autoridades para solucionar os problemas decorrentes desse acidente com os bois na Vila do Conde. Vamos reconhecer que os urubus do Ver-o-peso estão sendo mais eficientes que nossas autoridades no destino dado aos animais mortos. Viva os urubus!

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  8. parsifal, o sr tem conhecimento disto: http://www2.trt8.jus.br/consultaprocesso/formulario/ProcessoConjulgado.aspx?sDsTelaOrigem=ListarProcessos.aspx&iNrInstancia=2&sFlTipo=T&iNrProcessoVaraUnica=6&iNrProcessoUnica=957&iNrProcessoAnoUnica=2011&iNrRegiaoUnica=8&iNrJusticaUnica=5&iNrDigitoUnica=53&iNrProcesso=0&iNrProcessoAno=0&iNrProcesso2a=561&iNrProcessoAno2a=2012 Relacionado a desvio de função dentro da cdp 1 conferente capatazia que entrou em 2004, Exercendo a função de fiel de Armazém ,fora que o preposto da cdp se equivoca pois das 3 pessoas que ele menciona no processo como fiel só um deles e fiel os outros são: contador 3 e Assistente Técnico Administrativo 2.

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    1. A Justiça dará o seu veredito e ele será cumprido.

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  9. http://www2.trt8.jus.br/consultaprocesso/formulario/ProcessoConjulgado.aspx?sDsTelaOrigem=ListarProcessos.aspx&iNrInstancia=1&sFlTipo=T&iNrProcessoVaraUnica=6&iNrProcessoUnica=957&iNrProcessoAnoUnica=2011&iNrRegiaoUnica=8&iNrJusticaUnica=5&iNrDigitoUnica=53&iNrProcesso=957&iNrProcessoAno=2011&iNrProcesso2a=0&iNrProcessoAno2a=0

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  10. Puxando o saco é pouco, voce esta puxando e carregando todo o Presidente. Sempre ouvi dizer que o saco do chefe é o corrimão do sucesso.

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  11. Prezado Parsifal,
    quem manda? O IBAMA ou SEMAS?
    Já diz o livro sagrado que é impossível agradar a dois senhores.
    Que o dileto procurador defina qual a esfera de ação (federal ou estadual) para que o órgão competente defina as ações - e seja responsável por elas por estar em sua área de jurisdição.

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    1. Na área ambiental as competências são concorrentes entre União, Estados e municípios.

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  12. esse caso me faz lembrar o problema da reciclagem de lixo. Eu cresci vendo os pais e a vizinhança aproveitaram tudo que é vegetal para fazer adubo. Uma vizinha também aproveitava a urina humana, ela armazenava em grandes barris e mais ou menos a cada semestre largava tudo na sua propriedade de uma vez. Casacas de banana, mandioca, nada vai para o lixo. Na minha cidade, todo lixo é lavado para um aterro a 60 km de distancia. Que vergonha!
    Vi na tv que um shopping de sao paulo aprovita todas as sobras de comida para plantar verduras no proprio shopping, eles usam um processo patenteado, com maquinas, para preparar o adubo, e não usam terra.
    Seria bom os municipios fazerem isso, mas deveriam também reciclar os animais mortos. Não sei se há tecnologia razoavel para isso. Em uma cidade de 100 mil habitantes morrem cerca de 10 cachorros por dia, deveriam reciclar para fazer adubo.

    Eu já li sobre um caso em que a população carneou uma baleia morta que apareceu na praia, pensei que pudesse acontecer o mesmo com os bois.

    Voltando para o assunto dos bois, não é o caso de perguntar para algum flamenguista como reunir rapidamente um monte de urubus para que desapareça essa carniça? (brincadeira)

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  13. A culpa disso tudo q ta acontecendo e do presidente da cód e do Jader Barbalho pronto falei.

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