Matéria do “Diário do Pará” reporta que os arredores do Lixão do Aurá estão tomados, desde setembro, por “uma fumaça cinza escura, sufocante e com cheiro de pneu e plástico queimado”.
Diz o líder comunitário Raimundo Filho que a fumaça o impede de dormir, dói nos olhos e arde.
Sara Albuquerque, 29 anos, relata que na escola infantil do conjunto “os alunos asmáticos passam mal, precisam ser liberados e encaminhados para atendimento médico” e as vezes a escola precisa ser fechada.
O diretor da Associação de Biólogos no Pará (Abiopa), Luiz Carlos Albarelli, afirma que “na queima do lixo, são emitidos para a atmosfera vários produtos nocivos, sendo um dos principais o gás carbônico (CO2)” e que “além do CO2, podem se formar, com a incineração do PVC, presente em canos, tubos e produtos plásticos, gases como as dioxinas e os furanos, compostos que se mantêm ao longo da cadeia alimentar, e tóxicos, que causam aumento da acidez de águas, dos solos, mortandade da flora e fauna, além de graves danos à saúde humana como lesões na pele, pulmões e câncer”.
O lixão do Aurá, sob o olhar complacente das autoridades ambientais e órgãos fiscalizadores da República, funcionou a céu aberto desde 1990 e só foi fechado em julho de 2015.
Perguntas:
1. À Semas e ao Ibama:
a. Por que ainda não multaram em algumas dezenas de milhões de reais os responsáveis pelo dano ambiental provocado pela fumaça toxica que agonia as redondezas?
b. Por que não pediram, até hoje, para entrega em 24hs, um plano de contingência, aos responsáveis, para a retirada de todo o lixo depositado no Aurá, por 25 anos, sem o menor preparo ambiental, sob pena de dobrar, triplicar, quadruplicar e etc., a multa nunca aplicada?
2. Ao Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual e Defensoria Pública do Estado:
a. Por que nunca processaram as autoridades responsáveis pelo depósito e queima de lixo no Aurá, por crime ambiental continuado?
b. Por que ainda não cadastraram as famílias atingidas e requereram ajuda básica alimentar e um subsídio pecuniário mensal até que cessem os efeitos danosos?
Assim como as pessoas, há órgãos que vivem uma zona de conforto tão complacente que dela só são arrancados quando o vento bate um pouco mais forte, não percebendo que, mesmo fraca a brisa, se ela é constante sobre a areia, acaba um dia por carregar a praia inteira.
Ensimesmo como se dá a neurologia que escolhe os nossos arroubos de últimas consequências.
Destarte eu tente dar-me alguma explicação para isso, acabo sempre naquela constatação que Mario Puzo colocou na boca do mais afamado capo di tutti capi da literatura mundial, Don Vito Corleone, em “O Poderoso Chefão”, que foi às telas como a obra prima de Francis Ford Coppola:
“Todos fazemos parte da mesma hipocrisia”.
O fedor ataca.
ResponderExcluirPassar desapercebido ao lado de bueiros pode ser uma experiência muito desagradável. Uns dizem que o cocô dos prédios vai todo para uma rede de esgoto velha e mal cuidada, causando entupimentos, produção de gases, etc.
Sao os tais festejos dos 400 anos..brinda-se a doença desta cidade carcomida pela total falta de cuidados dos seus moradores.
ExcluirAs Instituições servem a grupos e não a sociedade. Vamos educar os filhos para serem melhores, porque essa geração já se perdeu no caminho....
ResponderExcluirMais uma pergunta: por que, só agora! V. Exa dignou-se a fazer essa pergunta aos Órgãos supra citados? Incluindo-me aí:
ResponderExcluir“Todos fazemos parte da mesma hipocrisia”.
Porque só agora eu fui notar que eles se preocupam como o meio ambiente.
ExcluirNão me mate kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Excluirkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Suas indagações são absolutamente pertinentes. A culpa dessa bandalheira toda são os políticos ordinários, salafrários, desonestos, de todos os partidos, sem exceções, que quando estão no bem bom do mandato se ocupam exclusivamente de fazer negócios com o seu voto. Tivéssemos meios de puni-los de forma eficaz, por certo não teríamos que conviver com seus questionamentos. Aliás, o Sr. poderia aproveitar a oportunidade para registrar o que fez em suas passagens pelo legislativo e executivo. com o propósito de dar um basta nas situações mencionadas?
ResponderExcluirMeu caro, parceiro de anonimato das 9:41 de 25/10/2015.
ExcluirEsses qualificativos que põe nos políticos, cabem também aos executivos nomeados e concursados, os ocupantes do judiciário e ao povo que vota mediante interesses próprios, como emprego, venda de voto, no lugar de votar espontaneamente no melhor candidato.
Para um quadro desse, Não pense em punir ninguém, porque nesse quadro, seria a liquidação do país, vendendo para uma multinacional especulativa ou com uma bomba atômica. Vc também seria destruído.
Deixa de ser tolo, vá trabalhar.
Presidente, não queira levar para lama todos, o problema é este desastre de Barcarena que não deveria ter acontecido se providencias tivessem sido efetuadas e eu como maritimo nunca deixei um barco tão mau amarrado como este. Não acredito que não teve ninguem que não tivesse notado isto.
ResponderExcluirNão preciso, e nem quero, levar ninguém à lama, apenas mostro que todos estão nela há bastante tempo e só chafurdam no pedaço, e no tempo, que lhes é conveniente.
ExcluirA Defensoria Pública da União, a Defensoria Pública do Estado do Pará, o Ministério Público do Estado do Pará e o Ministério Público do Trabalho vêm há algum tempo discutindo e tomando providências sobre a questão do lixão do Aurá.
ResponderExcluirhttp://www2.defensoria.pa.gov.br/portal/noticia.aspx?NOT_ID=857
http://www2.defensoria.pa.gov.br/portal/noticia.aspx?NOT_ID=1789
http://www2.defensoria.pa.gov.br/portal/noticia.aspx?NOT_ID=693
http://www.agenciabelem.com.br/noticias/detalhes/104142
http://www.dpu.gov.br/noticias-defensoria-publica-da-uniao/22305-encerramento-de-atividades-no-lixao-do-aura-e-tema-de-audiencia-publica
Não me parece que nesse tema esses órgãos estejam inertes como dito. Talvez o que incomode seja o fato de que não tenham ingressado imediatamente com ações judiciais sobre a questão, judicializando desde logo a solução dos problemas como se fez no naufrágio recente em Porto da CDP. Mas, se assim fizessem, não estariam cometendo o mesmo erro que o blogueiro apontou em postagem anterior sobre a judicialização na questão do naufrágio? Afinal, a judicialização prematura é um problema ou só é um problema quando se é o gestor público que terá que lidar com isso? ;)
Se essas trocas de gentilezas entre os órgãos citados nos links é para você "tomar providências", eu adoraria que essas tomadas de providências fossem similares no caso do naufrágio do Haidar.
ExcluirA judicialização prematura é sempre um problema em quaisquer circunstâncias, pois, para a maioria, judicializar é empurrar a solução do problema para o próximo século.
Mas no caso do Aurá, não houve judicialização prematura e nem temporânea: apenas fotos para a imprensa e o lixão continua lá, para todo o sempre, sem multas, sem prazos de 24h e nem 48h.
Continuo com a tese do Don Vito Corleone.