Pular para o conteúdo principal

Canção do Tamoio

Shot 020

Uma pesquisadora da UFPA declarou que a poluição causada pela tragédia do Haidar chegaria a Belém em 15 dias, comprometendo a qualidade da água usada na capital. O presidente da Cosanpa afastou a probabilidade.

A previsão da pesquisadora acabou acontecendo antes do prazo: a tragédia do Haidar chegou hoje (15) à Belém, mais precisamente na Rua Domingos Marreiros, 598, prédio onde funciona a Justiça Federal do Pará.

A crise atravessou a baia através de uma ação do Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual e Defensoria Pública, que pedem o fechamento total do porto de Vila do Conde, de onde vêm 80% da receita da empresa, ameaçando-lhe o fluxo de caixa.

A CDP não é a dona dos bois, mas está pagando o pato, pois é a única empresa até o momento a sustentar uma despesa de aproximadamente R$ 300 mil por dia para bater-se com as consequências de um episódio ao qual não deu causa.

As duas colunas mestras da ação que pede, liminarmente, o fechamento do porto de Vila do Conde:

1. A alegação de que os trabalhos estão lentos. Essa lentidão potencializa os danos ambientais e sociais. Em se fechando todo o porto, a empresa poderá focar na operação, que será mais rápida.

2. E a falta de assistência alimentar e pecuniária aos atingidos.

A primeira alegação, que é mera suposição, não remete à finalidade desejada, pois os trabalhos não “estão” lentos: eles “são” lentos. Há 650 toneladas de óleo pesado no ventre do Haidar, o que o transforma em uma bomba que deve ser desarmada com cuidado. A pressa pode causar uma tragédia maior do que a já ocorrida.

A empresa contratada, uma das melhores do mundo no assunto, já apresentou o seu plano e assinou o seu prazo: 4 meses, esteja o porto fechado ou aberto. O movimento do porto não afeta o ritmo das operações, mas afeta sobremaneira a balança comercial brasileira, pois Vila do Conde é o maior complexo exportador do arco Norte nacional.

A segunda alegação alimenta um paradoxo: a CDP, com o porto fechado, não terá recursos para prestar assistência alimentar e pecuniária aos atingidos. Mesmo em tendo, é sabido pelos proponentes que uma empresa pública não pode, ao arbítrio do seu gestor, obrigar-se a prestações pecuniárias na espécie, principalmente quando não deu causa ao dano originário da indenização pretendida.

A ordem judicial de fazer estabeleceria o fundamento, sem que para isso fosse preciso pedir que se arranque a língua de quem você quer que cante e, caso a liminar seja deferida, a Justiça estará penalizando empresas que operam em Vila do Conde que em nada podem ser responsabilizadas pelo ocorrido.  

O MPF, a Defensoria Pública, de cujos quadros já tive a honra de pertencer, e o MPE cumprem os seus deveres. Data vênia, inobstante, transformaram a lauda em mera questão de comprimento de braços.

O armador do Haidar está em Beirute, a Minerva Foods está em São Paulo, as seguradoras estão no Líbano, Paris, Londres e Nova York. A CDP está bem na esquina da Presidente Vargas com a Castilhos França, portanto, opinaram por apresentar a conta ao vizinho, antes tirando-lhe a condição de liquidá-la.

Eu disse a vocês que ainda não avistava a bonança depois da tempestade e que rajadas de vento viriam.

Mas como cantou Antônio Gonçalves Dias em “Canção do Tamoio”:

"Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar."

Comentários

  1. Eu hein. Você passa por uma provação e tanto Parsifal. Confie em Deus. Ele prova as pessoas a quem quer entregar uma missão.

    ResponderExcluir
  2. Hoje na reportagem do Jornal Liberal 2a edicao, apareceu um senhor que deve estar doente há meses prostado numa cama, ainda assim teve a cara de pau de dizer que está doente porque foi tomar banho no rio contaminado. Tem muito oportunista nesse mundo.

    ResponderExcluir
  3. Somente a alegação da ilegitimidade passiva ad causam da CDP não vai colar.

    ResponderExcluir
  4. Kkkkk....oportunista mesmo. ..so um banho e o cara ja esta todo bronqueado.

    ResponderExcluir
  5. Essa turma do MPF só quer aparecer. Onde dá manchete eles estão. Como é que o cara pede para fechar um porto porque um navio afundou? Ei cara navios afundam, aviões caem, carros batem. Apurem as responsabilidades, cobrem de quem tem que pagar, pintem o sete, mas mas fechar a fábrica de carros porque o carro capotou é o cúmulo. Parem o Brasil aí que eu quero descer.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Realmente navios afundam mas não com tão grande danos ambientais.

      Excluir
    2. 1. Já houveram inúmeros acidentes com danos ambientais maiores.
      2. A responsável pelo acidente não foi a cdp.
      3. Fechando o porto o problema ambiental não vai ser resolvido

      Excluir
    3. Essa perseguição é de uma imaturidade sem tamanho... O ministério publico federal esta só dificultando ainda mais o problema.....

      Excluir
  6. Parsifal, chama essas empresas bilionárias que operam em Vila do Conde, Se o porto fechar, mesmo elas não tendo nada com a acidente, o prejuízo também é delas. Manda esse pessoal coçar o bolso, pois até agora só quem eu vejo com a cara a tapa és tu, por causa da tua formação de não "enjeitar parada", como tu sempre diz.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Chamei todas, mas pelo visto para eles não tem gente em Vila do Conde e se tem não é problema deles. Para não coçar o bolso as calças deles são confeccionadas sem bolso.

      Excluir
  7. Pegaram a CDP para boi de piranha.

    ResponderExcluir
  8. Mais uma vez a história se repete.
    A CDP e que nem guarda portuário ou criança peralta, ninguém gosta por perto, mas sente falta quando ausente.
    Imaginem se a carga, operação, navios, tudo, fosse da CDP, já teriam pedido para extinguir a mesma, mesmo paradoxal,e desobrigadamente, porem, moral, legitima, financeira e compromissadamente tomando as rédeas da situação.
    Acredito que possa estar havendo fator político nessa açao dos MP.

    Cileno Borges

    ResponderExcluir
  9. Queria saber se o MP e o MPF tem peito para fechar o PSM de Belém pois o que acontece lá e bem mais grave do que a morte de 5.000 bois...São vidas humanas como a que morreu no incêndio.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pela lógica do MPF, se o PSM não corresponde, o órgão deveria pedir o fechamento da Prefeitura Municipal de Belém.

      Excluir
    2. Quem pode puxar a orelha desses destrambelhados do MPF?

      Excluir
  10. ei,presidente não se esqueça que tens um porto com estrutura igual ou até mesmo superior a que o conde :terminal de outeiro acredito que o único entrave deva ser a acessibilidade mais isso é o de menos.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. De fato, Outeiro é excepcional e o acesso terrestre torna complicado o seu uso. Estamos estudando uma alternativa ao acesso.

      Excluir
  11. http://dynamistechne.com/servicos-executados/porto-de-outeiro-companhia-docas-do-para/

    ResponderExcluir
  12. A constituição de 88 deu poderes ao Ministério Público que não existia antes.
    Mas esses meninos acharam bonito aparecer nos jornais, serem elogiados pela mídia e estão transformando esses poderes em motivo de chacota.
    Não demora esses poderes deixam de ser considerados, como muita coisa neste país, cai em desuso, pelo mal uso.
    Eles deveriam estar cobrando do STJ a solução do caso CERPASA, que ficou engavetado no próprio Ministério Público. Mas isso implica danos ao Governador.

    ResponderExcluir
  13. Essas crianças do MPF, MPE e Defensoria querem brincar de gente grande.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Gente grande mal educada e inoperante, pelo absurdo que propuseram. O fechamento do porto. Brincadeira.
      Bem que já disseram, faz tempo, esse não é um país sério.

      Excluir

Postar um comentário

Comentários em CAIXA ALTA são convertidos para minúsculas. Há um filtro que glosa termos indevidos, substituindo-os por asteriscos.

Postagens mais visitadas deste blog

Mateus, primeiro os teus

Convalescendo da implantação de um stent , o governador Simão Jatene (PSDB-PA) foi apanhado, ainda no Hospital do Coração (SP), na manhã de ontem (03), por uma desagradável matéria da “Folha de S. Paulo” reportando que “ao menos sete familiares, além da ex-mulher e da ex-cunhada” de Jatene exercem cargos de confiança no Executivo, no Legislativo e no Judiciário do Pará. A reportagem declara que, somados, os salários dos familiares do governador “ultrapassam R$ 100 mil mensais”. > Sem incidência de nepotismo As averiguações já foram matérias em blogs locais. Quando me foi perguntado se feriam a Súmula 13 do STF (nepotismo), opinei que não, o que foi agora ratificado pela reportagem da “Folha” que, ouvindo “especialistas” declarou que os “casos não se enquadram diretamente na súmula vinculante do STF”. Nenhum dos parentes ou afins relacionados pela “Folha” está a cargo de órgãos vinculados ao executivo estadual e a matéria não demonstra a existência de cargos ocupados, no Poder...

O HIV em ação

A equipe do cientista russo Ivan Konstantinov arrebatou o primeiro lugar no “International Science and Engineering Visualization Challenge”, um concurso que premia imagens científicas da forma mais verossímeis e didáticas possíveis. Abaixo, a imagem em 3D do mortal vírus da Aids (HIV), em laranja, atacando uma célula do sistema imunológico, em cinza. A tática do HIV é se estabelecer dentro da célula, sem destruí-la. Na imagem abaixo foi feito um corte para mostrar o HIV já estabelecido no núcleo da célula imunológica, usando-a para se reproduzir, expelindo mais vírus que atacarão mais células imunológicas para torna-las hospedeiras, por isto o sistema imunológico do portador do HIV fica reduzido. As imagens foram retiradas do portal russo Visual Science .

Parsifal

Em uma noite de plenilúnio, às margens do Rio Tocantins, o lavrador pegou a lanterna e saiu correndo de casa à busca da parteira. Sua mãe, uma teúda mameluca, ficou vigiando a esposa que se contorcia com as dores do parto. Quando voltou com a parteira, o menino já chorava ao mundo. Não esperou: simplesmente nasceu. A parteira cortou o cordão umbilical e o jogou ao Rio Tocantins. Após os serviços de praxe de pós parto, a mãe de Ismael o chamou ao quarto para ver o filho. O lavrador entrou no quarto. A lamparina o deixou ver a criança ao peito da mãe: nascera Parsifal, pensou ele orgulhoso. O lavrador pegou uma cartucheira calibre vinte, carregou o cartucho ao cano, armou e saiu à porta. O Tocantins espreitava-lhe manteúdo. Apontou a mira da vinte à Lua e disparou: era assim que os caboclos do baixo Tocantins anunciavam a chegada de um homem à família.