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Laerte Bessa: o esclerosado Cesare Lombroso do século 22

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O deputado federal Laerte Bessa (PR-DF) é o relator do projeto de redução da maioridade penal na Câmara Federal. A entrevista foi dada ao The Guardian, para compor uma reportagem sobre o tema no Brasil.

Diante da repercussão negativa da distopia por ele imaginada, Bessa emitiu uma nota declarando que a frase foi “mal colocada”.

O presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, o bispo anglicano de São Paulo dom Flávio Irala, reagiu:

“Isso é lamentável. Cabe a todas as pessoas de boa vontade buscar superar essas situações, trabalhar para construir uma sociedade justa e não pensar no que a genética pode conquistar para matar crianças no ventre das mães.”.

Lygia da Veiga Pereira, professora titular de genética da Universidade de São Paulo, advertiu:

“A gente tem de tomar cuidado em como interpretar o que está no genoma. A maioria das características é complexa. Os comportamentos têm influência do ambiente em enorme escala. DNA não é uma bola de cristal. A ideia de quem está estudando os genes de agressividade é entender as vias metabólicas não para eliminar as pessoas, mas para desenvolver fármacos que as ajudem.”.

Até o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), saiu em socorro dos fetos condenados à morte por Bessa, antes de cometerem qualquer crime, comparando a declaração ao filme Minority Report, de Steven Spielberg, ficção científica em que há punições antes de os crimes acontecerem.

O pior é que se a ideia do deputado Bessa vingasse um dia, pessoas como ele não teriam autorização para nascer, pois o que ele sugere é uma atitude extremamente violenta. Bessa, portanto, seria vítima da sua própria proposição “mal colocada”.

Comentários

  1. quando comecei a ler o artigo, pensei que a declaração no inicio seria uma ironia, que o autor iria protestar contra o excesso de interferencia dos governos na vida do cidadão. Para minha surpresa, consta no artigo que ele falaa com seriedade.

    Parece até dificil acreditar que algum politico diga isso. Penso com seriedade que as declarações podem ter sido deturpadas.

    Quanto a excessiva interferencia do governo na vida do cidadão, eu cito a eliminação das lampadas incandescentes e a obrigatoriedade de mandar as crianças para a escola por longo tempo, em horas por dia e em anos. Nessas questões de interferencia, falta aos politicos a humildade de reconhecer que cada um tem suas razões, que os outros podem ter razões fora do nosso alcance.

    Mas graças a Deus o criticado no artigo está do lado certo na questão da redução da maioridade penal, diferentemente dos 15% de insensatos que são contra e oprimem a maioria.

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    1. A "maioria" não foi oprimida pela "minoria". A redução da maioridade penal foi aprovada, em dois turnos, na Câmara Federal. Se a lógica é a da opressão (com o que eu discordo), no caso, a "maioria" oprimiu a "minoria".
      Também não é insensato defender maioridade penal aos 18 anos, assim como não é insensato defendê-la aos 16: os dois lados tem as razões que declaram e nas quais acreditam.
      A insensatez talvez resida em achar insensatez toda opinião diferente da minha.

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  2. fizeram tantas concessões que penso ser correto afirmar que a minoria oprimiu a maioria. Li que foram excluidos os crimes ligados ao trafico de drogas. Sendo isso verdade, a maioria foi pisoteada por falsos representantes.

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    1. Não há consenso sem concessões. Nenhum representante que está no Congresso Nacional é falso.Todos lá chegaram por voto direito e universal do eleitor brasileiro, sem exceção.

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    2. todos chegaram pelo voto, mas se os congressistas fazem leis e votam diferente do que desejam os representados, são falsos representantes, ou, para ser mais elegante, são pseudo representantes.
      No caso, pode ser que os pseudo representantes naõ são os que concordaram em fazer concessoes, mas aqueles refratarios a vontade do popular, que só concordaram depois de a outra parte fazer um excesso de concessões.

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    3. Ajam como agirem, são verdadeiros e legítimos em qualquer hipótese. Se agirem diferente da vontade do eleitor, o eleitor que os troquem na próxima eleição. Se continuarem votando nos mesmos eles continuarão verdadeiros e legítimos representantes de quem votou neles e se continuarem agindo em dissonância e cedendo à minoria para concessões, o problema não está com eles e sim com quem os elegeu, que deve adorar ser contrariado.

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  3. Se considerarmos a teoria do senhor Deputados, poderíamos matar todos os político e seus descendentes e nosso Brasil se tornaria o Jardim do éden. Talvez seja a solução.

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    1. Você não me conhece nem um átomo. As minhas soluções jamais passam por matar alguém: eu sou incondicionalmente a favor da vida. E a solução não está nos políticos mas nos eleitores, pois são eles que têm o poder de eleger, manter, ou trocar os eleitos. Os políticos são o retrato exato da sociedade, portanto, a solução está em educar o cidadão e fazê-los homens e mulheres de bem. Quando todos forem assim, não haverá nenhum risco de eleger quem não seja de bem, pois os políticos saem do meio da sociedade.

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