Escrevi, na postagem acima, que por trás da desculpa de financiar a saúde com a recriação da CPMF, o governo pretendia cobrir um déficit de R$ 80 bilhões no orçamento de 2016 e que, diante da desistência da empreitada, o honesto seria enviar ao Congresso a proposta orçamentária com a previsão do déficit referido.
Para minha surpresa, o governo resolveu enviar hoje (31), ao Congresso, a proposta orçamentária com a previsão de um déficit de R$ 89 bilhões, o que pode ser o início de uma conversa adulta com a população e com o Congresso, dando transparência fiscal à peça.
É primeira vez que eu discordo do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que era contrário a uma peça orçamentária com previsão de déficit, confiando que uma reação econômica no decorrer de 2016 tinja de azul o vermelho com qual começará o ano e temendo que as agências de risco rebaixem a avaliação da economia brasileira, retirando-nos o “grau de investimento”.
Se a economia reagir realinha-se o orçamento, mas o correto é, no momento da confecção, dar-lhe o cobertor do exato tamanho do frio e isso pode até sinalizar que, finalmente, o Brasil começou a tratar a realidade fiscal como uma verdade que ninguém até hoje quis ver e sempre fez tudo para esconder, confeccionando orçamentos que não passam de meras cartas de más, ou boas, intenções.
Como ensinou Abraham Lincoln, “não há prosperidade sem poupança” e como temos sido estroinas compulsivos com o erário, gastando mais do que arrecadamos, principalmente mais no circo do que no pão, déficit é o nosso nome.
Será que devias estar por lá? Para que errassem um pouco menos.
ResponderExcluirNo governo atual, o problema está no método. Se ressuscitassem Sir Keynes, ele sairia louco de lá.
ExcluirÉ por isso que admiro sua "mente brilhante", li: FOLHA, O GLOBO, ESTADAO, ZERO HORA, todos falam em 30,5 bi de déficit e aí vem V.Exa com 89 bi. Onde está esse número?
ResponderExcluirE por isso que eu acho que não tenho uma mente brilhante, pois se tivesse não teria acreditado que o governo enviaria ao Congresso uma peça que traduzisse a realidade fiscal da União.
ExcluirNo domingo à noite ficou acertado uma previsão de déficit de R$ 89 bilhões, com base no déficit operacional de R$ 125 bilhões já liquidados nos dois primeiros bimestres de 2015.
Chegou-se aos R$ 89 bilhões, e não R$ 125 bilhões, com a perspectiva de aumento de impostos que o governo poderia fazer unilateralmente e repasse de encargos aos municípios, o que poderia ser um cenário aceitável.
Isso vazou no domingo noite, após a reunião, e se você pesquisar verá que as notícias do domingo à noite apontavam os R$ 89 bilhões.
Quando a proposta chegou ao Congresso, nessa tarde (e a postagem da noite já estava escrita e programada a publicação às 18hs) a previsão do déficit já estava diminuída para R$ 30 bilhões. O governo justificou o recuo através de aumento das alíquotas de alguns impostos e o aumento da carga em municípios, o que não vai conseguir fazer.
Além disso, não é provável que a retração macroeconômica de 2,1% do PIB no primeiro semestre de 2015 não se rebata na expectativa de 2016, em uma peça orçamentária séria.
Portanto, o governo recuou, ficando naquela posição de mais ou menos grávido, e eu, sem mente brilhante, acreditei que veria, “pela primeira vez na história desse país”, um orçamento fidedigno.
Parsifal;
ResponderExcluirNessas horas eles falam em vilões como a folha de pagamento, os aposentados, os programas sociais, etc. Ninguém admite o ralo da corrupção, o ralo das obras contratadas que viram um 'buraco negro no orçamento' (ex: BeloMonte, as da transposição do São Francisco) sem ficarem prontas e em funcionamento útil, os investimentos equivocados e sem nenhum retorno para o país - apenas para as construtoras e para os políticos do setor. E por quê conceder tantas vantagens pecuniárias ao judiciário e ao ministério público? Será que isso não influencia também na crise?
Parsifal;
ResponderExcluirRadialista de programa matutino na FM Liberal comentava ontem (com muita insatisfação) o processo altamente seletivo de admissão de pacientes no H.Metropolitano: só com fratura exposta fica internado; os outros vão embora, 'nem que tenham 3 fraturas na perna, porém nenhuma sendo exposta'.
Outro dia comentei no seu blog essa 'escolha do melhor serviço' por parte dos médicos da terra, sendo este caso específico o desdobramento de uma situação de 'assimetria profissional crônica' (um antagonismo do multiprofissionalismo) que existe no H.Metropolitano, desde a sua inauguração um clube privé de um grupo de médicos competentes, porém desprovidos de ética profissional, além de enricar as custas do dinheiro público e do absolutismo de seus privilégios e escolhas.
Deputado, nenhuma notinha sobre a crise no governo gaúcho? A culpa por lá também é do PSDB, mesmo depois de 4 anos de PT? Gostaria de ver uma postagem sua sobre esse assunto.
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