Diante da grita contrária à tentativa de ressuscitar a CPMF, a presidente Dilma Rousseff resolveu, no sábado (29), engavetar o projeto à espera de melhor clima para reapresentá-la.
Clima bom para criação de taxas e impostos nunca há. Governos só conseguem enfiar a mão mais fundo no bolso do contribuinte quando têm o comando da coalizão parlamentar que os apoiam. Em a vassalagem estando fiel, o suserano muda até a lei da gravidade.
A presidente ainda tentou apoio com os governadores, acenando-lhes com uma fatia do bolo, mas mesmo diante da oferta de dividir o bônus eles não toparam fornecer trigo para o ônus.
Essa conversa de recriar a CPMF para financiar a saúde era para paciente ver. Na verdade, a arrecadação teria como destino cobrir um esperado rombo de R$ 80 bilhões no orçamento de 2016, que agora vai ter que ser costurado com outro retalho: mais corte de despesas.
Como não mais é possível cortar despesas na atual estrutura orgânica da União, o jeito é mudar a estrutura, que pode ser desmontada em 30% e ainda melhorar o desempenho em percentual maior.
Fora isso, seria afundar de vez o ajuste fiscal e reduzir a meta que já é quase nada, para nada. Ou assumir a verdade, parar de malabarismos contábeis e enviar ao Congresso a proposta orçamentária com déficit primário.
O problema é que ninguém quer contar a verdade à população, porque no Brasil, mesmo quem fala a verdade merece castigo. Como os gregos, muitos querem viver soluços de mentiras, gastando o que não têm com prazo a perder de vista para pagar. Preferencialmente sem pagar.
O brasileiro adora ver o governo enfiando barbante desfiado em buraco de agulha, sem cuspe, e passou a achar que a tal vontade política faz tudo, mas na clássica matemática que nos gere o cotidiano, 2+2 não dá 22: só dá 4.
Às vezes eu me preocupo. Como pode a presidente cercada de mentes brilhantes, inclusive o Dr. Parsifal, não ter sido alertada que com popularidade na casa de um dígito, ela não aprova o retorno da CPMF nem que vaca tussa.
ResponderExcluirEu me preocupo de estar pensando assim. Afinal, mente brilhante é coisa de suserano...
Não tenho certeza se a minha mente brilha. Pelo menos, já fiquei várias vezes no escuro, e o único brilho que vi foi de vaga-lumes. Mas eu tenho certeza que, se há mentes brilhantes cercando a presidente, de duas uma: ou as mentes não brilham para ela ou ela não enxerga brilho de mentes. Ou as duas coisas, quem sabe.
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