A tradução da fala de Lula foi a dura constatação, por ele mesmo, de que o PT associou-se ao sistema que combateu um dia.
O nosso sistema político-eleitoral consolidou aquela “roda-viva” que cantou o Chico:
“A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá”
E enquanto essa roda-viva houver não haverá roseira que dure, pois ela tanto encanta que inebria, e quem ébrio fica o senso perde.
A forma como o PT chegou ao governo foi revolucionária. Não a revolução da força, mas a do ideal, feita pelo voto.
Lula está certo ao opinar que o PT perdeu a utopia. Na verdade, toda a classe política, se um dia a teve, depositou-a em uma poupança com prazo ad aeternum e perdeu o número da conta e a senha para resgatá-la.
O ex-presidente FHC, em um daqueles momentos no quais o vulgo, achando que á fácil tomar decisões políticas, cobrava-lhe que cortasse o nó górdio como o fez Alexandre, o Grande, sugeriu que “a política é a arte do possível”, e ficou crido ter sido dele a autoria do dito.
Não foi. A pior fraude é a intelectual: somos obrigados a dar crédito àqueles que nos ajudam na arte da linguagem, pois ela é um poderoso instrumento de dominação.
A frase foi dita pelo prussiano Otto von Bismarck, conhecido pela alcunha de "Chanceler de Ferro", que plantou o 2º Reich unindo os países germânicos em uma única nacionalidade alemã. Hitler veio depois e estragou tudo, mas isso é outra história.
Enquanto ao PSDB o povo deu a métrica do possível, ao PT o povo entregou a utopia de buscar o ideal, assim como os diversos povos germânicos entregaram a Bismarck a tarefa de uni-los sob um só signo. Bismark entregou.
A tarefa do PSDB foi cotidiana. A tarefa do PT foi revolucionária. O Brasil, embora conservador, apostou as fichas na utopia que o PT se comprometeu a empreitar, mas, destarte a tenha buscado na fase vestibular, terminou por ceder. Não resistir. Entrou na roda-viva e inebriou-se. E quem diz isso é o seu próprio fundador.
Não é possível a país ou pessoa viver sem utopias. Elas foram a carenagem com que a humanidade saiu das cavernas e chegou à Lua: a utopia é o combustível do homo sapiens na estrada da civilização.
Mas a política nacional, que deveria ser um excipiente do ideal, nunca saiu da mera luta de conquista e manutenção de poder, e tanto perdeu o tento que trava a liça escancaradamente.
O PT, e me refiro apenas ao PT porque os outros sequer jamais tentaram, foi seduzido pelo monstro contra o qual lutou um dia, perdendo a noção correta de poder, pois tê-lo não é indigno, desde que se faça com ele coisas dignas.
A nação também nunca saiu da liça e, a ser um agente da mudança, prefere apontar hereges, colocando lençóis em todos os espelhos da casa, para não correr o risco de encontrar um culpado quando se olhar em um deles.
Deputado, aquele Vereador que queria que os salarios dos mesmos fossem cortados pela metade recebeu integralmente seu salario. Ele queria jogar para a plateia.
ResponderExcluirEu não sei a razão de alguns dos meus últimos comentários não tem aparecido, talvez, porque troquei de navegador, espero que este apareça.
ResponderExcluirMuito bem! faltava ser dito com respeito e carinho tudo o que dissestes neste texto...obrigado mais uma vez. Assinado por um utopista quase aposentado
Nobre Deputado,
ResponderExcluirO que se percebe é que Lula foi a encarnação do delírio das esquerdas à espera do “intelectual orgânico” da classe operária. Mas ele se aburguesou sem nunca ter buscado a altitude das ideias e aí, a soberba misturada com a arrogância, que a sabedoria grega chamava de húbris, incomoda os deuses, que costumam castigá-la com lições de humildade. O PT morreu e o "Brama" tenta apenas sobreviver até 2018.
Não Lula, o defeito é do eleitores do PT, que acreditaram em um partido que se propunha a ser fomentador dos direitos sociais, do emprego, da decência, da moralidade no uso da coisa pública,etc..
ResponderExcluirBem que a Regina Duarte,na campanha presidencial de 2002, pró PSDB advertiu, porém, hoje vemos que foi o sujo falando do mal lavado.
Valha-nos quem ?
Parsifal, você ainda é um utópico?
ResponderExcluirNão, sou um peemedebista sincero: só isso.
ExcluirSe existiu utopia no PT era a dos idiotas-úteis que serviam de peão para que o General e seus oficiais pudessem tomar o Poder e se locupletar dele. O brahminha deste os tempos de sindicalista se utilizou dessa condição para aquele objetivo. E galgar o poder da forma que fez é legal e um direito, mas acreditar que esse senhor tivesse a utopia de fazer desse País um lugar melhor, é piada. Esse senhor sempre teve suas contas pagas por empresários. Se quiser um lugar melhor vá para o triplex do Guarujá ou para o sitio no interior de São Paulo ou para a cobertura no ABC comprada com dinheiro amealhado para pagar o resgate, salvo engano, do filho de um amigo (o refém foi libertado antes do pagamento).
ResponderExcluiro caraque escrevia as letras pro chico buarque morreu faz tempo...desde entao o nobre cantor nao consegue escrever nada que preste e só fala asneira!!
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