Levar Lula ao banco dos réus é o sonho de consumo de Sérgio Moro

Os insiders da política nacional apostam que a apoteose desejada pelo juiz Sérgio Moro é colocar o ex-presidente Lula no banco dos réus.

Desde a primeira delação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do ex-gerente Pedro Barusco, ambos afirmaram que tanto a Odebrecht quanto a Andrade Gutierrez eram parte do clube, mas Moro mantinha os capi das empresas fora das celas.

Nesse ínterim, pressionava a PF para reunir evidências que pudessem levar ao cárcere, juntamente com os capi da Odebrecht e da Gutierrez,  o ex-presidente Lula. Por isso a postergação, por mais de três meses, da ordem de prisão preventiva de ambos.

Tudo o que a PF conseguiu colher foi o suposto patrocínio da Odebrecht às viagens que o ex-presidente fez, na companhia do diretor de Relações Internacionais da empresa, Alexandrino Alencar, à Cuba, República Dominicana e Estados Unidos, em janeiro de 2013.

Para Moro colocar algemas nos pulsos de alguém o único pré-requisito é esse alguém ter pulsos, mas como Lula não mais era presidente da República quando fez as viagens, o patrocínio, por si só, não é evidência para indiciá-lo.

Dai porque, dentre os presos ontem (19) está o ex-diretor de Relações Internacionais da Odebrecht, Alexandrino Alencar, que será “convidado” a fazer uma delação premiada para voltar a ver a luz do Sol.

Lula, enxergando o cerco, estrilou sobre a inércia da presidente Dilma para contenção dos danos causados pela investigação e sobre nada ser feito para desaforar o processo. Esses espirros não são consequentes, pois, sem aventuras institucionais levianas, não há incursões políticas a fazer no caso.

Tentar impedir Sérgio Moro, por conta de aplicações personalíssimas no processo, não seria viável, afinal, embora Moro tenha pulado emolumentos que podem causar nulidades em instâncias superiores, ele nunca saiu dirigindo o carro de nenhum preso rumo ao fórum.

O PT não tem como livrar seus cardeais da liça, mas deveria labutar para  incluir os cardeais do PSDB nela, pois todos, com raras exceções regionais, se relacionaram com as empreiteiras postas no tronco.

O presidente da Andrade Gutierrez, por exemplo, agora hospedado na carceragem da PF de Curitiba, é a quintessência do tucanato nacional e foi ele que, de fato, atuou no processo de privatização das teles no governo FHC. A Andrade, inclusive, ficou com nacos de algumas (Oi, Contax e Veotex).

Empreiteiros não andam só com duas velas, mas com um maço delas para acender a tantos quantos lhe possam entregar um edital, não importando a raça, a cor ou o credo de quem a vela vai iluminar.

Portanto, para que, de fato, seja “Erga Omnes” a Justiça, todos os gatos devem ir à mesma cesta. Se o processo se mantiver no intervalo de tempo e espaço declamado pelo procurador-geral da República, a Justiça terá se comportado como a imprensa, cujas manchetes carregam nas tintas para um lado e abaçanam para o outro, e o resultado será apenas, “Inter Partes”.