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De noite ou de dia falta água e falta luz

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Como São Pedro faz greve ou erra o alvo, os responsáveis pelas contingências da água lhe colocam a culpa pela confusão em que se meteram por conta das próprias imprevidências.

A culpa não é do santo, pois os meteorologistas têm afirmado que o duro estio sobre os sistemas que abastecem os estados castigados foi previsto e as autoridades “responsáveis” fizeram ouvido de mercador ao aviso.

> Previsão e imprevidência

O atual coordenador do Laboratório de Hidrologia da Coppe, Paulo Canedo, acusa que “se tivesse sido feito planejamento em São Paulo e tomado medidas antecipadas eventualmente o sofrimento teria sido atenuado”.

Retruca-lhe Benedito Braga, ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA): "houve planejamento. Já foi feito desde 2009, o problema é implementar".

A réplica de Braga ratifica o que sempre digo: no Brasil temos estudos e diagnósticos para tudo, mas eles ao invés de se transformarem em soluções viram brochuras e teses para serem apresentadas em seminários.

O geólogo Mateus Simonato, da Servmar, afirma que o sistema Cantareira “já vinha de um nível baixo antes de ter seu pior índice pluviométrico. A decisão de fazer obras deveria ter sido tomada nos dois primeiros anos de estiagem”, ou seja, o governo de São Paulo, à surdina, já sangrava o Cantareira há algum tempo, sob o cúmplice olhar do Governo Federal.

> Hidrelétricas

Da mesma forma, a estiagem afeta as hidrelétricas, que já não suportam a carga de pico, restando ao Operador Nacional do Sistema (ONS) desligar o interruptor de alguns entregadores para que não ocorra colapso de fornecimento em série.

Assim como foi previsto o arrocho no Cantareira e nada foi feito para prevenir a escassez, o Ministério das Minas e Energia achou que o problema não era com ele e não contingenciou providências para o baixo estoque de energia que ocorreria com o baixo estoque de água.

> Próximo ao apagão de 2001

Para que se observe o tamanho da confusão, na terça-feira (20), o estoque de água e, portanto, de energia, das referidas hidrelétricas chegaram às bordas do nível de 2001, aquele fatídico ano em que o Brasil se obrigou a adotar o racionamento de energia.

E, avisa o imprevidente ONS, se São Pedro não ajudar (o ministro das Minas e Energia já saiu da alçada de São Pedro e apelou para Deus mesmo) “o nível dos reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste continuará caindo e chegará, em 31 de outubro, a apenas 19,9% da capacidade máxima”.

Em 2001 houve racionamento com 21% de água nos ditos reservatório, mas não creio que cheguemos ao racionamento de 2001, pois desde lá novos estoques entraram no sistema, inclusive termoelétricas, mas é temerária a atitude das autoridades do setor em não revelar para o cidadão a especificidade do momento e não começarem, desde já, a adotar medidas de contenção.

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