A indesejada das gentes passou a foice ontem (23) no pescoço do advogado, escritor, poeta e dramaturgo Ariano Suassuna. Foram 87 anos, como cantou Boldrin, na moda de viola mais bela do planeta “Vide vida marvada”, “mastigando o mundo e ruminando”.
Paraibano de João Pessoa por nascença, mas pernambucano por escolha, Suassuna talvez tenha sido o último dos mestres natos da dramaturgia nacional contemporânea e o seu legado é uma das mais perfeitas traduções da alma cultural nordestina.
Desde o circo até o teatro Suassuna contou o folclore do sertão de uma maneira peculiar que criou uma escola e ele foi um ícone sem par da inteligência que conseguiu embarcar no seu modo de contar histórias. Sim, não eram estórias, pois as falas, os jeitos e os destinos dos personagens acalentados por ele eram tão reais quanto as vidas do povo que o inspirou.
Dentre a sua vastíssima produção, sem dúvida a obra prima é a mais popular: “Auto da Compadecida”, escrita em 1955, contando as aventuras, desventuras e travessuras de Chicó e João Grilo, no Nordeste brasileiro. O “Auto” foi filmado em 2000, por Guel Arraes, e o filme é imperdível.
Sua obra, embora telúrica e de difícil entendimento fora do contexto nordestino nacional, extrapolou as fronteiras do Brasil e encontrou guarida em traduções para o francês, alemão, espanhol, inglês e holandês, e o conjunto dela o credenciou a ocupar a Cadeira nº 32 da Academia Brasileira de Letras.
Que a terra lhe seja leve…
Um mestre...aos poucos a inteligência brasileira vais se transformando e outros mestres vão nascendo...ciclo!
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