Pular para o conteúdo principal

Por onde for quero ser seu par…

Quem, como eu, perambulou pelos anos 70 e 80, com certeza tem na trilha sonora da sua vida a magnífica "Andança", uma das mais belas melodias da MPB.

Fizeram essa rara joia, para disputar o III Festival Internacional da Canção, em 1968, Edmundo Souto, Danilo Caymmi e Paulinho Tapajós. A música arrebatou o 3° lugar e, até 2012, foi gravada por cerca de 300 intérpretes.

O letrista e arranjador de “Andança”, Paulinho Tapajós, morreu ontem (25), aos 68 anos, depois de seis anos de uma brava e sofrida luta contra um câncer.

Shot008

Paulinho era de uma família de artistas musicais: filho do compositor, cantor e radialista Paulo Tapajós, irmão do compositor Maurício Tapajós e da cantora Dorinha.

Notabilizou-se ainda pelas músicas feitas para as novelas dos anos 70, como a bela "Irmãos Coragem", defendida por Jair Rodrigues. É dele também “Sapato velho”, um colosso de singeleza e “Cantiga por Luciana”, para ouvir rezando. Eu fiquei em dúvida, quando a minha primeira filha nasceu, entre Paulinho Tapajós (Luciana) e José de Alencar (Lucíola). Ganhou o escritor.

> Um dos últimos moicanos

Paulinho Tapajós foi um dos últimos moicanos de um seleto grupo que se recusa a fazer música meramente comercial. A música precisa casar letra e melodia, cuja paixão pousa no fundo dos corações que acalentam.

É uma pena que os ideais que inspiraram a leva de menestréis dos anos 70 não estão renascendo em outros corações: ninguém mais quer sonhar, e eu tenho certeza que o mundo não é gracioso sem utopias.

Alguns me dizem, quando ouvem  isso de mim, que os sonhos continuam, e as utopias idem, o que mudou foram as aspirações. Eu respondo metaforizando Mario Quintana: “detesto a arquitetura nova, pois ela não consegue fazer casas antigas”. Que sonhos novos são esses afinal? 

Abaixo a obra prima de Tapajós, na voz de Beth Carvalho, que defendeu a música, em 1968, no III FIC:

Vim tanta areia andei
Da lua cheia eu sei
Uma saudade imensa...
Vagando em verso eu vim
Vestido de cetim
Na mão direita rosas vou levar!

Shot009

Que a terra lhe seja leve…

Comentários

  1. Linda homenagem Parcifal ao Paulinho. Sua sensibilidade conseguiu expressar a grandeza do talento deste poeta que marcou com suas letras e músicas sua geração. Sou primo de Edmundo Souto parceiro dele em várias canções, que pra quem não sabe é Paraense.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Luiz Cláudio,

      Paulinho, de fato, antes de tudo era um poeta. Eu não sabia que o Edmundo Souto é paraense.

      Excluir
  2. Ele era parente do violonista SEBASTIÃO TAPAJÓS ??

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não. O Sebastião é de Santarém e a família do Paulinho é toda carioca.

      Excluir

Postar um comentário

Comentários em CAIXA ALTA são convertidos para minúsculas. Há um filtro que glosa termos indevidos, substituindo-os por asteriscos.

Postagens mais visitadas deste blog

Mateus, primeiro os teus

Convalescendo da implantação de um stent , o governador Simão Jatene (PSDB-PA) foi apanhado, ainda no Hospital do Coração (SP), na manhã de ontem (03), por uma desagradável matéria da “Folha de S. Paulo” reportando que “ao menos sete familiares, além da ex-mulher e da ex-cunhada” de Jatene exercem cargos de confiança no Executivo, no Legislativo e no Judiciário do Pará. A reportagem declara que, somados, os salários dos familiares do governador “ultrapassam R$ 100 mil mensais”. > Sem incidência de nepotismo As averiguações já foram matérias em blogs locais. Quando me foi perguntado se feriam a Súmula 13 do STF (nepotismo), opinei que não, o que foi agora ratificado pela reportagem da “Folha” que, ouvindo “especialistas” declarou que os “casos não se enquadram diretamente na súmula vinculante do STF”. Nenhum dos parentes ou afins relacionados pela “Folha” está a cargo de órgãos vinculados ao executivo estadual e a matéria não demonstra a existência de cargos ocupados, no Poder...

O HIV em ação

A equipe do cientista russo Ivan Konstantinov arrebatou o primeiro lugar no “International Science and Engineering Visualization Challenge”, um concurso que premia imagens científicas da forma mais verossímeis e didáticas possíveis. Abaixo, a imagem em 3D do mortal vírus da Aids (HIV), em laranja, atacando uma célula do sistema imunológico, em cinza. A tática do HIV é se estabelecer dentro da célula, sem destruí-la. Na imagem abaixo foi feito um corte para mostrar o HIV já estabelecido no núcleo da célula imunológica, usando-a para se reproduzir, expelindo mais vírus que atacarão mais células imunológicas para torna-las hospedeiras, por isto o sistema imunológico do portador do HIV fica reduzido. As imagens foram retiradas do portal russo Visual Science .

Parsifal

Em uma noite de plenilúnio, às margens do Rio Tocantins, o lavrador pegou a lanterna e saiu correndo de casa à busca da parteira. Sua mãe, uma teúda mameluca, ficou vigiando a esposa que se contorcia com as dores do parto. Quando voltou com a parteira, o menino já chorava ao mundo. Não esperou: simplesmente nasceu. A parteira cortou o cordão umbilical e o jogou ao Rio Tocantins. Após os serviços de praxe de pós parto, a mãe de Ismael o chamou ao quarto para ver o filho. O lavrador entrou no quarto. A lamparina o deixou ver a criança ao peito da mãe: nascera Parsifal, pensou ele orgulhoso. O lavrador pegou uma cartucheira calibre vinte, carregou o cartucho ao cano, armou e saiu à porta. O Tocantins espreitava-lhe manteúdo. Apontou a mira da vinte à Lua e disparou: era assim que os caboclos do baixo Tocantins anunciavam a chegada de um homem à família.