A alma do negócio

Indicando que “é um caso para Malba Tahan resolver”, a jornalista Ana Célia Pinheiro faz carga sobre os gastos do governo Jatene com “publicidade”, o que não é uma exclusividade dos governos tucanos: apenas evidencia o modus operandi de todos os governos.

> Publicidade de menos, propaganda pessoal de mais

Tenho dito que 90% do que governos gastam com publicidade é propaganda pessoal. Falo de cátedra: já cometi isso quando era prefeito.

Alguns ainda praticam sexo explícito, como é o caso do prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho (PSDB), que se faz garoto propaganda da Prefeitura, sob o olhar complacente do Ministério Público.

> Além das probabilidades

Voltando à “Perereca”: Ana Célia desvela que a Griffo Comunicação e Jornalismo, “que pertence a Orly Bezerra”, sempre vence as licitações “para a milionária conta de propaganda do Governo ou da Prefeitura” quando os seus candidatos vencem a eleição, e as perde quando os seus candidatos estão fora do governo.

Claro que os cálculos de probabilidades afastam as “coincidências”: a explicação das vitórias e derrotas de empresas em certames – não somente as de publicidade - não está na estatística, mas na política.

Quem vence eleições para governos não é apenas uma pessoa, mas todo um grupo de interesses, que derrama ureia em seus espaços e demarca os seus respectivos territórios.

> Código de Endereçamento Postal

O governante não passa de um administrador daqueles interesses e o sucesso dos governos depende do equilíbrio alcançado entre os lobos da corte e o atendimento parco das necessidades populares.

O problema dos gastos com publicidade, independente dos arranjos cometidos para que as cartas sejam entregues no devido CEP, reside no fato de que o erário é despendido não com a finalidade de informar as atividades governamentais, o que seria barato, mas com o intuito de blindar o governo na imprensa e transformá-lo em tudo de bom que já houve na história “desse estado”, o que é caríssimo.

> R$ 70 milhões

Voltando à “Perereca”, Ana Célia, depois de revelar as alcovas do relacionamento Orly/Jatene, faz as contas e conclui que o erário pagará à Griffo, “numa conta muito por baixo”, até 2014, a quantia de R$ 70 milhões.

A quantia talvez passe disso, afinal o ano que vem é eleitoral, mas atente-se ao fato de que o valor não é embolsado pela Griffo, que apenas recebe o dinheiro e o semeia pelos órgãos de imprensa escolhidos.

Talvez no garimpo, Ana Célia possa por na bateia como se divide esse latifúndio.

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