Meu pai cursou apenas o primário e desde cedo trabalhou pesado: seu primeiro trabalho foi ser “porco d´água”: os embarcadiços do alto Rio Tocantins que saltavam nas cachoeiras entre Tucuruí e Marabá para passar o cabo de aço nas pedras enquanto os de bordo içavam o barco rio acima, no molinete.
Quando assisti “Fitzcarraldo”, do Werner Herzog, não contive as lágrimas quando um enorme barco é içado ladeira acima, de um rio para outro, através da floresta: a juventude do meu pai reincidiu-me a mente.
(A propósito, Werner Herzog está espetacular no mediano “Jack Reacher – o último tiro”, fazendo uma ponta como The Zec, um enigmático vilão: os 5 minutos dele valem pelas duas horas do filme)
> De volta ao assunto
Voltando ao meu pai, ele tinha um modo peculiar de ralhar-me: eram frases curtas ou gestos peculiares que me servem de lição até hoje, muito tempo depois dele ido.
Sempre que eu cometia uma indelicadeza ele ralhava em tom grave: “rapaz, boa educação é como uma moeda de ouro: tem valor em qualquer lugar”.
Eu não tenho ideia de onde ele tirava essas frases que, na ocasião, não me faziam o efeito que fazem hoje, que sei quão valiosas elas são.
Cansei vocês com esse prólogo todo para falar da placa abaixo:
A placa está na porta de um café, na Itália, e premia a boa educação com descontos, conforme o freguês peça como está escrito:
. Um café 3: euros
. Um café, por favor: 2 euros
. Bom dia. Faça-me um café, por favor: 1 euro.
“Rapaz, boa educação é como uma moeda de ouro: tem valor em qualquer lugar”.
Hoje em dia os cafés de E$ 1.00 estão raríssimos.
ResponderExcluirO pior é que tenho a triste impressão de que a grande maioria paga os 3 euros, por achar que "eu tô pagando". E tudo podem.
ResponderExcluirTriste conclusão.
Malandro é capaz de se tornar ministro da Educação nesse lugar para tomar o café de graça...
ResponderExcluirParsifal
ResponderExcluirDuas coisas eu aprendi uma nos EUA e a outra na Europa, uma eu uso e a outra só hoje compreendo, nos EUA eu aprendi o give me please e na França eu aprendi que meu português eles desejam entender e o meu inglês eles se recusam entender!
MCB
Os franceses são mal educados mesmo. E chegam às raias da grosseria quando alguém quer falar em inglês com eles. Não é por causa dos EUA e sim por causa da Inglaterra, porque o Duque de Wellington, um inglês, bateu Bonaparte em Waterloo. Depois, como se não bastasse, a França, no começo da II Guerra, rendeu-se a Hitler e foi ocupada e Churchill comandou a resistência, sozinho, por quase dois anos e Hitler não conseguiu pisar em solo inglês.
ExcluirExatamente
ExcluirAdoro como o senhor fala do seu pai. Eu também lembro do meu com muito orgulho. Ele sempre cobrou dos filhos a educação que ele recebeu em sua casa (dos meus avós), com uma doçura firme. As palavrinhas mágicas (obrigada, por favor e com licença),jamais poderiam ser esquecidas. Eu e minhas irmãs somos aquele tipo que dá bom dia ao porteiro, agradece qualquer gentileza e tenta se colocar no lugar do outro em muitas situações. Segundo meu pai, isso nos permite ter clareza para tomar decisões. Como o senhor vê, nossos queridíssimos nem se conheceram, mas possuiam muita sabedoria diante da vida e que com certeza passamos aos nossos amadíssimos filhos. Isso faz a diferença.
ResponderExcluirA fineza no tratar com certeza faz uma enorme diferença. E educação só quem nos pode dar é a família. A escola só nos dá informação.
ExcluirMassa. Blz.
ResponderExcluirO tratamento aos brasileiros mudou muito em Paris, fiquei surpreendida qnd fui ano passado, pois até português os garçons falaram com a gente, e igualmente em inglês fomos bem tratados, diferentemente de quando fui em 2007, onde reinava arrogância e tínhamos que dar nosso jeito de sermos entendidos... Há males que vem para o bem e nada como uma crise e o crescimento dos turistas brasileiros pelo mundo, qq lugar é mais barato que o brasil.
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