Diz-se que nos sabemos velhos quando a saudade do passado é mais constante que as perspectivas futuras. Retruco que sou um ancião: para mim o futuro a Deus pertence e o meu coração é rico em reminiscências.
Aquele samba canção do Ataulfo, “Meus tempos de criança”, cai bem nessa postagem, que é uma singela homenagem a uma das “professorinhas que me ensinou o be-a-bá”.
Faleceu, aos 86 anos, na segunda-feira (26), a professora Raimundinha. Ela fazia parte de um seleto clube em extinção que foi além do magistério: era mestra no ofício de construir jovens através do ensino.
Os mestres sabiam os nomes de todos os seus alunos, onde moravam e conheciam os seus pais.
Preocupavam-se com a nossa higiene pessoal: verificavam se o uniforme estava limpo, o cabelo penteado e nos pediam para mostrar as mãos para conferir se as unhas estavam cortadas e limpas.
Hoje conceitos mudaram, valores se inverteram e as cidades ficaram impessoais. Encerrou-se o ciclo da educação romântica.
Minha filha que é oncologista contou-me que um paciente terminal, em uma conversa sobre a iminência da morte, declarou-lhe que a vida é um rodízio.
A transitoriedade da vida é singular, mas a existência é perene quando nos reproduzimos: todos os meus antepassados vivem em mim e eu viverei nos meus descendentes.
Este é o rodízio da vida: a regra pela qual os pais se esforçam para passar ensinamentos aos filhos, pois esses serão, geneticamente, eles.
Antigamente os pais tinham nos mestres do ensino um suporte essencial à formação dos filhos. Como eu fui aluno da professora Raimundinha tenho consciência de que ela foi uma das que colaborou para que eu porte algo de bom do que ela ministrou.
Meus sinceros sentimentos à família. Todos estamos em pêsames, afinal, na Tucuruí de outrora, todos éramos de uma mesma família.
Principalmente se você for um tucuruiense, clique aqui e leia uma breve história da ida mestra.
Obrigada pela homenagem e pelo carinho.
ResponderExcluirParsifal;
ResponderExcluirMe associo a você nesta bela homenagem à professora Raimundinha. Eu diria o mesmo de minhas primeiras professoras: Joana Vianna e Theodora Vianna, de quem sempre terei esta respeitosa e afetiva lembrança.
Deputado Parsifal, que "bela" homenagem, hoje infelizmente, a escola, deixou de ser nossa segunda casa, tenho infinitas recordações da minha primeira professora ,(que me ensinou o bê-a-bá)o contato era tão próximo, não eram somente mestras, até meu "pipo", a pedido de minha mãe, (sem que eu soubesse, poís era ensandecida por ele)foi ela com paciênia e carinho, que convenceu-me a abandonar, contando "causos" que aconteciam com crianças que os usava, sem fazer referência direta a mim. Quanto perdemos, já não se fazem mestres como antigamente. Que bom seria voltar aos tempos passados, nossos "pequenos", certamente teriam uma outra visão de mundo. Ainda há tempo. Abs.
ResponderExcluirTive o previlégio de fazer parte de um grupo de professores e gestores que, tal qual a Profª Raimundinha, tinham como ofício construir jovens através do ensino, no município de Tailândia. Porém...Pasmem...Não sou pedagoga! Sou "pedagojenta" - Pedagoga de nojente!!!!
ResponderExcluirCaro:
ResponderExcluirSempre comovo-me quando você, afrouxando as rédeas cartesianas, derrama o balde de suas reminiscências.
Acho que nós, beiradeiros do Tocantins, somos irremediavelmente felizes com nossos paneiros cheios de saudades.
Graças a Deus!
É meu amigo, apesar das gravatas e dos sapatos, no fundo, continuamos descalços e beiradeiros. E haja paneiro para as reminiscências. Mas, como dizia o Millôr (que também se foi), a droga é que a gente só morre uma vez e é pra sempre.
ExcluirParsifal, sou tucuruiense, atulmente moro em Xinguara. Fui aluno da professora Raimundinha, por isso associo-me as suas palavras.
ResponderExcluirAntonio Pereira Guimaraes
Do Livro Lírios e Delírios Volume I
ResponderExcluirAo Mestre Sem Carinho
Quem me chama me dando bom dia
Entre não faça sermão
Porem tenha a cortesia
E nada repare não
Em minha humilde escola
Alunos sentam no chão
Pois vivemos de esmola
Olhe dedicada mestra
Quero apenas meu saber compartilhar
Pois é tudo que ainda me resta
E não irei me arraigar
Senhor minha escola é de primaria instrução
Ensine em uma faculdade
Recebendo seu ganha pão
Saia do mato vá para cidade
Se teu conselho eu ouvisse
Apenas faria retorno
La ganhei essa calvície
E ainda muito transtorno
Arrefeceu a minha alma pouco a pouco
Como taralhão fui tratado
Tido como taralhouco
Só por ter me dedicado
Tirar qualidade de ensino
Do humano mata o intelecto
Negar condição de saúde
É para o corpo a cova destino
Porem aqui eu sei que é tudo correto
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>><<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<
É por isso que quem da os primeiros conhecimentos age com a coerência, pois sabe que jamais será esquecido, no caso em questão esquecida!
MCB
É Parsifal não se faz mais professores como antigamente.Concordo com as afirmações do texto.
ResponderExcluirParfisal obrigada pela homenagem, a minha avó ajudou a contruiu a pessoa que sou hoje assim como ajudou a construir um pouco de muitos tucuruienses.
ResponderExcluir