Hoje o blog faz-se àqueles obituários dos jornais de antigamente, mas, eu não poderia deixar de postar a morte, no final desta manhã, do cantor e compositor Pery Ribeiro, aos 74 anos, arrebatado por um infarto agudo do miocárdio.
Não é possível falar de Pery Ribeiro sem nos remetermos aos seus pais, um dos mais gloriosos casais da MPB: Dalva de Oliveira e Herivelto Martins, que produziram belíssimas composições, em um dos duelos de dolências mútuas mais profícuos do cancioneiro nacional.
Dalva e Herivelto fizeram parte dos sagrados nomes da MPB, em um ido tempo em que a música saia do coração e não da imposição mercadológica.
Pery Ribeiro foi um dos últimos moicanos daquela impagável geração que cantava e compunha para quem tinha extremo cuidado com os ouvidos. A sua voz sedosa e sem maiores pretensões sonoras, não teve como sobreviver ao mercado e, no ocaso, limitou-se a um nicho que vai morrendo, sufocado pelo barulho sem a poesia de antanho.
Abaixo, Pery Ribeiro canta uma das modinhas que seu pai, Herivelto, fez para Dalva, sua mãe, em uma das brigas homéricas do casal: “Caminhemos”, que veio a ser um clássico do samba canção, quase um bolero.
Em 1979, Pery Ribeiro veio se apresentar em Tucuruí e tive o prazer de transportá-lo no trecho Belém/Tucuruí/Belém. Pery ficou tão apaixonado por nossa cidade que chegou a me propor abrirmos conversações para uma casa de espetáculos em Tucuruí. Grande pessoa humana, que, assim como Agnaldo Rayol, outro grande artista, enquanto voávamos, faziam capela, cantando através de nossa freqüência privativa para bate-papos, privilegiando com exclusividade outros colegas aviadores que se encontravam em vôo. Que Deus o tenha, Pery! Que Deus lhe proteja Agnaldo!
ResponderExcluirBons tempos aqueles, Wilson. Dancei à voz de muitos desta turma na Boate do Zezé, na Lauro Sodré. O que é hoje no local da boate?
ResponderExcluirUm dos últimos que eu vi por lá foi o Altemar Dutra.
Caro Parsifal
ResponderExcluirAntigamente se fazia música, hoje produz-se barulho.
"Csminhemos" é um clássico do cancioneiro nacional, como afirmas. Herivelto (ainda ontem reverenciado no Jornal da Globo pelo Nelson Mota)foi uma "fábrica" de clássicos populares. Dalva, se me permite a correção, não compunha.Os amigos ajudavam-na no duelo, entre outros, o grande Ataulfo Alves.
Correções são sempre aceitas com agradecimentos. Fique sempre à vontade para faze-las. Neste caso, permita-me observar, eu não afirmei que Dalva compunha as canções, pois, de fato, ela não era compositora.
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