Nos ombros do poeta

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Como se não bastasse, vez em quando, roubarem os óculos do bronze do poeta Carlos Drummond, ele ainda serve de “cadeira” para os “meninos do Rio”.

Foto: “O Globo”

Comentários

  1. Deputado,
    Um poema premonitório?


    Os Ombros Suportam o Mundo
    Carlos Drummond de Andrade

    Chega um tempo em que não se diz mais: meu
    Deus.
    Tempo de absoluta depuração.
    Tempo em que não se diz mais: meu amor.
    Porque o amor resultou inútil.
    E os olhos não choram.
    E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
    E o coração está seco.

    Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
    Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
    mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
    És todo certeza, já não sabes sofrer.
    E nada esperas de teus amigos.

    Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
    Teus ombros suportam o mundo
    e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
    As guerras, as fomes, as discussões dentro dos
    edifícios
    provam apenas que a vida prossegue
    e nem todos se libertaram ainda.
    Alguns, achando bárbaro o espetáculo
    prefeririam (os delicados) morrer.
    Chegou um tempo em que não adianta morrer.
    Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
    A vida apenas, sem mistificação.

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  2. Esse moleque deveria ser retirado daí a tapas e pontapés...

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