Matéria assinada por Gabriel Manzano, no "Estado de São Paulo", analisa que apesar da corrupção estar na pauta da grande imprensa, atingindo Ministérios e ministros do governo de Dilma Rousseff, além da briga explícita dos partidos da base por cargos no segundo e terceiro escalões, a oposição não conseguiu pegar o tom e "não cresce nem aparece.".
O desarranjo intestinal que vive a oposição, a meu ver, não começa no governo Dilma e vem desde Lula, quando o PT, que apareceu e cresceu nela, passou a ser governo e a dupla PSDB-DEM, fornida nos oito anos de FHC, não conseguiu aprender, nos estreitos limites que lhes restou no parlamento, a tugir e mugir com eco e consequência.
O historiador Marco Villa revela que "os eleitores oposicionistas estão órfãos, o País está anestesiado. Vivemos uma anomia política, com uma sociedade civil invertebrada. A indignação contra a corrupção é pequena e, quando ocorre, tem prazo de validade curto". Ao que arremata o cientista político Jairo Nicolau: "Quando temos uma oposição que depende do escândalo para aparecer, já temos um problema grave".
Observa a matéria de Manzano um dado despercebido pelos que estudam a catatonia: 44 milhões de eleitores votaram na oposição nas últimas eleições. Estes votos elegeram nove governadores de Estado, só para falar dos executivos, e estão sem voz consequente que lhes repercuta a opinião.
Quando a oposição não se consegue compor para fazer frente ao governo e fazer a sua pauta ser eclodida, é sinal que o presidencialismo de coalizão, baseado no fisiologismo puro e simples, precisa ser redesenhado no Brasil.
O núcleo desta redefinição está na linha pela qual todos os que alcançam o poder se veem contingenciados a trilhar: a cautela com as suas próprias retrospectivas, que, no frigir da omelete, acaba por ter o mesmo gosto, seja qual for o partido que for o inquilino do palácio.
Na atual fase da República, os partidos só são diferentes enquanto não alcançam o poder. Uma vez no pódio, tornam-se cuspidos e escarrados o inquilino que acabaram de despejar.
Então é a velha história de trocar seis por meia dúzia. Dá tudo no mesmo e é tudo igual. O povo brasileiro tá ferrado.
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