Em 01.06.2009, um dia após a queda do Airbus da Air France no Atlântico, eu postei a notícia e, ao final, fiz a seguinte observação:
“Quando as mãos do comandante dirigiam as aeronaves, a maioria decidia desviar das tempestades, embora isto fosse provocar atrasos no voo.
Com a tecnologia embarcada nos aviões, e o cumprimento dos horários rigidamente estabelecidos, é um computador de bordo quem decide se uma aeronave entra em uma turbulência ou desvia dela.
O problema é que se delegou aos computadores de bordo medir, também, o imponderável: isto pode causar tragédias.”.
Na manhã desta sexta-feira, após analisadas as caixas pretas da aeronave, o Escritório de Investigações e Análises da França (BEA), divulgou um relatório preliminar, sem análise conclusiva, do que ocorreu em minutos imediatamente anteriores ao sinistro.
O relatório preliminar ratifica o que eu intuía um dia depois da queda: o Airbus enfrentou uma tempestade que estava além daquilo que fora projetado para combater e foi derrotada no embate.
A caixa preta revela que às 2h06min04s, o copiloto, já com a aeronave em turbulência, chamou a tripulação e confidenciou-lhe: "em dois minutos devemos atacar uma área mais agitada do que agora e devemos tomar cuidado lá.".
Dai para frente começa a via dolorosa do fatídico voo. A violência da procela enfrentada, revelada nos movimentos incontroláveis da aeronave dominada pelos vórtices, danificou a tecnologia embarcada que não mais ofereceu aos pilotos elementos que designassem suas providências: “às 2h12min02s, o copiloto diz: ‘eu não tenho mais nenhuma indicação" e o comandante responde: ‘não temos nenhuma indicação que seja válida’”.
Em 3m30s a tempestade, em movimentos bruscos e violentos, martirizou os passageiros e a tripulação do avião e os arrastou da altura de 35 mil pés ao encontro das águas do Atlântico.
Digam o que disserem e deem as causas que possam dar os relatórios vindouros. Restará sempre a advertência da causa latu sensu: se a decisão fosse contornar a tempestade, e na impossibilidade de faze-lo, retornar à porto seguro, a história poderia ter tido um final feliz.
Clique na imagem para ler a matéria sobre o relatório parcial do BEA.
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