A participação de Marina Silva na eleição presidencial teve como principal substrato a inserção de uma velada “agenda verde” na campanha de segundo turno.
Os dois candidatos guinaram ao musgo com a mal disfarçada intenção de conquistar os eleitores de Marina.
Embora o eleitor de Marina não seja necessariamente um “verde”, não há como o futuro, ou a futura, presidente da República apagar o discurso ambiental de um futuro governo.
O governo Lula que se finda, para emprestar credibilidade à tez verde que Dilma inaugurou, declara que 14 ministérios traçam um plano para controlar a expansão da fronteira agropecuária na Amazônia e, afirma o Gabinete, logo após o segundo turno será editado um decreto definindo o macrozoneamento Ecológico-Econômico da Amazônia Legal.
Gesta-se no decreto do zoneamento a divisão da Amazônia em dez regiões: o agronegócio estará restrito ao sul da floresta, onde já se consolidou o desmatamento; um trecho do centro geográfico amazônico será constituído como escudo para conter o avanço do arco de desflorestamento que poderá vir do sul; as áreas de vocação mineral serão mantidas e delimitadas a atuação de mitigação das mineradoras.
No centro-oeste do Mato Grosso e no leste de Roraima incentivar-se-á a pesca e a aquicultura: o intuito é que a pesca amazônica, que hoje produz 280 mil toneladas ao ano, passe a produzir 900 mil toneladas anuais.
Há ainda, no esboço do documento, a intenção de se criarem mecanismos que propiciem a criação de peixes em viveiros que incrementem a produção das atuais 45 mil toneladas para 5,7 milhões de toneladas por ano: um salto audacioso.
Resta à nação, através de seus representantes, vigiar para que estes arroubos eleitorais (implementar as medidas custarão dezenas de bilhões de reais) não se esvaiam no turbilhão governamental e, quando alguém for cobrar a agenda, não tenha como resposta o soslaio maroto daquela modinha do grande Humberto Teixeira: “Kalu, Kalu, tira o verde desses óios di riba d'eu…”.
Os votos não são de Marina, pois se ela tiesse sido candidata pelo PT ou pelo PSDB, não chegaria onde chegou. A sua união com o PV, foi o salto de qualidade. Inegável contudo seu desempenho, conhecimento, história e luta, e respeitável acima de tudo. Marina ainda chegaria mais longe se as lideranças regionais acreditassem, verdadeiramente em sua candidatura. No Pará, por exemplo, o próprio presidente de seu partido, candidato a Deputado Federal José Carlos Lima, fez campanha para a candidata do PT Dilma Russef. Ora, por sessa e outras, Marina Silva teve, no Pará, o mais baixo desempenho. Diga aí Parsifal, isso é assim mesmo? O cara deixa de apoiar a candidata de seu partido a Presidente da República, já no primeiro turno, pode ser considerado ético?
ResponderExcluirA questão é de fidelidade partidária, que não deixa de ser apreciada pelo ponto de vista de um código de ética que o filiado deve seguir.
ResponderExcluirCaro:
ResponderExcluirNão seria conveniente esquecer Marina? Ela, ao subir e acomodar-se na sua cerca viva (no muro seria anti-ecológico), optou pelo suicídio político.
Amanhã, decerto, será apenas uma remota lembrança.
A propósito, você tem alguma idéia sobre onde anda Heloisa Helena, a carbonária alagoana?
Você foi longe ao recordar Humberto Teixeira!... encheu-me de nostalgias da infância. Me fez lembrar de repente o imnpacto que, criança, causou-me o filme "O cangaceiro", melhor filme brasileiro que assisti há tantos anos. E a música?
ResponderExcluir"O zóio da cobra é verde/
hoje foi que arreparei/
se arreparasse a mais tempo/
não amava quem amei.../
Sodade, meu bem, sodade/
sodade do meu amor/
foi embora não disse nada/
nem uma carta deixou..."
Ah, mestre os descaminhos da memória são inimagináveis.
Obrigado por esse resgate.
Olá Ademir,
ResponderExcluirDesculpe não responder de pronto: ocupado com a tal prestação de contas de campanha.
Concordo quando a Marina: ela deveria se ter posicionado, nem que adotasse uma postura crítica para tal. Neutralidade ou imparcialidade em política é uma quimera.
Quanto ao Humberto Teixeira, considero-o um dos mais talentosos compositores do cancioneiro nordestino que escorreu pelo Brasil: um colosso.
O que seria do velho Gonzaga sem ele...
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