Tenho ótimas recordações de Marabá. Elas não são recentes e estão vinculadas a uma Marabá que não mais existe, cujo centro gentílico era a Praça Duque de Caxias.
Sempre que vou à cidade vou lá, mas, como outra praça da minha infância, em Tucuruí, a Duque de Caxias que eu conheci arrebatou-se na convulsão do tempo.
Ontem perambulei por Marabá antes de seguir meu rumo à Belém. Ao fim da tarde a cidade se mostrou algo agoniada: parece que não respira.
Suja e mal cuidada, espremida entre a pujança de um porvir que já chegou e um caos urbano que se instalou ao preço do seu futuro, Marabá é a mais perfeita tradução da falta de capacidade da nossa geração de políticos, eu incluso, de concatenar riqueza financeira com desenvolvimento social.
A impressão é que as pessoas estão muito ocupadas em ganhar dinheiro e deixam a tarefa de fazer da cidade um lar para outro tempo.
É angustiante reparar o contraste das construções (algumas de duvidoso gosto) que se erguem em Marabá, revelando a ebulição da sua contemporaneidade, e o completo descompasso disto com a falta de cuidado com o espaço urbano.
Enquanto nós não encontramos uma maneira de dar proporcionalidade a este sistema, vamos ter cidades caóticas em meio a uma bem coordenada exploração de riquezas que, para acontecerem, espalham tufões onde se instalam.
Ainda vale para nós aquela nervosa modinha do Caetano:
Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Motos e fuscas avançam
Os sinais vermelhos
E perdem os verdes
Somos uns boçais...
marabá está mesmo um caos urbano.
ResponderExcluirLessa
Parsifal, em poucas palavras você conseguiu dizer o que sinto quando ando por Marabá, onde moro, e nunca consegui traduzir.
ResponderExcluirServiço público aqui? Tá brincando.
ResponderExcluirAqui em Marabá não se sabe o que e nem quem é prefeito.
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