James Lovelock: sem expectativas
Em entrevista à BBC, o cientista britânico James Lovelock, 90 anos, dá um tom apocalíptico a nossa era.
Autor da Teoria de Gaia e um dos precursores do movimento ambientalista, Lovelock está cético e afirma que “mudar os hábitos para tentar salvar o planeta é uma bobagem. A coisa mais sensível a se fazer é aproveitar a vida enquanto podemos.”
Pondera o cientista que a humanidade não "decidiu aquecer o mundo deliberadamente", mas "puxou o gatilho", inadvertidamente, ao desenvolver sua civilização da maneira como conhecemos hoje.
Para Lovelock, a busca por formas de energia renováveis é "uma mistura de ideologia e negócios", mas sem "uma boa engenharia prática por trás".
Confesso que, como Lovelock, não vejo raio de manobra para mudanças radicais nos hábitos da humanidade, e reconheço que ao ponto em que chegamos, não é possível voltar o projétil ao fuzil.
Discordo, todavia, do hedonismo contido na sua tese: não acho que devamos nos resignar ao fim e aproveitar o que nos resta, porque muito ainda nos resta.
E o que nos resta é encontrar, através da ciência e da tecnologia, maneiras de mitigar os estragos que virão, fornecendo ao planeta meios de readaptação, para que a nossa espécie continue reinando sobre ele.
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