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Turvos ventos velas não sopram - V

erros

A reeleição do deputado Domingos Juvenil na presidência da mesa diretora da Assembleia Legislativa do Pará esgarçou a relação do PMDB com o PT: por conta de não aceitar um vice-presidente do PSDB na mesa da ALEPA, a governadora Ana Júlia inclinou um pote prenhe de mágoas.

 

O PMDB tinha uma missão: manter a presidência do Poder Legislativo arredando o PSDB da vice-presidência, sem desfazer com este o vinculo tático do plenário.

 

Os 10 deputados do PSDB importavam na governabilidade tanto do Executivo quanto do legislativo, mas, a miopia do Palácio dos Despachos sempre leu a aproximação tática do PMDB com o PSDB como índice de uma aliança estratégica, visando as eleições de 2010.

 

Enquanto o PMDB girava o tear para resolver a questão, o Palácio dos Despachos imaginou que poderia derrota-lo: os detalhes desta empreitada estão escritos nas “Crônicas da eleição na ALEPA”.

 

A manutenção do deputado Juvenil na presidência da Assembleia se fez a despeito da vontade da governadora. Decidiu-se, então, que se deveriam tomar providencias para resguardar o espaço do PMDB no Poder Legislativo.

 

O governo, achando que poderia ter tudo, acabou ficando com nada: o preço para afastar o PSDB da 1ª vice-presidência do Palácio da Cabanagem foi negociar com o partido a presidência de uma das duas mais importantes comissões da Casa.

 

O líder do governo, deputado Airton Faleiro, avisou o Palácio dos Despachos da iminência de este ficar sem a Comissão de Constituição e Justiça, CCJ.

 

O governo, ao invés de providenciar o reatamento da aliança com o PMDB, visando não perder o comando da CCJ, preferiu talvez, por estar chegando o Natal, que o Papai Noel lhe desse a solução do imbróglio de presente.

 

Reabertos os trabalhos da Assembleia em 2009, Ana Júlia, sem querer ter com o PMDB, usou o seu líder para lhe escamotear as intenções: mais uma vez, a inexperiência do Palácio dos Despachos fez o governo perder manejo dentro do Palácio da Cabanagem.

 

O PMDB providenciou uma defesa contra o ostracismo que o governo lhe desejava impor.

 

A providencia seria vetar ao PT a Comissão de Justiça e a Comissão de Finanças: a inteligência preventiva do governo, se é que ali existe alguma, não intuiu que tal movimento poderia imobiliza-lo.

 

Na véspera da eleição das comissões, Ana Júlia convidou o deputado Jader Barbalho ao Palácio. Este me avisou da ligação da governadora e convidou-me a acompanhá-lo.

 

No caminho, comentei que a governadora nos faria profissão de fé, prometeria o espaço que nunca dera, a devolução do que tomou, e algumas estrelas do firmamento, mas, no núcleo do assunto, estaria a presidência da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa, que seria reivindicada ao PT.

 

Depois de conseguido o intento, como sempre, o governo esqueceria a parte que lhe coubera no acordo.

 

Presentes no gabinete estavam o líder do governo Airton Faleiro, o chefe de gabinete Claudio Puty e o presidente do PT, João Batista.

 

Ao ver este panorama pensei: viemos perder tempo aqui. Quando um chefe de governo quer ter uma conversa consequente, não convoca plateia.

 

Depois de mais de duas horas de amenidades, levantamos: a governadora e o deputado Jader delegaram ao Puty e a mim, a conversa sobre o futuro da aliança.

 

Ao me encaminhar à porta, o líder do governo, vendo que o assunto central da entrevista não tinha sido tocado pela governadora, não resistiu: perguntou como trataríamos, "amanhã", a questão das comissões.

 

Vendo que aquele gabinete estava institucionalmente mais vazio que o vácuo, esquivei-me do bote dizendo que "amanhã veríamos".

 

Quando o "amanhã" amanheceu, providenciamos a eleição da deputada Simone Morgado para a presidência da Comissão de Finanças e entregamos a presidência da Comissão de Justiça ao PSDB, que indicou para presidi-la o deputado Bosco Gabriel.

 

O PT esperneou, alegando que combináramos com o governo manter-lhe na CCJ: fomos tachados de traidores e o próprio líder do governo, que a tudo assistira na véspera, deixou que assim se pensasse.

 

Estava quebrado, imediatamente após eleição das duas comissões, mais um elo da corrente que unia o PMDB ao PT.

 

O PMDB jamais quebrou um compromisso que não fora sequer instado a fazer.

 

Continua na segunda-feira

 

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Comentários

  1. Caro Parsifal, parabens pelo ótimos textos. Assim fica claro para aqueles que não participaram do processo, entender o motivo de uma possível ruptura no apoio ao PT que, no meu entendimento, é necessária ao desenvolvimento deste estado.

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  2. Prezado Parsifal, gostaria que vc, num momento oportuno, analisasse o funcionamento do sistema de saúde dos servidores estaduais (PAS ou plano Asist) quanto às cotas de consultas ofertadas, em especial aos idosos e crianças, que são de apenas 10 consultas durante 12 meses, ou seja, insuficientes, dada que a média fica em menos uma consulta ao mês (contando com o retorno que cada consulta garante e que não pode passar de um mês), para pessoas que se encontram em faixas etárias mais vulneráveis a doenças.
    Há também as limitadíssimas cotas para exames, como é o caso da ressonância magnética: apenas uma durante um ano ou de ultra-sonografia: duas durante os doze meses, dentre outras. Isto é, acabando essas cotas, há até a possibilidade de conseguir uma ou outra, mas o processo para isso é um calvário, já envolve laudos e esperas, tendo de atravessar um cipoal burocrático. O que gera insatisfação e desistências, acabando em idas para a iniciativa privada e até para o SUS.
    Por fim, o atendimento lento e rudimentar que tal plano ainda oferece aos seus usuários em pleno século XXI, além dos “quase monopólios” exercidos por algumas clinicas e hospitais em especialidade médicas, que perduram há anos.
    De um Servidor estadual leitor de seu blog.

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  3. Ao anônimo das 09:11:00,

    Obrigado.

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  4. Ao anônimo das 22:29:00,

    Vou procurar me apropriar do assunto para fazer uma postagem.
    A questão dos planos de saúde são complexas na nossa legislação, que não prima por proteger o segurado.

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  5. PT, Oh PT! Onde Estais Que Não Responde?!
    No final do ano passado, nós filiados do Partido dos Trabalhadores de Tucuruí, participamos da maior festa da DEMOCRACIA que um partido político SOCIALISTA jamais viu na sua história, o PED – Processo de Eleição Direta para RENOVAÇÃO do nosso quadro de dirigentes internos, tanto a nível Nacional quanto Estadual e Municipal. Cada CHAPA defendendo a sua tese, onde, os princípios e fins que julgavam serem certos e necessários para por um fim (ou pelo menos amenizar) a crise interna que se instalara desde que chegamos ao poder – tanto a nível Nacional quanto Estadual – passamos a nos engalfinhar por cargos, mordomias e regalias, nos afastamos dos movimentos sociais, não honramos mais bandeiras de luta que sempre defendemos como, por exemplo, as questões relacionadas à terra (afinal, nem só de tratores vive o homem do campo!); a defesa da soberania regional, com o debate sobre o controle da CVRD e seus projetos que tanto sugaram e sangraram nossa gente.
    Ocorre que aqui em Tucuruí, a chapa que conseguiu garimpar uma maioria mais expressiva de votos – e por isso mesmo foi conclamada vencedora, tendo a frente como Presidente do Diretório Municipal, o Vereador Jones William – até o momento não deu o ar de sua graça! Já estamos no meio do primeiro semestre do ano de 2010 e ate agora nem ao menos satisfação a nós filiados foi dada sobre o quanto mais teremos que esperar para conhecermos as “novas caras” do nosso “novo” Diretório e Executiva. Será que teremos que fazer como no pleito passado onde foi necessário – fazendo uso do estatuto no seu artigo 77 – convocarmos o diretório em caráter extraordinário para deliberar sobre o processo eleitoral daquele tempo (biênio 2008/2009)? Lembram-se disso?
    O fato de o novo diretório ainda não ter sido empossado deve ser em função de fatores isolados que hora se manifestam sob as cabeças de nossas iluminadas lideranças. Pois, bem sabemos a carga excessiva que é os entraves e joguetes políticos que se desenrolam nos bastidores de uma pré-campanha eleitoral (Nacional e Estadual). Bem sabemos, também, e temos plena consciência do grau de responsabilidade e exaustão que é querer ser um parlamentar “do bem” em um município que se acostumou à velha política viciada dos caciques e marajás. Isso me faz lembrar algo que eu mesmo disse durante a campanha do PED, no afã das disputas e conflitos internos que marcaram a mesma: querer ser parlamentar e presidente do PT é não querer ser nem uma coisa nem outra. Os motivos que me levaram a tais palavras foram exatamente estes que agora presenciamos um partido sem norte. A deriva em plenas vésperas de eleições nacional e estadual, de convenção estadual onde, inclusive, se decidirá o futuro tanto da governadora enquanto candidata a reeleição como, também, os nomes dos nossos candidatos a deputados Federais e Estaduais.
    Ou seja, estamos colocando a carroça na frente dos bois! Primeiro vem os princípios organizativos, pelos quais sempre lutamos, em seguida os diálogos e articulações e por fim (mas nem por isso menos importante) as contradições e conflitos internos pelos quais sempre seremos criticados enquanto petistas que somos.

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  6. PT, Oh PT! Onde Estais Que Não Responde?!
    No final do ano passado, nós filiados do Partido dos Trabalhadores de Tucuruí, participamos da maior festa da DEMOCRACIA que um partido político SOCIALISTA jamais viu na sua história, o PED – Processo de Eleição Direta para RENOVAÇÃO do nosso quadro de dirigentes internos, tanto a nível Nacional quanto Estadual e Municipal. Cada CHAPA defendendo a sua tese, onde, os princípios e fins que julgavam serem certos e necessários para por um fim (ou pelo menos amenizar) a crise interna que se instalara desde que chegamos ao poder – tanto a nível Nacional quanto Estadual – passamos a nos engalfinhar por cargos, mordomias e regalias, nos afastamos dos movimentos sociais, não honramos mais bandeiras de luta que sempre defendemos como, por exemplo, as questões relacionadas à terra (afinal, nem só de tratores vive o homem do campo!); a defesa da soberania regional, com o debate sobre o controle da CVRD e seus projetos que tanto sugaram e sangraram nossa gente.
    Ocorre que aqui em Tucuruí, a chapa que conseguiu garimpar uma maioria mais expressiva de votos – e por isso mesmo foi conclamada vencedora, tendo a frente como Presidente do Diretório Municipal, o Vereador Jones William – até o momento não deu o ar de sua graça! Já estamos no meio do primeiro semestre do ano de 2010 e ate agora nem ao menos satisfação a nós filiados foi dada sobre o quanto mais teremos que esperar para conhecermos as “novas caras” do nosso “novo” Diretório e Executiva. Será que teremos que fazer como no pleito passado onde foi necessário – fazendo uso do estatuto no seu artigo 77 – convocarmos o diretório em caráter extraordinário para deliberar sobre o processo eleitoral daquele tempo (biênio 2008/2009)? Lembram-se disso?
    O fato de o novo diretório ainda não ter sido empossado deve ser em função de fatores isolados que hora se manifestam sob as cabeças de nossas iluminadas lideranças. Pois, bem sabemos a carga excessiva que é os entraves e joguetes políticos que se desenrolam nos bastidores de uma pré-campanha eleitoral (Nacional e Estadual). Bem sabemos, também, e temos plena consciência do grau de responsabilidade e exaustão que é querer ser um parlamentar “do bem” em um município que se acostumou à velha política viciada dos caciques e marajás. Isso me faz lembrar algo que eu mesmo disse durante a campanha do PED, no afã das disputas e conflitos internos que marcaram a mesma: querer ser parlamentar e presidente do PT é não querer ser nem uma coisa nem outra. Os motivos que me levaram a tais palavras foram exatamente estes que agora presenciamos um partido sem norte. A deriva em plenas vésperas de eleições nacional e estadual, de convenção estadual onde, inclusive, se decidirá o futuro tanto da governadora enquanto candidata a reeleição como, também, os nomes dos nossos candidatos a deputados Federais e Estaduais.
    Ou seja, estamos colocando a carroça na frente dos bois! Primeiro vem os princípios organizativos, pelos quais sempre lutamos, em seguida os diálogos e articulações e por fim (mas nem por isso menos importante) as contradições e conflitos internos pelos quais sempre seremos criticados enquanto petistas que somos.

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